EULINA

COMPOSIÇÃO

1889 (Circa)

1ª PUBLICAÇÃO

1889

Eulina, polca-lundu publicada em 1889 por Fontes & Cia., "dedicada a sua filhinha".

Eulina de Nazareth (1887-1971), a primeira dos quatro filhos de Ernesto e Theodora Amália, foi professora de ensino fundamental no Rio de Janeiro do início do século XX, notável por incluir de modo pioneiro a educação musical no ensino infantil, através de corais. Isto foi antes da reforma estudantil no Estado Novo que permitiu a Villa-Lobos organizar o ensino musical nas escolas por meio do canto orfeônico. Posteriormente, com a criação da Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA), Eulina foi nomeada para o cargo de adjunta do maestro Francisco Braga (1868-1945).

Segundo o biógrafo Luiz Antonio de Almeida, Eulina se tornou professora da Escola Pedro II em 1919 e posteriormente diretora (esta escoal não deve ser confundida com o famoso Colégio Pedro II). No pátio deste colégio, todos os dias antes das aulas Eulina ensaiava diversas canções com os alunos, dentre hinos e músicas folclóricas, e ao piano por vezes encontraríamos seu pai, acompanhando tudo com grande entusiasmo. Nazareth inclusive chegou a compor três canções escolares para serem cantadas nessas ocasiões: o Hino da Escola Pedro II (composto em 1920), o hino infantil Fraternidade (que sobreviveu em um manuscrito incompleto, contendo apenas melodia e letra), e a marcha infantil No Jardim (em três partes), todos inéditos em gravação comercial. A partir de 1929, o educandário passou a se chamar Escola José de Alencar, e atualmente existe como Escola Amaro Cavalcanti.

Ernesto tinha Eulina em grande estima, e dedicou a ela a Elegia para piano (para ser tocada inteiramente com a mão esquerda), além da polca Eulina. Esta polca possuía o subtítulo de polca-lundu no manuscrito autógrafo, um exemplo comum de hibridização de gêneros que Nazareth fazia, porém apenas o primeiro termo foi mantido para publicação. Eulina é uma peça singela, com ares de canção de ninar, coerente o fato de a homenageada ter apenas seis anos quando a peça foi publicada. 

Segundo o biógrafo Luiz Antonio de Almeida, por volta de 1917 Eulina sai de casa para viver com a professora gaúcha Maria Mercedes Mendes Teixeira, o que resulta em um escândalo para a família. Com o tempo, Maria Mercedes, com seu caráter e conduta irrepreensíveis, conquista a simpatia e alguma compreensão de Ernesto e Theodora Amália, chegando a ser parceira do compositor em sete músicas, na condição de letrista.

Juntamente com Maria Mercêdes Mendes Teixeira, Eulina cuidou de seu pai nos últimos anos de vida até sua internação na Colônia Juliano Moreira, em 1933, em decorrência de ter contraído sífilis. Em 1932 acompanhou-o em sua turnê ao Rio Grande do Sul, onde daria seus últimos recitais.