ARROJADO

COMPOSIÇÃO

1921 (Circa)

1ª PUBLICAÇÃO

1921

Arrojado, samba publicado em 1921 por E. Bevilacqua & Cia., dedicado "ao Grupo do Pinho". que talvez se tratasse de um conjunto de violonistas. É uma dos poucas peças de Nazareth com o subtítulo samba, sendo as outras: 1922 (samba para o carnaval no manuscrito, embora tenha sido publicado como tango brasileiro), Comigo é na madeira (samba brasileiro), Crises em penca!… (samba brasileiro carnavalesco), Mariazinha sentada na pedra!… (samba carnavalesco) e Suculento (samba brasileiro). Até 2012, Arrojado permanece inédito em gravação comercial.

A confusão em torno dos gêneros musicais é grande na literatura, e reflete a dificuldade de se compartimentalizar com barreiras definidas gêneros irmãos como o Tango brasileiro, o Maxixe, a Polca, o Choro, os primeiros Sambas, dentre outros. Embora cada gênero tenha sua individualidade, as diferenças que os separam são muito tênues, e, dependendo do estilo de cada compositor, inexistentes.

O problema se agrava quando consideramos a possibilidade de algumas peças terem sido impressas com subtítulos diferentes do que a música em si representa. O pianista e musicólogo Marcelo Verzoni, por exemplo, em sua tese de doutorado Os Primórdios do ‘choro’ no Rio de Janeiro (2000), conclui que as duas peças de Nazareth que foram publicadas como choro na verdade seriam um tango brasileiro (Cavaquinho, por que choras?, 1926) e uma polca (Janota, 1926).

É provável que Nazareth tenha sofrido pressões dos editores para compor em gêneros que começavam a fazer sucesso, como o samba, e o novo termo que então se cristalizava como choro. Por exemplo, Apanhei-te, cavaquinho, publicado originalmente como polca, passou a ser publicado como choro em edições póstumas. Porém ao se analisar o manuscrito de Janota (publicado como choro quando Nazareth estava vivo), vemos a seguinte nota do autor: “Este (chorinho) ainda não foi batizado”, seguida de sua assinatura. Além disso, vemos que, de seus seis sambas, três não chegaram a ser publicados, e um deles teve seu título trocado para “tango brasileiro” na publicação (traçando portanto um caminho inverso do que o esperado). Estes fatos mostram que os termos choro e samba faziam parte do vocabulário de composição de Nazareth na transição da década de 1910 para 1920.