CRISES EM PENCA!...

COMPOSIÇÃO

1929

1ª PUBLICAÇÃO

2008

Crises em penca!..., "samba brasileiro carnavalesco para 1930" composto no final de 1929 e publicado postumamente em 2008 pelo portal Musica Brasilis. Foi composto em conjunto com outras duas peças carnavalescas: Exuberante e Comigo é na madeira. Esta incursão do compositor nos ritmos do carnaval data desde 1919, quando publicou o "samba brasileiro" Suculento, dedicado aos carnavalescos desse ano. Não consta que nenhuma peça de Nazareth tenha obtido sucesso em algum carnaval, e provavelmente o compositor as compunha motivado pela pressão editorial de uma época em que os tangos, polcas, quadrilhas e schottisches estavam tornando-se coisa do passado. 

Crises em penca!... foi extraído integralmente do Tango-habanera, que também permaneceu inédito em publicação durante a vida de Ernesto. Até 2012 recebeu apenas duas gravações.

Seus manuscritos apresentam duas letras diferentes, ambas assinadas por Nazareth sob o pseudônimo de Toneser (anagrama de Ernesto).

1ª letra de Ernesto Nazareth (sob o pseudônimo de Toneser)

1ª Parte

Pra do povo ser dirigente
É preciso agir d’outra forma
O Zé Povo já fatigado
E de tudo só quer a reforma

Um governo que pense no povo
Que o anime sempre a trabalhar
Que o incite pro culto das letras
Para nossa Nação levantar

2ª Parte

A crise do café
Tem dado o que falar,
O certo sempre é
O Zé Povo marchar

Não pode o Povo assim
Tanta fome passar
Toda a vida e sem fim...
E as crises pagar.


2ª letra de Ernesto Nazareth (sob o pseudônimo de Toneser)

1ª parte

Nestes dias de Carnaval
Manda o povo bem longe as tristezas
Pois se a vida for sempre igual
Não dá gosto nem mostra as belezas

Vá no duro o Zé Povo o ano todo
Sob as crises cansado, gemendo
Que no fim são três dias de engodo
Para inda mais ficar devendo

2ª parte

A crise do café
Tem dado o que falar
O certo sempre é
O Zé Povo marchar

E vive o povo assim
Até fome a passar
Toda a vida e sem fim
Para as crises pagar

1ª parte

Neste tempo em que arranha-céus
Vão em montes na cidade erguendo,
Vai o povo sempre em boléus
Sem um teto, ao ar livre vivendo

O que alenta é a esperança
Que no povo é sempre imortal
Ilusão de allegria e bonança
Dos três dias de Carnaval.