BICYCLETTE-CLUB

COMPOSIÇÃO

1899 (Circa)

1ª PUBLICAÇÃO

1899

Bicyclette-club, tango brasileiro publicado em 1899 por E. Bevilacqua & Cia., dedicado à diretoria do mesmo clube. Segundo o biógrafo Luiz Antonio de Almeida, "o carioca, interessado em desvencilhar-se do seu provincianismo crônico, estava sempre disposto a adotar modismos europeus, fossem quais fossem. Um deles era andar de bicicleta pelos principais parques da cidade: o Campo de Sant’Anna, o de São Christóvão e o Passeio Público. Alguns ciclistas associavam-se em pequenos clubs, com objetivos voltados sempre à organização de passeios mais longos, piqueniques e, até, corridas". Bicyclette-club, é uma das peças peças menos tocadas de Nazareth, tendo recebido apenas uma gravação até 2012.

Há a possibilidade de que este tango tenha ganhado uma letra. Segundo investigação do biógrafo Luiz Antonio de Almeida, o poeta Catullo da Paixão Cearense, publicou em um de seus livros de poesias e letras uma página contendo versos para uma música com o título Teu Rosto. Em seu rodapé consta a informação: “polca Jockey Club, de Nazareth”..

Embora não exista nenhuma música do pianista com esse nome, os títulos que mais se aproximam são a valsa Elite-Club e o tango Bicyclette-Club. Existe a possibilidade de que Bicyclette-Club seja a referida peça letrada por Catullo, mesmo que esta não seja uma polca, como especula Luiz Antonio de Almeida:

“(…) E aproveitando-se da popularidade alcançada com o tango Bicyclette-Club, Catullo da Paixão Cearense acrescentou-lhe, mais tarde, letra e, consequentemente, um segundo título: Teu rosto. Porém, ao publicar seus versos em livro, estes saíram com a seguinte observação em nota de rodapé: “polca Jockey Club, de Nazareth”. Acredito que tal descuido (pois não é polca e nem se chama Jockey Club) tenha contribuído para levar, por um século, esse primor da arte “catulense” ao total descaso”.

Esta hipótese ainda necessita de mais evidências, pois pode ser que o erro tenha ocorrido ao citar o nome do autor, por exemplo. Como se pode constatar na letra transcrita a seguir, os versos da primeira e segunda partes se encaixam, embora os da terceira não.

Letra de Catullo da Paixão Cearense (sobre a polca Jockey-club, creditada a Nazareth, podendo ser na verdade o tango Bicyclette-club)

O teu rosto

1ª Parte
Tu não sabes quais são minhas preces, quando me apareces meigamente santa!
Canta a lágrima do meu desgosto quando ao ver teu rosto – sacrossanta cruz.
Ele encanta, me seduz, fascina! Osculá-lo almejo! Sensação divina!
Vem! Consente que eu, virgineamente, guarde um simples beijo nesse altar de luz.

Teus olhinhos são dois passarinhos dolorosamente beliscando a gente!
Beija-flores que nas minhas dores vêm beber o sangue desse meu sofrer.
Neste pobre coração magoado, todo beliscado nos azuis refolhos,
vêm teus olhos a sorrir, tristonhos, nos meus tristes sonhos, nos meus ais bulir.

2ª Parte
Basta qu`eu ouça o teu falar, para uma estrela em mim… brilhar!…
Eu ouço o mar e a voz dos céus, a voz queixosa de uma rosa, orando a Deus!
Minh`alma, louca, por te amar, enche-me a boca a te escutar!
E quando um beijo vou roubar, foge a tua boca, para não m`o dar.

Não sei por que a minha dor, sente se falas tal condão,
que se transmuda numa flor e logo, em flores, a comprimir meu coração!!
Vendo-te bela e meiga, assim, fico com pena até de mim!
E quando um beijo vou roubar, foge o teu rosto… para não m`o dar…

1ª Parte
Si o teu rosto que de mim se furta, quando leva um beijo, cheira mais que a murta!
Quem o beija de manhã, primeiro, sente logo o cheiro matinal da flor!
Teus cabelos, com que a fronte enlutas, cheiram mais que as frutas dos vergeis rorantes!…
E essas gotas de suor, brilhantes, cheiram mais ainda que os cristais da flor.

3ª Parte (trio)
Vens ao longe? O teu rosto flutua. Eu vejo nele a lua que, num casto véu,
toda envolta num saudoso fluido, à noite, num descuido, nos caiu do céu.

1ª Parte (Finalizar)
Dos sorrisos que, chorando, afago, vêm desabrochando no teu rosto mago,
vejo os frisos que o favônio brando faz, assim, brincando de um lago à flor.
Mudas liras, solitárias liras… com teu rosto inspiras – divinal Castália!
Ai, que gosto ver assim teu rosto, como a simples dália de amarela cor.