OS MAXIXES NO EXTERIOR (PARTE 1): O CASO DE LA MATTCHICHE
Alexandre Dias 05.08.2012
Nas partes 1, 2 e 3 da trilogia sobre o maxixe Dengoso vimos que esta peça é um caso sui generis na história da música brasileira, sendo possivelmente o primeiro hit brasileiro internacional, a partir de 1913.
Porém Dengoso pegou carona em um fenômeno muito maior: a febre do maxixe no exterior.
No texto de hoje começaremos a ver as diversos pistas que o maxixe deixou no exterior.
Você já ouviu esta música?
Esta marcha que talvez lhe soe familiar tem muitos nomes, sendo mais conhecida como La Mattchiche (tradução de “O maxixe” para o francês). Para acessar a partitura completa, clique aqui
La Mattchiche representa um elemento chave na história do maxixe no exterior, e sua trajetória complexa constitui um verdadeiro labirinto musical, passando por diversos arranjadores, letristas (com letras em pelo menos cinco idiomas), teatros de revista, plágios e uma briga por direitos autorais talvez nunca muito bem resolvida.
Apesar do nome, a peça passa longe de um maxixe, pois não contém uma síncope sequer. A motivação de seu título permanece ainda um mistério, cujas pistas apresentarei abaixo.
Ao iniciar a pesquisa sobre a peça, tomei como ponto de partida as gravações desta música feitas pelo cantor francês Félix Mayol em 1905, com autoria creditada a Charles Borel-Clerc. Tradicionalmente estava acostumado a ver esta peça como uma canção francesa, que procurava aludir ao ritmo do maxixe sem muito sucesso.
Logo me chamou a atenção uma informação constante em algumas partituras da peça: “sobre melodias espanholas”. E de fato, essa informação era consistente com o gênero por vezes indicado como “marcha espanhola”, e o fato de Borel-Clerc aparecer por vezes como arranjador, e não compositor.
Então que motivos espanhóis seriam esses?
Pelo menos uma fonte afirmava que o autor na verdade era o espanhol Pedro Badía, compositor de zarzuelas, e a letra seria de José Juan Cadenas. Porém a opereta mais antiga que encontrei deste autor era de 1907, e a canção mais antiga, de 1906, todas posteriores ao arranjo de Borel-Clerc.
Alguma peça estava faltando.
A revelação surgiu consultando o livro Maxixe: A dança excomungada, do jornalista Jota Efegê, maior autoridade no assunto. No capítulo acerca do maxixe no exterior, Efegê afirma que a melodia de La Mattchiche viera de uma opereta espanhola estreada em 1895, cujo autor se chamava Estellés.
Os próximos passos da pesquisa esclareceram que a opereta em questão se chama Los Inocentes, “revista extravagante en un acto, en verso y prosa”, com libreto de José López Silva e Sinesio Delgado, e música de Ramón Estellés. Estreou no Teatro Apolo de Madrid, em 28 de dezembro de 1895, no dia de “los santos inocentes”, também conhecido como dia dos tolos, um equivalente ao nosso 1º de abril.
Uma valiosa matéria publicada na edição de 11 de outubro de 1907 do jornal espanhol ABC terminou por elucidar a questão.
A melodia de La Mattchiche constava no teatro de revista Los inocentes como um pequeno coro, sem título e incidental, que cantava: “No me crió mi madre / Para casada, / Porque de solterita / No pierdo nada". A opereta não fez muito sucesso, e sua partitura não chegou a ser comercializada (embora tenha sido impressa em 1896 para uso teatral)
A melodia provavelmente teria morrido ali, não fosse uma inesperada guinada na história.
O ator e cantor italiano Leopoldo Fregoli, famoso por seus números teatrais em que se transformava em dezenas de personagens diferentes, estava em turnê na Espanha nesta época (1895), e ao ouvir a opereta de Estellés, percebeu o potencial desta melodia. Pediu então ao maestro Ugo Jacopetti, que regia a orquestra em seus números teatrais, que fizesse um novo arranjo para a peça. Fregoli, que provavelmente a letrou, incluiu-a em sua peça teatral “Eden Concerto”, para o número em que representava uma chula madrileña.
Fregoli encenou-a em diversos países (incluindo provavelmente o Brasil, onde se apresentou algumas vezes entre 1895 e 1924), e consta que esse número em particular teve um sucesso expressivo, porém não encontrei registro de nenhuma edição impressa assinada por Jacopetti ou Fregoli. A partir desse momento, é provável que o autor original, Ramón Estellés, já não fosse mais creditado, e também provável que a peça ainda não tivesse um título, pois continuava como uma pequena participação teatral. Sua associação com o maxixe ainda não havia ocorrido.
