QUEBRA-CABEÇAS

COMPOSIÇÃO

1926 (Circa)

1ª PUBLICAÇÃO

1926

Quebra-cabeças, tango brasileiro publicado em 1926 pela Casa Bevilacqua, dedicado "ao distinto musicista e bom amigo Carlos Póvoa”.Segundo o biógrafo do compositor, Luiz Antonio de Almeida, Carlos Póvoa era gerente da Casa Bevilacqua e uma das pessoas que mais dispensaram atenção e desvelo a Ernesto Nazareth durante sua temporada pela Paulicéia. Embora na partitura conste apenas o subtítulo tango, esta peça era referenciada pelo compositor em suas listagens manuscritas como jongo ou jonguinho, provavelmente em função da semelhança que a levada da parte A possui em relação à dança rural trazido pela cultura africana no Brasil, difundida no século XIX e uma das principais influências para o surgimento do samba. Foi gravada pela primeira vez em 1928 pela Orquestra Pan-American, e até 2012 foi gravada três vezes.

É uma peça que requer apuro técnico do intérprete, podendo ser elevada ao título de um estudo, posto que por toda a peça paira a seguinte dificuldade a ser vencida: acordes repetidos em seqüências de semicolcheia em longas frases. A profª dra. Sara Cohen (UFRJ), em sua dissertação de mestrado A Obra Pianística de Ernesto Nazareth- Uma Aplicação Didática (UFRJ, 1988) advoga a tese de que a obra de Nazareth possui fôlego próprio para ser utilizada como recurso didático para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de determinadas técnicas pianísticas, como trêmolos, arpejos, notas repetidas, oitavas e acordes repetidas, notas duplas, extensão, etc. O tango Quebra-cabeças se enquadra neste contexto, e pode ser usado como um desafio a ser transposto por pianistas que queiram estudar a técnica de acordes repetidos.

Quebra-cabeças constava no repertório de concerto de Nazareth, que a executou em pelo menos 2 programas de seus recitais no Rio de Janeiro: em 19 de maio de 1931 na Rádio Mayrink Veiga; e em 5 de janeiro de 1931, no Studio Nicolas. Neste último, ela foi o primeiro bis do recital, anunciado como jongo, como mostra este trecho da matéria publicada no Correio da Manhã no dia seguinte:

“O êxito do compositor foi verdadeiramente triunfal, obrigando-o ainda à execução de um Jongo típico e magistral, e de um bis sentimental, com Romance.”

O recital também foi notícia nO Globo, onde se lê:
“Em 'extra' foi lhe pedido o Jongo, um dos mais empolgantes e curiosos [tangos]".