Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
A FLORISTA (1909)
A FLORISTA (1909)
Por E. Bevilacqua & Cia., sob encomenda da Casa Mozart, saiu a primeira edição da cançoneta A florista (Ch. nº 6474), dedicada a Maria de Lourdes, filha do compositor, e com versos de Francisco Telles.
Em 1995, a atriz Tereza Briggs, na companhia do pianista e pesquisador inglês Michael Stone, apresentou-se, aqui no Rio de Janeiro, cantando e dançando em musical intitulado “Ernesto Nazareth - Feitiço não mata”. Trajando impecável figurino de época, Tereza, em minha opinião, alcançava o seu melhor momento no espetáculo quando interpretava essa música; pois, ao sair distribuindo flores entre algumas pessoas da platéia, com uma cestinha na mão, ela, sem que jamais lhe tivesse revelado a coincidência, praticamente repetia a mesma mise-en-scène de “Marietta”, nos saraus de casa, acompanhada ao piano por seu famoso pai. Vamos à letra:
A FLORISTA - LETRA
Sou florista bem garbosa
Tenho um jeitinho para agradar
Como eu sou gentil, donairosa
Faço cestinhos de encantar
Sou formosa e brejeira
De paixão bandoleira
Tão querida e faceira
Não cuido de amores
Só vivo das flores
Faço co’as flores perfumosas
Mimoso ramo em perfeição
Tenho cravos, jasmins e rosas
E a mais linda flor em botão
Sou gentil tão mimosa
Mas também cautelosa
Sendo assim tão ditosa
Não cuido de amores
Só vivo das flores
Outro dia, um moço elegante
Quis galanteios dizer-me enfim
Pois, eu, vendo-lhe este rompante
Fiz calar-lhe dizendo assim:
Se quiser um raminho
Compre aqui baratinho
Não dou trela a mocinhos
Nem cuido de amores
Só vivo das flores