COMPOSIÇÃO
1914 (Circa)
1ª PUBLICAÇÃO
1914
Apanhei-te, cavaquinho, polca publicada em 1914 pela Casa Mozart, dedicada "ao distinto e particular amigo Juracy Nazareth de Araújo", compositor amador. O título faz referência a uma expressão da época, em que se pega alguém em flagrante. Os acordes da mão esquerda são executados à maneira de um cavaquinho e a direita imitaria uma flauta. É um dos maiores sucessos de Ernesto Nazareth, tendo recebido pelo menos 281 gravações até 2012, e 5 letras. Também foi gravado pelo próprio autor em 1930. Além disso, foi uma das 4 peças citadas por Darius Milhaud em seu balé Le boeuf sur le toit (O boi no telhado), sendo as outras Escovado, Ferramenta e Carioca.
Letra de Darci de Oliveira e Benedito Lacerda
1ª parte
Inda me lembro do meu tempo de criança
Quando entrava uma dança toda cheia de esperança
De chinelinha e de trança com Mané José da França
Nunca tive na lembrança de rever este chorinho
E hoje ouvindo neste choro a voz do pinho
Relembrando o bom tempinho da mamãe e do maninho
Hoje sou ave sem ninho, sem família, sem carinho
Mas sou bem feliz ouvindo o Apanhei-te Cavaquinho
2ª parte
Hoje cantando o Apanhei-te Cavaquinho
Fico louca, fico quente fico como passarinho
Sinto vontade de cantar a vida inteira
E esta vida eu levo de qualquer maneira
Ouvindo a flauta, o cavaquinho, o violão
Eu sinto que o meu coração
Tem a cadência de um pandeiro
Esqueço tudo e vou cantando o ano inteiro
Este chorinho que é muito brasileiro
Letra de Baldomán
1ª parte
Um cavaquinho, cabecinha pequenina, no formato dum oitinho,
De boquinha redondinha, de pescoço compridinho, orelhinha cravelhinha,
De madeira o terninho, gravatinha de cordinha, falou:
Sou miudinho, tenho quatro "cordazinha", mas dou vida ao chorinho,
Sou o molho do sambinha! "Seu" pandeiro, cuidadinho!...
Tome tento, ó flautinha!... "Seu" piano, diga ao pinho: cavaquinho já chegou!
2ª parte
Ó cavaquinho malcriado, deu o brado, indignado, o piano:
Seu mesclado, sem teclado, vilão!
Ó cavaquinho, te arrebento , seu rebento de instrumento, ruge o pinho.
Seu safado, mascarado, não!
A dona flauta, com a prata mais vermelha que centelha,
Num trinado, engasgado, disse apenas: bufão!
"Seu" pandeiro, vibra o guizo ao cavaco, facão
Eu te bato, eu te piso, seu tustão!
3ª parte
O cavaquinho envergonhado deu no pé, pé, pé, aprendeu a lição, ão, ão.
Que não se brinca em seresta, nem se ofende ninguém!...
Que não se zomba do mais velho, também!
Mas cavaquinho arrependido voltou lá, lá, lá,
E pediu pra ficar, ar, ar, e, humilde, aprendeu, eu, eu
A respeitar os do lugar! ah!
Letra de Nara Leão
1ª parte
Com esse chorinho, o Apanhei-te Cavaquinho,
Meu piano tão certinho vai seguindo seu caminho
E a viola na calçada vai ficando encabulada,
Vai tentando, vai tocando, mas tão longe do chorinho
E sendo assim eu vou tocando à minha moda
Nem te ligo não dou bola, nem escuto essa viola
Vou seguindo em disparada nessa noite enluarada
Preparei-te uma surpresa e apanhei-te cavaquinho!
2ª parte
Um choro que cantava só saudades, tristezas, temores
Hoje não sabe o que é viver a vida, esqueceu-se dos amores
Eu acho graça ao ver alguém lá fora, sofrer e a chorar
Hoje nada ele consegue, nem sequer me acompanhar
1ª parte
E o meu chorinho vai seguindo seu caminho,
Caminhando de mansinho, o Apanhei-te Cavaquinho
E o piano ele é sabido, e o piano é meu amigo,
mais esperto, inteligente que qualquer violãozinho
E sendo assim eu vou tocando à minha moda
Nem te ligo não dou bola, nem escuto essa viola
Vou andando disparado, vou na frente e sozinho,
Desta vez eu te apanhei mas apanhei-te cavaquinho!