Em 1906, Fregoli viria a gravar um de seus números, chamado “La bella freghero (machicha)” (78-RPM Fonotipia 39616), creditado a A. Calzelli com letra de S. Glorioso. Porém não está claro se esta seria a melodia de Estellés. Além disso, como esta gravação foi feita depois do sucesso da de Borel-Clerc, pode ser que o termo “machicha” seja derivado do sucesso francês.
Depois do sucesso de Fregoli ainda no século XIX, a melodia passou a ganhar autonomia, sendo tocada por pequenas orquestras em outros países da Europa, incluindo orquestras ciganas na Áustria. Nesse momento, a música não só permanecia sem título, como se tornou anônima. Os músicos reproduziam de ouvido a melodia cativante, e com isso abria-se margem para que novos compositores se apropriassem da melodia.
Ao que tudo indica, o próximo na escala foi Pedro Badía, compositor espanhol de zarzuelas, que teria feito um novo arranjo, com letra de José Juan Cadenas. Aqui pela primeira vez a melodia recebeu um título “La machicha” (em espanhol) e consta que foi publicada, embora eu não tenha encontrado a partitura. Isto provavelmente ocorreu nos primeiros anos do século XX, posto que as canções mais antigas de Badía são de 1905. Este verbete da wikipedia francesa atribui a versão de Badía ao ano de 1903.
Jean-Claude Klein, em seu livro do livro “Florilège de la chanson française” (Paris: Bordas, 1990) faz uma comparação entre as duas partituras, e afirma que, embora as letras sejam diferentes, a melodia é essencialmente a mesma, com um acréscimo de 4 compassos no arranjo de Borel-Clerc.
Como a palavra "machicha" teria chegado à Espanha em uma data tão recuada como 1905? Isso referencia a dança carioca na Europa antes da ida de Os Geraldos a Paris em 1908, da apresentação da Mlle. Estio que dançou o maxixe em 1911 no Casino, e bem antes do grande sucesso do dançarino Duque em 1912-13, que sistematizou o maxixe na França.
Jota Efegê apresenta dois fatos importantes. A cantora Plácida dos Santos dançou e cantou maxixes em Paris em 1889. E depois Jenny Cook dançou o maxixe na Argentina em 1901, cantando em português. Este período, anterior a 1905, é nebuloso na história do maxixe no exterior, e não sabemos ao certo se a dança era perpetuada de maneira autônoma, ou se dependia de constantes importações de artistas brasileiros. Porém, considerando que fora semeado na França e na Argentina em 1889 e 1901, é possível que o maxixe tenha chegado à Espanha antes de 1905.
Porém permanece um mistério por que Badía e Cadenas teriam associado a dança carioca à melodia de Estellés.
O principal capítulo nesta história se deu em 1905, quando o cantor francês Félix Mayol ouviu esta música durante uma turnê na Espanha e pediu para o músico Charles Borel-Clerc (1879-1959) fazer um novo arranjo, com letra em francês de Paul Émile Briollet e Léo Félix Lelièvre. Borel-Clerc mistura La Machicha de Estellés (talvez a partir da versão de Badía) com dois trechos do pasodoble La Giralda, de Eduardo López Juarranz, criando o amálgama que passou a ser chamado de La Mattchiche. Clique aqui para ler a letra em francês.
A cineasta pioneira Alice Guy Blaché filmou Mayol cantando e dançando um trecho de La Mattchiche em 1905 usando uma técnica chamada phonoscène, que permitia gerar filmes com som.
Mayol cantou-a na revista “Ça Mousse” no mesmo ano, dançada por Mme. Derminy e Paule Morly no Alcazar d’Été.
O sucesso foi estrondoso, resultando em diversas edições da partitura e gravações na França, Alemanha, Inglaterra, Hungria e Rússia ainda na primeira década do século XX.
O próprio Mayol gravou-a seis vezes, algo raro de se acontecer com qualquer música.
Como índice deste sucesso, ainda em 1905 surgiram pelo menos quatro versões, algumas delas plágios por não mencionarem o autor: Le Polo (assinado por Vincent de Lopez), Ma Peau d’Espagne (por Dalbret), La Mouyette (por Fragson), Czimpilimpi (com versos em húngaro), dentre outros.
