Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
FUNDAÇÃO GAFFRÉE E GUINLE (1933)
FUNDAÇÃO GAFFRÉE E GUINLE (1933)
No dia seguinte em que se deflagrara a “Revolução”, portanto aos 10 de julho, com o agravamento de seu quadro neurológico, Ernesto Nazareth foi internado no Hospital de Neuro-Sífilis da Fundação Gaffrée e Guinle, que funcionava, à época, em um pavilhão anexo ao Hospício D. Pedro II, na Praia Vermelha (atualmente Palácio da Reitoria da UFRJ).
E após uma série de exames, entre os quais o de punção do líquido da coluna vertebral, diagnosticou-se prontamente a tabo-paralisia, ou seja: a sífilis.
Que eu me lembre, seu diagnóstico era sífilis malígna quaternária: tabo-paralisia. A sífilis tem três fases distintas: a primeira é a genital; depois aparece na pele. Por fim, atinge a parte interna, um órgão qualquer ou o cérebro, o sistema nervoso.
Dr. Heitor Carpinteiro Péres
CARPINTEIRO PÉRES, Heitor. Entrevista concedida ao autor, por telefone. RJ, 21 de outubro de 1989;
Nazareth não havia perdido, porém, inteiramente, a memória; vivia num universo diferente, onde as imagens se confundiam num ilimitado sonho de agitação. Muitos admiravam, é certo, alguns gestos esquisitos, mas os psiquiatras não se enganaram: “ - Infelizmente, nada temos a fazer diante de uma forma incurável de loucura! Sabemos que isso é brutal, mas, precisamos salvar a família.”
Baptista Siqueira
SIQUEIRA, (João) Baptista. Ernesto Nazareth na Música Brasileira; ensaio histórico-científico. Gráfica Editora Aurora Ltda. Rio de Janeiro, 1967;
Como a doença era cercada de preconceitos, como a Aids de hoje, a família e os amigos foram rareando e se fez silêncio sobre ele. (...) Eu era muito criança e como as crianças não andavam na sala, naquela época, me lembro pouco de tio Ernesto, apesar de ele ter sido muito amigo de meu avô, Cândido.
Zilka Salaberry
SALABERRY, Zilka. O piano. Entrevista concedida ao Jornal do Brasil, na presença do autor. Rio de Janeiro, 22 de março de 1997;