Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
SOBRE O AUTOR
LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA - Analista de marketing e pesquisador da música brasileira. Nasceu em Volta Redonda (RJ), aos 6 de março de 1962. Estudou piano com Deusnice Guerra e Aída Gnattali, e canto com Paulo Prochet. Em 11 de novembro de 1969, aos sete anos, apresentou-se pela primeira vez em público, em recital de piano transmitido pela Rádio Roquette-Pinto (RJ). Na mesma data, conheceu o compositor Pixinguinha, a quem reencontraria, dois anos mais tarde, em desfile da Banda de Ipanema. Já, em 1973, aos onze, principiou estudo em Genealogia sob a orientação de Ary Florenzano, em Lavras (MG), terra de seus ancestrais maternos.
A partir de 1976, deu início à pesquisa sobre vida e obra do compositor Ernesto Nazareth, tendo entre os primeiros incentivadores três dos mais renomados pesquisadores da música brasileira: “Almirante” (Henrique Foréis Domingues), Mozart de Araújo e Ary Vasconcelos. Em 1979, recebeu, com Ayres Filho e equipe do jornal “Somar” (publicação voltada aos alunos do Colégio Souza Marques), em solenidade presidida pela Condessa Pereira Carneiro, o “Prêmio Jovem Jornalista”, concedido pelo “Jornal do Brasil”. No ano seguinte, passou a contar com a orientação do maestro Francisco Mignone para um melhor conhecimento da obra de Nazareth e iniciou fraternal amizade com a família Nazareth, tornando-se, posteriormente, herdeiro de todo o acervo do músico.
Em 1981, trabalhou como co-produtor de “Classe Estudantil”, da extinta Rádio D’El Rey (RJ), apresentado por Ayres Filho e que foi o primeiro programa transmitido por uma rádio FM carioca dedicado exclusivamente aos estudantes de 1º e 2º graus. No ano seguinte, participou da produção do programa “Onda 82”, da TV Educativa (RJ), também apresentado por Ayres Filho. Em março de 1983, o cronista Jota Efegê escreveu, em “O Globo”, que “Luiz Antônio de Almeida prova que a mocidade, mesmo na onda de inovações musicais dominantes, não esqueceu as figuras que, muito antes, já contribuíam para o renome alcançado pela música brasileira, à qual Nazareth deu sólida contribuição”. Nesse mesmo ano, como assistente de redação e publicidade, ainda exerceu atividades junto ao jornal “Rio-Hoje”, de Jacarepaguá. Em 1984, como produtor-executivo, fez parte, com Paulo Val, da equipe que levou ao ar pela TV Record (RJ) o programa “Super Onda”, independente apresentado por Ayres Filho.
Já em setembro, de 1985, aos vinte e três anos, no Palácio dos Bandeirantes (SP), em solenidade presidida pelo governador André Franco Montoro, recebeu a medalha de prata do “Prêmio Moinho Santista”, na área da música erudita e popular. As medalhas de ouro ficaram com Oscar Niemeyer, arquitetura, e Bruno Giorgi, escultura. Na mesma época, como funcionário do Banco Nacional, tornou-se responsável pelo acervo documental do político José de Magalhães Pinto. Em 1986, a Prefeitura de Santa Rita do Passa Quatro (SP) o agraciou com o “Troféu Tico-Tico de Ouro”, pelo interesse na divulgação da obra do compositor Zequinha de Abreu, seu primo.
Incansável, também, na preservação do cancioneiro nacional, já se apresentou interpretando obras de Catullo da Paixão Cearense, Zequinha de Abreu e Francisco Mignone na Casa de Ruy Barbosa (Projeto “Mignone na Casa de Ruy”), Associação Brasileira de Imprensa (Projeto “Seis e Meia da ABI”, sob direção de Ary Vasconcelos) e Espaço Cultural Finep. Participou, ainda, de recitais-comentados e palestras em instituições como BNDES (com João Máximo e Turíbio Santos), Casa de Cultura Laura Alvim, Centro Cultural Francisco Mignone, Escola de Música Villa-Lobos, Espaço Cultural Ernesto Nazareth (Clube Ginástico Português), Petrobrás e Salão Nobre do Jockey Club (com Guilherme Figueiredo e Agenor Rodrigues Valle); sendo conveniente lembrar que, na maioria desses eventos, esteve acompanhado pelas pianistas Maria Alice Saraiva, de saudosa memória, Maria Josephina Mignone e Yuka Shimizu, jovem artista japonesa aqui radicada.
