COMPOSIÇÃO
1922 (Estimado)
1ª PUBLICAÇÃO
2008
Marcha heroica aos 18 do forte, composta por volta de 1922 e publicada postumamente em 2008 pelo portal Musica Brasilis.
Em 1922, o Brasil viu o início de um movimento por parte de jovens oficiais do Exército Brasileiro contra o governo, que seria denominado tenentismo. Arthur Bernardes fora eleito presidente após grande indisposição com os militares: o jornal Correio da Manhã publicara duas cartas com sua assinatura confrontando o exército e o ex-presidente Hermes da Fonseca.
A oposição contestou os resultados oficiais da eleição de Arthur Bernardes, e em meio ao clima político tenso em Pernambuco, o Exército foi chamado para conter rebeliões de populares, descontentes com o novo Governo estadual. Hermes da Fonseca, então a mais alta patente militar do país, enviou telegrama incitando os militares a não reprimirem o povo, tendo sido preso por esta razão.
Após o fechamento do Clube Militar por decreto presidencial, e a nomeação de um civil para Ministro da Guerra, o exército decidiu por se insurgir contra o governo do então presidente Epitácio Pessoa, resultando na Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana no dia 5 de julho de 1922, que foi comandada pelo capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do ex-presidente.
O governo, informado do movimento, antecipara-se trocando os principais comandos militares da capital, e portanto diminuindo o poder da revolta. No entanto, contrariando as expectativas, o Forte de Copacabana prosseguiu com um ataque aos quartéis-generais vizinhos, sendo fortemente bombardeado pela artilharia da Fortaleza de Santa Cruz.
Após telefonema do Ministro da Guerra ordenando a rendição dos rebeldes, permitiu-se a saída de todos aqueles que não quisessem combater. Com a saída de 273 homens, a morte de outros, e a prisão de Hermes da Fonseca Filho, após este ter ido ao encontro do ministro da Guerra no Palácio do Catete, 18 remanescentes realizaram um plano suicida, sob comando do tenente Siqueira Campos: saíram em combate marchando até o Palácio do Catete. Todos foram presos ou mortos em um longo tiroteio final à altura da antiga rua Barroso, atual Siqueira Campos.
Ernesto Nazareth, atento aos acontecimentos de sua época, e para homenagear a bravura destes militares, compôs a Marcha Heroica aos Dezoito do Forte, cujos manuscritos autógrafos apresentam duas letras distintas, uma de Maria Marcêdes Mendes Teixeira e a outra de autor desconhecido, que pode ser o próprio Ernesto.
Letra de Maria Mercêdes Mendes Teixeira
Como águias altaneiras,
Livres, jamais cativas,
Essas Glórias brasileiras
São lembranças redivivas.
Bravos do Forte!
Hão de sempre viver,
Não pode a morte exterminar,
A tais herois vencer.
Hão de sempre viver...
Imortais do Forte
No resplendor da Glória
Os eternizam a História
Pugilo varonil
Orgulho do Brasil
Sonharam eles sonho imenso,
Viveram desse amor intenso
Que pode a Pátria enfim salvar
E à Pátria tudo quiseram dar
O nobre sangue dos gigantes
Brotará nesses deslumbrantes
Vitoriosos sobre a morte
São como Sóis.
Os dezoito do Forte.
Letra de autor desconhecido (possivelmente Ernesto Nazareth)
1.
Imortais herois do forte
Arautos desta vitória!…
Super-homens que na morte
Mais voz levantais na glória!.
2.
Nesta epopeia que grandiosa surgiu
Belos talentos que a pátria os uniu
Bem fortes em seus ideais
Com força enfrentando os seus rivais
Depois de tanta luta,
E luta sem igual
Por fim tombaram todos,
Triunfando este ideal
3.
Na pátria fica bem escrito
O sacrifício dos herois
Que eram dezoito os devotados
Brilhantes, firmes, belos sóis!
Agora temos que enobrecê-los
Seus belos feitos e missão
Mostrando ao mundo que os belos feitos
Abriram luz no caminho a esta nação