No mesmo ano passa a ser editada e gravada nos EUA, com o título La Sorella. As gravações americanas creditam autoria ao arranjador Gallini. Surge uma letra em inglês por Chas. H. Taylor, e há registro de uma edição canadense.
Em 1906, a segundo a pesquisadora Anaïs Fléchet, a melodia integrou a “revista de costumes, tipos e atos cariocas” O Maxixe, com libreto de Dom Xiquote (Bastos Tigre) e João Phoca (Batista Coelho), encenada no Teatro Carlos Gomes, Rio de Janeiro.
E logo a música transcendeu a peça teatral, ganhando as ruas durante o carnaval de 1907, recebendo diversas quadras populares. Uma delas fazia referência a famoso crime ocorrido em outubro de 1906, por dois bandidos italianos, Rocca e Carletto, que assaltaram uma joalheria e assassinaram os funcionários. Uma das quadrinhas dizia:
Mandei fazer um terno
De Jaquetão
Pra ver Carletto e Rocca
Na detenção
No programa “O Pessoal da Velha Guarda” de 25-02-1948, esta música foi apresentada com arranjo de Pixinguinha, talvez o mais próximo que já tenha chegado de um maxixe. Na execução foram cantadas várias das quadrinhas populares que a música recebeu no Rio de Janeiro. A gravação pode ser ouvida aqui (clique em músicas, e depois La Mattchiche)
E por volta de 1909, o duo Os Geraldos (Geraldo Magalhães e Nina Teixeira) gravou a curiosa paródia A crítica do maxixe francês (78-RPM Odeon 108286) em que falam do “falso maxixe” francês e incluem a melodia do refrão de La Mattchiche.
Os Geraldos
De volta à Europa, com a melodia já consagrada pela letra francesa, vemos seu retorno ao país de origem, Espanha. La Mattchiche passou a integrar a opereta “Aventuras de don Procopio en París”, estreada na Kursaal Central de Madrid en 1907 e cantada por La Fornarina. O libreto era assinado por José Juan Cadenas e Álvaro Retana e a música creditada a Gerardo Estellés (talvez parente do compositor original, Ramón Estelles?).
La Fornarina
O que vemos aqui é o arranjo criado por Borel-Clerc (com a citação a La Giralda), porém com nova letra em espanhol. Esta versão ganhou grande popularidade na Espanha, recebendo diversas gravações ao longo das próximas décadas e integrando filmes reminiscentes dos vaudevilles do início do século, como o filme “Pierna creciente, falda minguante” (1970)
Nesse momento o sucesso da venda das partituras já era descomunal, ultrapassando 150.000 exemplares vendidos, a dois francos cada. As editoras e o arranjador francês Charles Borel-Clerc foram felizardos nessa conta, enquanto que o compositor original e sua família não recebiam um tostão.
Para tentar compensar essa injustiça, o editor espanhol Ernesto Dotesio Paynter procurou reivindicar a propriedade de La Mattchiche para Ramón Estellés e apresentou uma reclamação à Sociedade de Autores Franceses, em nome da família do músico já falecido. Porém, ao mesmo tempo, a viúva de Ugo Jacopetti (maestro que fizera o arranjo para o cantor Fregoli) também se apresentou à Sociedade reclamando os direitos em nome de seu marido. Para completar a confusão, Borel-Clerc não abdicou de seus direitos, constituindo também uma parte reclamante.
A Sociedade de Autores Franceses acatou a matéria e enviou o assunto para o Tribunal do Sena, mantendo os lucros gerados pelas vendas e execuções sob custódia do Sr. Prieur (advogado da viúva de Jacopetti) até que fosse dado o veredito.
No primeiro julgamento, foi apurado que a opereta Los Inocentes não fora publicada ou sequer registrada, e portanto a família de Ramón Estellés não poderia alegar direito algum de propriedade.
Dotado da melhor das intenções, o editor Dotesio então preparou uma esperteza, e se fundou no fato de que La Mattchiche utilizava indevidamente melodias de outra música, o pasodoble La Giralda de Eduardo López Juarranz, sendo a mais óbvia o refrão da peça.
Como este pasodoble estava registrado, Dotesio se valeria deste recurso para receber os direitos e depois repassar para a família de Estellés, que estava na pobreza. Tratou de gerar rapidamente uma nova edição de La Giralda, para que pudesse servir de prova.
