Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
EUROPA - UM SONHO IMPOSSÍVEL
EUROPA - UM SONHO IMPOSSÍVEL
Entusiasmados com o sucesso de Ernesto, seus tios Ludovina e Júlio resolveram enviá-lo à Europa para aperfeiçoar-se, pois julgavam que somente assim ele poderia se tornar um músico realmente respeitado.
A educação musical, no fim do século XIX, estava em tão precárias condições que artistas nacionais, dotados de acentuada tendência para essa arte, viam-se obrigados a viajar para o Velho Continente em busca de ensinamentos metódicos, mestres conscientes e, sobretudo, idôneos. Mas, uma viagem à Europa, principalmente com finalidade educativa, não era acessível a todas as bolsas!...
Baptista Siqueira
SIQUEIRA, (João) Baptista. Ernesto Nazareth na Música Brasileira; ensaio histórico-científico. Gráfica Editora Aurora Ltda. Rio de Janeiro, 1967;
O jovem ficou deslumbrado ante a possibilidade de viajar. Mas apesar de todos os esforços, a falta de recursos malogrou seus sonhos. A partir daí, abalado em sua autoconfiança, passou a cultivar um certo complexo de inferioridade, nunca superado.
Pobre Ernesto!... Ninguém jamais lhe falou que, para a música brasileira, a sua não ida ao Velho Mundo não tivera importância.
Vejamos alguns exemplos: Carlos Gomes, Leopoldo Miguèz, Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno e Francisco Mignone. Todos estudaram na Europa e de lá voltaram extremamente influenciados pela música do Velho Mundo. O próprio Oswald acha graça quando se referiam a ele como nacionalista... E dentre os citados, somente Nepomuceno e Mignone (orientado por Mário de Andrade) procuraram desenvolver obras com tendência nacionalista.
Ademais, se na música do nosso pianista já encontramos acentuada influência européia, sem ele jamais ter posto os pés naquele continente, imaginemos, então, o pastiche no qual sua obra poderia ter se transformado se tal viagem realmente se realizasse!...