Em programas de rádio, foi entrevistado por Ayrton Pisco, Gerdal dos Santos (Projeto Minerva), Jonas Vieira, Jota Carlos, Lauro Gomes (Música e Músicos do Brasil, Sala de Concerto e Ciclo), Luiz Carlos Saroldi, Ney Hamilton e Virgínia Portas, entre outros; e de televisão por Arnaldo Niskier, o saudoso J. Silvestre, Jô Soares, Kátia Chalita, Lúcia Leme, Maria Manso, Sandra Cavalcanti, Vera Barroso, etc. Escreveu textos de contracapas e encartes para LPs e, mais tarde, CDs, de artistas como Antonio Adolfo, Miguel Proença, Beatriz Liccurci, Maria Josephina Mignone, Maria Teresa Madeira, Míriam Ramos, Ronaldo do Bandolim, Rosana Lanzelotte, Tânia Mara Lopes Cançado e Yuka Shimizu, sempre com obras de Nazareth, Mignone e Zequinha.
Em março de 1991, tornou-se sócio fundador do Centro Cultural Francisco Mignone e membro do seu Conselho Fiscal. No mesmo ano, por indicação do pesquisador Jairo Severiano, foi o responsável pela pesquisa biográfica de Ernesto Nazareth utilizada em programa da televisão BBC, canal 2, de Bristol, Inglaterra, intitulado “Tango Brasileiro”, com a apresentação do pianista norte-americano Joshua Rifkin e direção do britânico Tony Staveacre. Mais tarde, também colaborou com editoras nos Estados Unidos (1993) e Japão (1995) junto à publicação da obra de Nazareth naqueles países. No dia 3 de março de 1993, ao participar do programa “Jô Soares - Onze e meia”, no SBT, falando a respeito de Nazareth, foi recebido pelo conhecido humorista e apresentador com as seguintes palavras: “Ninguém entende mais de valsas e chorinhos do que ele!...” A entrevista, inclusive, terminou na voz do convidado cantando “Brejeiro”, de Nazareth, com letra de Catullo e acompanhamento do então “Quinteto” (hoje “Sexteto”), formado por Bira, Derico, Miltinho, Osmar e Rubinho, de saudosa memória.
Em 1996, tomou parte, com Vasco Mariz e Aloysio de Alencar Pinto, na confecção do CD-ROM “Ernesto Nazareth - Rei do Choro”. Aos 20 de março de 1997, na gestão do jornalista e escritor Jorge Roberto Martins, oficializou-se a doação do piano de Ernesto Nazareth à Fundação Museu da Imagem e do Som (RJ). Esse instrumento, juntamente com a escultura em bronze de Auguste Rodin, “O beijo” (uma das oito réplicas existentes em coleções particulares), oferecida ao MNBA pelo casal Lily e Roberto Marinho, foram consideradas pela imprensa como as duas mais importantes doações feitas à instituições culturais do Rio de Janeiro, naquele ano. Ainda em 1997, viu publicado pela Funarte o livro “Francisco Mignone - O homem e a obra”, tendo participado da elaboração dos capítulos “Mignone e o canto cênico” e “Bibliografia”, respectivamente com Zito Baptista Filho, decano da crítica musical brasileira, e Vasco Mariz, pesquisador e biógrafo de Villa-Lobos.
Em 2003, escreveu os encartes dos CDs “Ernesto Nazareth - Mestres Brasileiro” - Vols. I e II, da pianista Maria Teresa Madeira, produzido por Marcus Viana, sendo o segundo volume indicado ao Grammy Latino na categoria de “Melhor Álbum Clássico”. Em agosto, do mesmo ano, na gestão de Edino Krieger e Valéria Peixoto, começou a trabalhar na Fundação Museu da Imagem e do Som-RJ, primeiramente no “Setor Fitas de Áudio”, com Marilza Riça, depois na “Coleção Rádio Nacional” (2004), com Adua Nesi, na “Discoteca Pública do Estado” (2005), por dois meses, com Flávio Silva, e no projeto de digitalização de 20 mil partituras e arranjos do acervo da FMIS; quando, então, após identifica-los, trouxe a público alguns raríssimos manuscritos-autógrafos, entre os quais: “O salutares”, do violinista cubano Joseph Silvestre White (Petrópolis, 25 de abril de 1880), “Noite de luar”, de Heitor Villa-Lobos (julho de 1913), e “Unidos venceremos”, marcha de Zequinha de Abreu (1932). Ainda em 2004, recebeu significativo verbete biográfico no “Dicionário Ricardo Cravo Albin”, produzido pelo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin) e veiculado na Internet.
Em 29 de abril de 2005, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o Museu Bispo do Rosário e o Atelier de Arte Livre ofereceram a Luiz Antonio, uma placa com as seguintes palavras: “Por ocasião da Mostra de Artes Plásticas ‘Um Sentimento de Nazareth’, nos sentimos honrados em assinar a presente placa pelos seus relevantes serviços prestados à Cultura Brasileira.” No mesmo ano, foi convidado a escrever o prefácio do livro “Ernesto Nazareth - Pianeiro do Brasil”, de Haroldo Costa, cedendo, a mesma obra, material iconográfico de sua coleção particular.
