SAUDADE

COMPOSIÇÃO

1913 (Circa)

1ª PUBLICAÇÃO

1913

Saudade, valsa publicada em 1913 pela Casa Vieira Machado & Cia., "dedicada a Exma. Sra. D. Maria Ambrosina da Motta Resende, como prova de alta consideração". 

Segundo o biógrafo Luiz Antonio de Almeida, D. Ambrosina (conhecida por D. Mariquinhas) nascida em 1837, "projetou-se entre as personalidades femininas mais importantes da alta sociedade imperial; tendo sido, inclusive, com seu marido, representante do nosso país na Exposição Internacional da Indústria, no Machinery Hall de Philadelphia, Estados Unidos da América, no ano de 1876; quando, então, se deu o célebre encontro de D. Pedro II com Alexander Graham Bell, o inventor do telefone."

O biógrafo também afirma que Nazareth foi professor de duas de suas netas, Angélica da Motta Resende e Amélia de Resende Carrão, e também de Laura Figueiredo de Souza e Mello, prima destas (que diziam ser, na opinião do próprio compositor, a sua melhor intérprete). D. Ambrosina dispensava especial atenção a Nazareth, vindo a ser uma espécie de benfeitora do compositor. Em entrevista a Luiz Antonio de Almeida, o sobrinho bisneto de D. Ambrosina relatou: "Certa vez, surgiu a oportunidade do Ernesto Nazareth comprar um excelente piano, um Pleyel de ¼ de cauda, por dois contos de réis. E que, segundo ele, tratava-se de um instrumento excepcional, uma oportunidade única. E ele o queria muitíssimo, não tendo, contudo, naquele momento, o dinheiro para compra-lo... Ou só parte do dinheiro, os dois contos, talvez... Foi, então, procurar tia Mariquinhas, irmã de meu bisavô, João Nery da Motta Teixeira, para que ela comprasse o piano para ele e que ficasse com o instrumento até o dia em que ele tivesse os dois contos para ressarci-la. E assim ficou acordado entre os dois. E o tempo foi passando... Passando... Tendo o compositor, inclusive, vindo a conseguir a tal quantia. Mas o caso teve um desfecho inesperado, pois como já havia se passado um certo tempo e as netas de tia Mariquinhas se apegado ao instrumento, ela pediu ao compositor, com muita amabilidade, para que deixasse o piano na chácara; sendo o pedido prontamente atendido".

Almeida também registra o seguinte fato: "durante o velório de Mariquinhas, que faleceu próxima dos 84 anos, Ernesto depositou dentro do caixão da pranteada amiga, amarrada com uma fita, a partitura de Saudade, uma das duas músicas (a outra é Êxtase) que o Nazareth a ela dedicou". 

Até 2012, Saudade recebeu pelo menos 7 gravações.