SUCULENTO

COMPOSIÇÃO

1919 (Circa)

1ª PUBLICAÇÃO

1919

Suculento, denominado na partitura “Succolento” com o subtítulo “samba brasileiro”, foi publicado pela Casa Mozart em 1919, e dedicado aos carnavalescos deste ano. Foi a primeira música de Nazareth vinculada ao carnaval, precedendo outras oito que seriam compostas na década de 1920. No manuscrito autógrafo consta uma letra assinada sob o pseudônimo de Neptuno, que consiste em uma propaganda do xarope Vermutin, um popular tônico do início do século XX no Brasil. Porém esta letra não chegou a ser publicada e não há indícios de que tenha sido apresentada ou gravada.

Embora no frontispício de seu manuscrito autógrafo (datado de 31/01/1919) conste a diferenciação "música de Ernesto Nazareth" e "canto por Neptuno", no rodapé da página que contém a letra em estrofes consta a importante informação: "música e letra de Neptuno", o que indica que a letra provavelmente é do próprio Ernesto. Esta não seria a primeira vez que Nazareth assinaria com um pseudônimo, pois o maxixe Dengoso (1907) foi publicado sob o pseudônimo de Renaud. E em 1930, Nazareth utilizaria o pseudônimo de Toneser (anagrama de Ernesto) para assinar a letra de duas de suas marchas carnavalescas: Exuberante Crises em penca!... 

O primeiro registro em gravação comercial foi feito pela Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (por volta de 1919, lançada em 78 RPM Odeon Record 121.656). Apesar da denominação “samba brasileiro”, no manuscrito autógrafo da peça consta o subtítulo tango, que é coerente com o estilo composicional da peça.

É interessante notar também que a primeira parte de Suculento deve ser tocada com as mãos invertidas, em que a mão direita toca a melodia na região grave do piano, e a esquerda acompanha com acordes na região média. Este mesmo padrão pode ser encontrado na polca-tango Rayon d'or e no tango brasieliro Vem cábranquinha.

Letra de Neptuno

O Vermutin

1ª Parte
O Vermutin é bebida excelente,
Deliciosa e até sem rival
O Vermutin faz bem a gente
Toma, meu nego, Vermutin no Carnaval.

Experimente que você verá
Que o seu efeito igual não há
Pois o Doutor com tal sucesso
Na Capital lançou-o já!

Quem usa do famoso Vermutin
Tem vida longa, tem vida sem fim
Dá alegria, oh negrada,
Ai, como é bom do Vermutin uma golada

Vai para o céu o seu feliz autor
Da Lugolina inventor
Mas está provado rapaziada
Que é melhor que cajuada

2ª Parte
Declamado ou cantado
A ninguém cansa
O Vermutin
Do Eduardo França

Ele é gostoso
Anima a gente
Ao homem fraco
Fá-lo valente

Tal descoberta
Tal maravilha
Assim no Céu
Estrela brilha

No Carnaval            
É adorado
Toca pra frente
Esta consagrado

3ª Parte

Ai que prazer
Ai que alegria
É tão gostoso
Quem tal diria?

Eu aconselho
A toda gente
Que o Vermutin
É excelente!

Ele faz parte
Em grandes festas
Desde o comércio
Té as serestas

Pois não duvidem      
Não há que ver
No Vermutin
Podem bem crer

1ª Parte (para finalizar)

Quem tiver sede e matá-la quiser
Lembre-se logo de o procurar
Encontrará em toda parte
E o apetite terá bom para o jantar

A minha sogra dele já provou
Logo uma dúzia encomendou
E lá pra roça enviando
Uma carroça, arrebentou!...

O Vermutin é de um tal sabor
Mesmo no tempo do frio ou calor
O camarada vai gostando
E as garrafas é que vão se esvaziando

Chegando à casa o que fui procurar,
Mas no avança sem pensar
Fiquei assim na esperança
Pois ele já estava na pança!...