VITÓRIA

COMPOSIÇÃO

1918

1ª PUBLICAÇÃO

1918

Vitória (Victoria, na grafia original), marcha composta em 29/12/1918 e publicada no mesmo ano por por E. Bevilacqua & Cia. Dedicada "aos aliados", ela é uma comemoração do final da 1ª Guerra Mundial neste ano. Trata-se de uma música no estilo das grandes marchas americanas de compositores como Scott Joplin, John Phillip Sousa e Louis Moureau Gottschalk. Segundo o biógrafo Luiz Antonio de Almeida, em uma das listagens manuscritas elaboradas pelo compositor, Vitória aparece sob o gênero ragtime, o que mostra que Nazareth não estava alheio aos ritmos americanos que começavam a fazer sucesso no Brasil na década de 1910. É provável que tenha sido gravada na década de 1920 pela Odeon, embora não seja conhecido o 78-RPM, como se lê numa propaganda da gravadora nessa época:

“A Odeon (…) já dirigiu seus olhos para a musica de Nazareth e vem gravando-a com (…) freqüência. Uma lista de suas mais recentes composições aqui indicada poderá ser encontrada já gravada pela Odeon. Vitória, a marcha da predilecção do compositor (…)”

Luiz Antonio de Almeida levantou nos arquivo do compositor dois recortes de jornais, não identificados, com os seguintes dizeres:

"VITÓRIA! – Quem há por ai que não conheça o Nazareth? Ninguem, por certo. É o compositor de tangos e maxixes de maior agrado, no Rio. Mas, o Nazareth, Ernesto Nazareth, compõe outras musicas – são valsas, polcas, marchas e algumas de mais vulto. A sua última produção é uma marcha, por sinal que uma bela marcha, chamada “Vitória!”, sob letra do Sr. José Moniz Aragão. “Vitória!” é dedicada aos alliados. E agradecidos pelo exemplar que nos foi offerecido."

"VITÓRIA! – Do conhecido compositor Sr. Ernesto Nazareth recebemos a marcha Vitória, letra do Sr. José Moniz de Aragão, escrita expressamente como homenagem á vitória das armas alliadas. Como todas as composições do consagrado musicista, a marcha Vitória está destinada a obter um ruidoso successo."

Até 2012 é conhecida apenas uma gravação comercial desta peça, sendo que sua letra permanece inédita.

Letra de José Moniz de Aragão

(1ª parte)
Já ressoou lá no campo aliado,
Nas regiões cheias de sangue e glória,
Um grito por mil bocas proclamado,
Que nos previne a hora da vitória.

E quando ouvimos todos nós vibramos,
O repetimos com calor ardente;
E nossa pátria também sublimamos
E sublimamos também nossa gente!

Contra a razão, já hoje em dia,
Não tem valor a tirania!
E conseguimos batalhar,
A paz do mundo assegurar!

(Estribilho)
Avante! Avante!
Era este o grito ao combater,
Pois nesta causa triumfante,
Nossa divisa era vencer,

Possui valor, possui firmeza
Que a lutar, com força e glória,
Consegue, alto e com nobreza,
Soltar um brado de vitória.

(1ª parte)
O mundo inteiro, que se vê defenso,
Contra o tirano do povo alemão,
Nesta vitoria deve ter o incenso,
Que lhe perfume e suba ao coração.

É tambem justo que, aos heróis do feito,
Sejam rendidos hinos e louvores,
Nas homenagens a que têm direito,
Que por direito devem ser de flores!!