Porém consta que Dotesio não foi bem sucedido, e os franceses permaneceram com os direitos da peça. O jornalista da matéria referida do jornal espanhol ABC chega a fazer um apelo por escrito ao artista Fregoli para que convencesse a viúva de Jacopetti a retirar a reclamação dos direitos, na esperança de que isso tornaria a questão mais clara para os franceses. Na Espanha, o crédito passou a ser dado aos autores originais (Estelles, Delgado e Silva) em diversas gravações, mesmo quando cantada com a letra de Cadenas.
Curiosamente, na capa da edição de La Mattchiche publicada pela Libraire Hachette & Co., Paris, que não faz menção a Estellés, consta a seguinte informação "publicado com a autoração da Casa Dotesio". Porém esta partitura provavelmente é anterior à disputa judicial.
Em Paris, vemos uma menção a esta disputa na edição de 1907 da revista “L’Intermédiaire des chercheurs et curieux”, em matéria data de 25 de janeiro. Jacopetti é anunciado como o autor da música, mas logo depois se menciona que ele arranjou o tema a partir da opereta Los Inocentes [Les Innocents]. O nome de Ramón Estellés não é mencionado.
Seria interessante consultar os autos deste processo emblemático, para sabermos que conclusão teve, e sob quais argumentos. Talvez o fato de La Mattchiche ser uma colagem de duas peças tenha contribuído para que fosse vista como uma nova obra.
Como novo complicador da história, vejam o que o cantor, pesquisador e radialista Almirante (Henrique Foréis Domingues) afirmou sobre a peça no já referido programa O Pessoal da Velha Guarda de 1948:
“Pois bem, ouvintes, há quase 50 anos, fizeram aqui uma adaptação d’O Guarani, e ninguém esbravejou, não. E no entanto, a adaptação fez furor e correu o mundo. Ela foi feita por um compositor francês de nome Borel-Clerc, que pretendendo compor um maxixe brasileiro, foi se utilizar de um dos temas mais populares de Carlos Gomes. E na falta de melhores dados sobre ritmos brasileiros, ele utilizou o ritmo do pasodoble espanhol. Viu-se então essa impropriedade, uma música classificada como maxixe brasileiro e em ritmo de pasodoble espanhol. Bem, mas fosse como fosse, a peça fez um enorme sucesso até mesmo entre nós. (...)”
Carlos Gomes
De fato, as primeiras seis notas de La Mattchiche são as mesmas do tema central da Protofonia dO Guarani, de Carlos Gomes. E como O Guarani estreou em 1870 no Scala de Milão, é possível que em 1895 sua melodia já fosse conhecida na Espanha. Porém como são músicas bem diferentes do ponto de vista estrutural e rítmico, talvez seja mais razoável supor uma convergência das melodias.
Continuando seu o percurso, La Mattchiche teve uma outra entrada na America Latina, quando foi gravada em 1907 em Cuba e no México. E ao longo da década de 1910 vemos ainda algumas novas edições e gravações, e em 1928 George Gershwin cita a melodia em seu poema sinfônico An American in Paris.
Em mais uma reviravolta surpreendente, em 1947 La Mattchiche volta às paradas de sucesso nos EUA, como uma canção infantil intitulada Choo’n Gum (também conhecida como My ma gave me a nickel), que integrou o musical de Hollywood “Mother Wore Tights”. Esta nova versão com swing americano, de Vic Mizzy com letra de Mann Curtis, não creditava os autores originais. Foram feitas pelo menos 6 gravações, por artistas como Teresa Brewer e Andrews Sisters e Dean Martin, e até hoje ainda é publicada, talvez chegando ao status de uma canção folclórica infantil.
Este padrão é muito similar ao do maxixe Dengoso, de Ernesto Nazareth, que teve grande sucesso em 1913-1914 na Europa e Paris, e depois retornou às paradas de sucesso sob um novo arranjo americanizado chamado Boogie Woogie Maxixe, sem crédito ao autor original também.
Em 1958, no Brasil "La Machicha" recebe letra em português de Othon Russo, gravada por Emilinha Borba (78-RPM CB-11070-A). Nesta gravação, o autor original é citado, talvez por influência das gravações espanholas.