3ª parte
Anda depressa pode ser que me apanhe
E que ainda me acompanhe
Nessa dança que eu marco o passo,
E que vou variando o compasso
E copiando ele quer ver como é que eu faço
Vai tentando aprender
Como tocar um bom chorinho
Mas te apanhei meu cavaquinho
1ª parte
E o meu chorinho vai seguindo seu caminho,
Caminhando de mansinho, o Apanhei-te Cavaquinho
Vai andando disparado, vai na frente vai sozinho,
Desta vez eu te apanhei mas apanhei-te cavaquinho!
Letra de Paulinho Garcia
1ª parte
Esse Chorinho que hoje todo emocionado,
Com o coração apertado eu escuto novamente,
Numa forma diferente ele vem trazer de novo
A saudade do meu povo, aquela gente que eu nunca esqueci.
Inda criança apanhei-te, cavaquinho
E entre sambas e chorinhos eu deixava minha mente
Viajar devagarinho outras terras e outras gentes
E a saudade era somente uma rima em um samba canção.
(instrumental)
1ª parte
Já não existe o boteco da esquina
E o samba e o chorinho encontraram novas rimas,
E o mundo é diferente e a saudade é diferente
Ou quem sabe simplesmente o que é diferente aqui sou eu.
O que não muda é este coração Brasileiro,
Que ouve cheio de alegria o chorinho verdadeiro
Que a flauta do maestro Altamiro agora traz;
Lembranças e saudades do meus tempos bons em Minas Gerais
Letra cantada pelas Dinning Sisters no desenho A culpa é do samba (Blame it on the samba) (Disney, 1948):
(introdução)
If your spirits have hit a new low
And they long to hit a new high
One little musical cocktail
Will lift them to the sky
Mix a jigger of rhythm
With a strain of a few guitars
And a dash of the samba
And a few melodious bars
And then, and then
(1ª parte)
You take a small cabassa (chi chi chi chi chi)
One pandeiro (cha cha cha cha cha)
Take the cuíca (choo choo choo choo)
You've got the fascinating rhythm of the samba
And if guitars are strumming (chi chi chi chi chi)
Birds are humming (cha cha cha cha cha)
Drums are drumming (choo choo choo choo)
Then you can blame it on the rhythm of the samba
(2ª parte)
For there is something 'bout the beat you cling to
That's the type of song you sing to
That's the kind of thing you swing to
When you get to bouncing with the beat in your feet
But when you're bouncing to the beat you're reeling
With the carioca feeling
But if you want to hit the ceiling
Here is all you have to do
(1ª parte)
You take a small cabassa [...]
Letra de Jacques Plante, em francês cantada por Rose Mania e conjunto no 78-RPM Polydor 560141:
Il écoutait Cavaquinho
C'était à Saint Barbarina
Il s'ennuyait au casino
En sirotant un quinquina
Il aperçut Anna
Devant un Cinzano
Elle portait de grands anneaux
Comme une vraie Gitana
Il lui chanta Cavaquinho
Car pour chanter cet air, on n'a
Pas besoin d'imiter Tino
Ou d'être une prima dona
Et elle fredonna
Sans être soprano
Ce doux refrain qui les unit : Cavaquinho !
Elle apprit que Cavaquinho
Naquit dans une île inconnue
Dont le nom se termine en o
Et qu'il n'avait pas retenu
Les filles demi-nues
Qu'on nomme "Vahinés"
Le chantent à longueur de journées
Sur le grand bleu de la nue
Mais de cette île abandonnée
Où l'on n'aborde qu'en canot
Dont les palmiers sont inclinés
Sur le miroir d'une pleine eau
Un jour, Cavaquinho
S'enfuit en vol plané
Avec le rythme et le parfum d'où il est né
Il lui dit : Ça se danse ainsi
Un deux, un deux, un deux
Il crut bon d'ajouter aussi
Vous apprenez vite !
- Merci !