Já em 2006, sob a gestão de Nilcemar Nogueira e Lygia Santos à frente da FMIS, retornou à “Coleção Rádio Nacional”, passando a dedicar-se à informatização de seus 30 mil discos de 78rpm. Logo depois, participou do projeto de transformar o Samba em Patrimônio Histórico Imaterial do Brasil, sob os auspícios do Centro Cultural Cartola e IPHAN, e recebeu verbete e citações no importante dicionário de “Antonio Houaiss & Ricardo Cravo Albin”. Em 6 de agosto e 7 de setembro, respectivamente, foi contemplado com as seguintes palavras enviadas pelo maestro Eduardo Souto Neto: “Você é um grande pesquisador da nossa música, querido e respeitado no meio musical. Um craque verdadeiro!” e “Você merece não só a minha amizade como o meu respeito e admiração por seu maravilhoso e fundamental trabalho dedicado à nossa cultura.” E aos 5 de dezembro, no Plenário Teotônio Vilela, do Palácio Pedro Ernesto, a então Vereadora Aspásia Camargo passou às suas mãos uma “Moção de Congratulações pela atuação em defesa da memória da música brasileira”.
Pouco depois, em 3 de janeiro de 2007, Jorge Roberto Martins lhe enviou as seguintes palavras: “Luiz Antonio, não só divido como palavras acrescento, além do justo reconhecimento, uma homenagem à música brasileira que, por pessoas como você, resistirá sempre à mediocridade”. Quanto à sua participação junto à gestão de Rosa Maria Barboza de Araújo e Ana de Hollanda, tornou-se, após abertura ao público, em 1º de agosto de 2007, o primeiro chefe da Sala de Atendimento aos Pesquisadores do Museu da Imagem e do Som (sede Lapa).
Em 2008, coordenou pesquisa e escreveu prefácio para “Catullo da Paixão - Vida e Obra”, biografia do poeta Catullo da Paixão Cearense, escrita por Haroldo Costa, e procurou “resgatar” de um destino insólito, com o apoio da família de Lúcio de Oliveira Mesquita, a preciosíssima “Coleção Rádio Sociedade” (primeira emissora de rádio do Brasil), iniciativa que renderiam, no ano seguinte, palavras de apoio, das quais se destacam: “Luiz Antonio, meu bravo e memorável amigo, de quem me orgulho, a cada dia mais, de ser colega”, Ricardo Cravo Albin (23 de novembro de 2009); “Abraço e parabéns por mais essa sua atuação em prol de nossa memória cultural”, Jairo Severiano (26 de novembro de 2009); “Parabéns pelo seu empenho em salvar mais uma valiosa fatia do rádio brasileiro”, Luiz Carlos Saroldi (2 de dezembro de 2009).
Em maio de 2009, convidado pelo produtor Lauro Gomes, da Rádio MEC-FM, apresentou-se no programa “Música e Músicos do Brasil”, dedicado aos 180 anos de nascimento do compositor norte-americano Louis Moreau Gottschalk. E, aos 4 de dezembro, participou do programa “Sala de Concerto”, também da Rádio MEC-FM e produzido por Lauro Gomes, no qual a pianista Maria Teresa Madeira interpretou, ao vivo, obras de Gottschalk, em homenagem aos 140 anos da morte desse compositor. Foram as duas principais homenagens prestadas no Rio de Janeiro (onde faleceu, em 18 de dezembro de 1869) à memória do primeiro artista clássico das Américas a produzir obras a partir de temas negros e populares. Pela mesma MEC-FM, há quase trinta anos vem sendo convidado por Lauro Gomes a tomar parte de programas em homenagem à personalidades da música, tais como Alexandre Levy, Eduardo Souto, Ernesto Nazareth (três programas), Francisco Mignone, Luiz Levy (dois programas) e Zequinha de Abreu.
Em 25 de setembro de 2010, o Instituto Cultural Cravo Albin concedeu-lhe o “Diploma Ernesto Nazareth”, pelos relevantes serviços prestados ao centenário gênero musical carioca. Em 2011, com o pesquisador Cacá Machado, participou do projeto “Todo Nazareth”, responsável pela publicação da obra completa de Ernesto Nazareth, contando com iconografia, cronologia e catálogo da obra. De julho a agosto de 2012, ajudou na identificação de aproximadamente 4 mil fotografias doadas ao MIS pelo jornalista e pesquisador Sérgio Cabral. Pouco depois, com Alexandre Dias, Paulo Aragão e apoio do Instituto Moreira Salles, passou a colaborar com o site “Ernesto Nazareth 150 Anos”, criado para homenagear a memória do compositor no ano do seu sesquicentenário (2013); e, ainda, pela Rádio MEC-FM, com produção de Lauro Gomes, participou de 21 programas da série “Ciclo”, todos dedicados ao grande músico.