Capa do compacto de Emilinha Borba contendo "La Machicha"
Nessa trajetória surpreendente que vimos da peça, desde que surgiu como um coro sem nome como parte de um teatro de revista de Ramón Estellés em 1895, encontramos os seguintes títulos alternativos: La Machicha (Badía/Cadenas), La Mattchiche/La Matchiche (Borel-Clerc/Lelièvre/ Briollet), Ma peau d'Espagne (paródia de Dalbret), La Mouyette (Fragson), Czimpilimpi (versão húngara), Le Polo (Lopez), Machicha de Don Procopio (Estellés/Cadenas/Retana), La Sorella (Gallini), La Rozalla, Amour Voisin, Espagnole Estelle (estas três citadas em selos de 78-RPMs como títulos alternativos), e Choo'n Gum/ My Ma Gave Me A Nickel (Mizzy/Curtis).
Embora não tenha nenhuma relação com o gênero maxixe ou mesmo a dança, esta música tornou-se uma referência importante no cenário musical da França pré-guerra, e abriu as portas para a febre dos verdadeiros maxixes que se instauraria em 1913-14 em Paris e depois nos EUA. Continuarei este assunto no próximo post.
Abaixo listo uma breve discografia da peça, ainda em fase de esboço.
1905
Félix Mayol. 78-RPM Zonophone 4-32170
Félix Mayol. 78-RPM Gramophone K-607
Félix Mayol. 78-RPM Zonophone X-82160
Félix Mayol. 78-RPM Zonophone- 232740
Félix Mayol. 78-RPM Zonophone- 3-32588
Félix Mayol. 78-RPM Zonophone- 4-32170
Dalbret. “Ma peau d'Espagne – Mattchiche”. 78-RPM 22963 R
L'Orchestre de la Garde Républicaine. 78-RPM Zonophone X-80125
Orchestre du Bal Tabarin regida por Auguste Bosc. “Le Polo - Marche espagnole”. 78-RPM Odeon X 36164
Columbia Band. “La Mattchiche”. Cilindro Columbia 32862. EUA
Columbia Band. “La Mattchiche”. Cilindro Columbia A-0052. EUA
Pintér Imre (canto) e pianista desconhecido. “Cimpilimpi” 78-RPM Favorite Record I-29527. Budapeste. Por volta de 1905.
Barítono (talvez Pintér Imre) e pianista não-identificado. “Czimpilimpi”. Cilindro Columbia Phonograph Co.: 45183. Por volta de 1905.
Odeon-Orchester. 78-RPM Odeon 34581 (selo)
1906
Edison Military Band. “La Sorella”
Indestructible Military Band. “La Sorella”
Sousa's Band. 78-RPM Victor 4744
Félix Mayol. “La Mattchiche”. 78-RPM Odéon 36256
Orchestre du Bal Tabarin regida por Auguste Bosc. La Machicha – Danza. 78-RPM BEK 2665
Victor Orchestra. “La Sorella March” 78-RPM Victor 4668
Orquestra Zonophone. 78- RPM Zonophone X-60703. São Petesburgo, Rússia,
Félix Mayol. 78-RPM Phrynis S 1367
Félix Mayol. 78-RPM APGA 1181
Guido Gialdini 78-RPM Gramophone Co. 49518. Berlim, Alemanha
Arthur Pryor's Band. 78-RPM Victor 4773.
Victor Orchestra, regida por Walter B. Rogers. 78-RPM Victor 16084
1907
Hermann Wehling/Friedrich Kark. “La Machicha - Danza”. 78-RPM Beka/Bek 11093 Berlim.
Orquesta Típica Velázquez 78-RPM Victor 99046 e Victor 68006
Orquestra de Felipe Valdés. Cuba
1909
Llondon military band. 78-RPM Columbia Gramophone n º 25957
3º Garde-Regiment zu Fuß/ Hugo Goerisch. “La Machicha -Danza” 78-RPM BEK 791-1. Berlim, Alemanha
1910
Intérprete não-identificado. “Ma peau d'Espagne – Mattchiche” 78-RPM 23101R
Guido Gialdini. “Sorella March”. 78-RPM Victor 16761-A
1912
Intérprete não-identificado. “La Mattchiche – Marche”. 78-RPM 6588
Consuello Bello (La Fornarina). “Machicha”. 78-RPM Odeon 135326
1914
Pietro Deiro. “La Sorella”. 78-RPM Victor 17802
1916
Arthur Carroll. “La Mattchiche”. 78-RPM Pathé 29198
1932
Félix Mayol. 78-RPM Parlophone 22932
Greening's orchestra. “La maxixe” 78-RPM Columbia 2617-D
1950s
Teresa Brewer. “Choo’n Gum”.
Andrews Sisters. “Choo’n Gum”.
Dean Martin. “Choo’n Gum”.
