COMPOSIÇÃO
1895 (Circa)
1ª PUBLICAÇÃO
1895
Favorito, tango brasileiro publicado em 1895 pela Casa Vieira Machado & Cia., dedicado a Marietta Nazareth, filha do compositor. Foi gravado pelo próprio compositor por volta de 1912, juntamente com Pedro de Alcãntara ao flautim. Possui uma letra de autor anônimo, que foi gravada pelos cantores Francisco Alves e Eduardo das Neves (que a gravou sob o título de Amor Avacalhado, sem crédito a Nazareth). Além dessa, há uma outra letra, também anônima, gravada pela cantor Mário Pinheiro. Curiosamente, esta música foi aproveitada sob o título de "Tango do Sacco do Alferes e Cidade Nova" em "O Rio Nu", revista de Moreira Sampaio em três atos e 21 quadros, que estreou a 4 de abril de 1896 no Theatro Recreio Dramático, e recebendo portanto uma terceira letra.
É de se perguntar se Nazareth tinha o conhecimento disto, posto que não aprovava que sua música fosse associada a manifestações "baixas" como o maxixe, gênero frequentemente trabalhado nos teatros de revista da época. Além disso, no selo das duas gravações feitas com o título de "Sacco do Alferes e Cidade Nova" no início do século XX (por Bahiano e Senhorita Consuelo e depois por Bahiano e Júlia Martins) não consta o nome de Nazareth ou título original da música (Favorito).
Portanto vemos, nos primeiros anos de existência de Favorito, o surgimento de três letras, dois plágios, e oito gravações em 78-RPM (uma delas inclusive pelo "Rei da Voz" Francisco Alves), o que a torna um verdadeiro fenômeno de sucesso durante a vida de Nazareth. Até 2012 recebeu pelo menos 19 gravações.
Trata-se do único registro de música de Nazareth utilizada em algum teatro musicado (para mais informações sobre o teatro de revista O Rio nu e sua estreia, ver o livro Popularíssimo: o ator Brandão e seu tempo, de Marco Santos, 2007).
Letra de autoria desconhecida
1ª Parte
Meu amor se tu queres saber
Qual a razão deste meu padecer
Por que motivo me ausento de ti
Oh, vem escutar-me aqui...
Não é medo meu bem, qual o que!
Eu já te digo qual a razão
Pois se eu tenho paixão por você
Dou sempre o fora no melhor da ocasião.
2ª Parte
Tens um pai que é de temer
O que me faz sofrer
Perder o senso até!...
Você sabe como é...
Se ele descobre que eu vou lá...
Tenho mesmo que fugir
Pois não dou para o fubá.
Na porta não posso ir
Esse teu pai é uma fera
Se você ainda espera
Que eu caia nesse arrastão
Mas eu não vou nisso não
Nessas contas, vou por mim
Pois não tem graça meu bem
Eu perder o meu lazer
Nessas contas, vou por mim
1ª Parte
Tua mãe, ai Jesus, não sei mais
Que lhe dizer, meu amor, de teus pais
Tu tens por mãe uma velha feroz
Que do inferno caiu entre nós
É perversa, é cruel, é um azar
E não me dá uma folga sequer
Coisa pior não se pode encontrar
Nem o diabo quis ficar com essa mulher
2ª Parte
Quando em noite de luar
Tu fores, formosa,
Ao fundo do jardim (bis)
Vê se te lembras de mim
Quando eu pulava o teu quintal
Eu ficava frio e sério
Sem que seu pai desse por tal
1ª Parte
Teus maninhos me pedem tostões
Sujam minhas roupas, me arrancam os botões
Mas tu não sabes que é natural
Eu bem sei que não é por mal
Mais não posso, a despesa é demais
Cair no Mangue é melhor, minha flor,
Crio alma nova e tu ficas em paz...
Saúde, fica, se deseja o meu amor.
Letra de Moreira Sampaio (utilizada no teatro de revista O Rio Nu, em 1896)
1ª parte
(Saco do Alferes)
Tu dizes que bem me queres...
(Cidade Nova)
E um dia hei de dar-te a prova...
(Balthazar)
Lá vem o Saco do Alferes...
(Imigração)
Lá vem a Cidade Nova
2ª parte
(Saco do Alferes)
Tu sabes que, quando gosto
Gosto mesmo como quê!
(Cidade Nova)
Que estás me enganando aposto,
Eu não me fio em você!
(Saco do Alferes)
Não digas tal que encavaco,
Mulata tem dó de mim!
(Cidade Nova)
Tenha juízo seu Saco
Não dê-se ao desfrute assim
(Saco do Alferes)
Ando perdido de amores,
De pé me não tenho já
(Cidade Nova)
Não façais caso, senhores,
Que o Saco vazio está.
(Coro)
Um par assim nunca vi!
Que prazer ele nos dá
1ª parte
(Mulheres)
Venha, seu Saco pra qui!
(Homens)
Cidade, venha pra cá!
(Cidade Nova)
Não te chegues pras mulheres!
Se vais, eu dou-te uma sova!
(Coro geral)
Que grande Saco do Alferes!
Que bela Cidade Nova!