Comment donc appelez-vous ça ?
- C'est la samba ! Ha ha !
Il fallait le dire tout d' suite !
La samba, je n'ai toujours dansé que ça !
Il dit : Je m'appelle Bruno, ho ho !
Et moi Anna
Déjà vous me plaisez, Bruno
Déjà je vous aime, Anna
Ils s'en allèrent à Hono-
-lulu, Anna et lui
Ils partirent le soir même
Pour danser Cavaquinho toutes les nuits
C'est prodigieux Cavaquinho
Il suffit de le fredonner
Ça fait marcher les cheminots
Ça fait dormir les nouveau-nés
Même les Japonais
Disent Cavaquinho
Pour surprendre en catimini
Une belle en kimono
Je me souviens d'avoir connu
Une enfant brune au frais minois
Qui répétait Cavaquini
Et qui le savait en chinois
Vous voyez maintenant
Qu'on ne peut s'étonner
Que tout le monde se mette à cavaquiner
Comme ils n'étaient qu'accoquinés
C'est quand il lui passa l'anneau
Qu'à tout jamais fut couronné
L'amour d'Anna et de Bruno
Elle s'était donnée
Il lui donna son nom
Bien sûr, elle n'a pas dit non
Mais elle était étonnée
C'est donc grâce à Cavaquinho
Que nos amis se sont unis
Ils s'aiment comme deux moineaux
Comme deux moineaux dans un nid
N.I. ni, c'est fini !
Ce n'est pas très finaud
Mais c'est cela Cavaquini Cavaquinho
Cavaquinho !
Tradução (agradecimentos a Ariadne Paixão e Daniella Thompson):
Ele escutava cavaquinho
Era em Santa Barbarina
Ele se entediava no cassino
Tomando uma quinquina
Ele viu Ana
Na frente de um Cinzano
Ela usava anéis grandes
Como uma verdadeira cigana.
Ele cantou pra ela Cavaquinho
Mas pra cantar essa canção,
Não é preciso imitar Tino
Ou ser uma prima dona
E ela cantou baixinho
Sem ser uma soprano
Esse doce refrão que os uniu: Cavaquinho!
Ela aprendeu que Cavaquinho
Nasceu numa ilha desconhecida
Cujo nome se termina em “o”
E ele não guardou.
As moças seminuas
A que chamamos de “Vahinés”
O cantam ao longo dos dias
Sobre o grande azul da nua
Mas essa ilha abandonada
Onde só se chega de canoa
Onde os coqueiros são inclinados
Sobre um espelho d´água.
Um dia, Cavaquinho
Foge num voo
Com o ritmo e o perfume de onde nasceu
Ele lhe diz: isso se dança assim
Um dois, um dois, um dois
Ele achou bom acrescentar
Você aprende rápido!
- Obrigada!
Então como isso se chama?
Isso é samba! Há há!
Tinha que dizer rapidamente!
O samba, eu sempre só fiz dançá-lo!
Ele diz: me chamo Bruno, ho ho!
E eu Ana
Você me agrada, Bruno
E eu gosto de você, Ana
E eles foram a Honolulu
Partiram naquela mesma noite
Pra dançar Cavaquinho todas as noites.
É prodigioso Cavaquinho
Basta cantarolar baixinho
Faz marchar os ferroviários
Faz dormir os recém-nascidos
Até os japoneses
Chamam Cavaquinho
Pra supreender devagarinho
Uma bela de quimono
Eu me lembro de ter conhecido
Uma criança morena de rostinho fresco
Que repetia Cavaquini
E que o sabia em chinês
Veja você agora
Que não nos surpreenda
Que todo mundo comece a cavaquinhar
Como eram apenas amantes
Foi quando ele lhe deu um anel
Que para sempre foi coroado
O amor de Ana e Bruno
Ela se entregou
E ele lhe deu seu nome
Claro que ela não disse não
Mas ela ficou surpresa
Foi graças ao Cavaquinho
Que nosso amigos se uniram
E se amam como dois passarinhos
Como dois pássaros num ninho
N.I. ni, c´est fini! (sem tradução)
Não é um bom final
Mas assim é Cavaquini Cavaquinho
Cavaquinho!