Maria Muldaur. “Choo’n Gum”.
Audrey Marsh e Arthur Quartet. “Choo’n Gum”.
1957
Sarita Montiel. “La Machicha”. LP com músicas do filme El Ultimo Cuple.
1958
Emilinha Borba. “La Machicha”. 78-RPM Columbia CB-11070-A
1968
Annie Cordy. “La Mattchiche”
E abaixo listo algumas das edições que La Mattchiche recebeu.
1906
La Mattchiche (La Maxixe). Libraire Hachette & Co., Paris.
La Mattchiche (Maxixe). Letra em inglês de Chas. H. Taylor. Arranjo de C. Borel-Clerc. "Paris : Aux Succès du xxe siècle" ; London : Chappell & Co.
"Polo" : march and two step : as played by Cole & Johnson, also known as "Mattchiche" & "Sorella". Vincent Lopez (Jos. W. Stern & Co., New York).
Consta na capa “ The popular craze.”
Sorella. Conservatory publication society, New York.
“The latest Parisian March Craze”.
“Veritable Danse Brésilienne La Tortille. Sur le motifs de la célébre chanson Ma Peau D’Espagne Cree par Dalbret. Arrangé par L. Gallini “
Ano desconhecido. Canada
Link com mais imagens desta edição.
La Mattchiche (‘The Maxixe” or “La Sorella”). Sol Bloom, New York.
“Le Grand Succes Parisien de 1905. Originated and executed by ‘Le Domino Rouge’ in Paris with such remarkable success that its popularity now surpasses that of the famous American cake walk. Now being introduced in her much-talked-of mystic mirror dance. “Le Domino Rouge” (The Famous Girl with the red domino)”
Ano desconhecido. P. J. Lammers. Baltimore.
Ano desconhecido. McKinley Music Co. Chicago, New York.
Partitura completa nesse link
Ano desconhecido. Victor Kremer Company, Chicago.
Partitura completa nesse link
Ano desconhecido. Editions Smyth, Paris.
Agradecimentos a Anna Paes, Anaïs Flechet, Bia Paes Leme, Daniella Thompson, Ignez Perdigão, Nirez, Paulo Aragão e Manoel Aranha Corrêa do Lago pelas valiosas contribuições e discussões.
COMENTÁRIOS
NEWTON NAZARETH - 20.02.2013
o guarani
Apenas como acréscimo: A famosa Protofonia de "O Guarani", tal qual a conhecemos, não constava da partitura original que estreou em 1870 em Milão mas foi composta mais adiante, quando a ópera foi encenada aqui no Brasil. Parabéns pelo trabalho.
Mara Dias - 23.08.2012
Parabéns Alexandre!
Sua lógica, a concatenação de suas ideias, o desenrolar de seu texto e a quantidade de dados coligidos muito contribuíram para elucidar a origem de La Mattchiche. Seu trabalho é bastante minucioso e rigoroso. Parabéns, continue mostrando o valor da musica para o Brasil e para o mundo.
Fabiano Borges - 08.08.2012
retórica do gênero
Interessantíssimo o fato de que a peça possui referência ao maxixe em seu título, mas não guarda as relações necessárias sincopadas que o gênero requer. Isso me faz lembrar de um brilhante texto — lido à época de meu mestrado em música — do Jeffrey Kallberg no qual ele trata sobre uma suposta retórica do gênero, com a qual eu concordo a propósito. No texto, ele discorre acerca do Noturno em Sol menor do Chopin (opus 15, nº3) que se aproxima mais de uma Mazurka do que de um noturno em si, quanto a vários aspectos estruturais da música. Abraços musicais! Do amigo Fabiano Borges
Laura Macedo - 06.08.2012
Alexandre, comecei a ler e não consegui parar (atrasei até o jantar);foi uma leitura de fôlego assim como sua fantástica pesquisa. Quantas informações, inclusive relacionadas ao Teatro de Revista. Segundo Savyano Cavalcanti de Paiva (autor de "Viva o rebolado") vários quadros da revista "O maxixe" entusiasmaram a plateia, entre eles, "Voto livre", "Brasil do futuro" e "Maxixe macho". No citado livro ele não entra em detalhes quanto ao último quadro citado. "O Maxixe" estreou em 31 de março de 1906 e totalizava 56 canções. Em junho houve uma reprise no Teatro Recreio. Aguardemos a saga do Maxixe mundo afora. Parabéns a você e toda equipe. Abraços Laura Macedo