Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ALCYR PIRES VERMELHO
ALCYR PIRES VERMELHO
Por sua vez, o seguinte me relatou Alcyr Pires Vermelho, pianista e compositor mineiro (autor de Tic-tac do meu coração, Canta Brasil e Paris, entre outros sucessos), nascido em Muriaé, aos 8 de janeiro de 1906, e falecido no Rio de Janeiro, em 24 de maio de 1994.
(...) eu era assíduo freqüentador da Casa Vieira Machado. Nazareth era calmo, muito querido. Tocava mais o que era dele. O pianista da casa era um mulato chamado Souza (Bequinho?). O lugar era freqüentado pelo José Maria de Abreu, o José Francisco de Freitas, autor de “Dorinha, meu amor”, o pai da Carolina, Oswaldo Cardoso de Menezes, Pixinguinha, Guilherme Fontainha (proprietário da casa), Freire Jr. e o José Nunes Sampaio, o “Careca”. Já o Pixinguinha tinha muita intimidade com ele e uma vez disse, só de galhofa, pois sabia que o compositor não o estava escutando: “ - Nazareth, vem ver que mulher bonita está passando na rua!... Ih, ela quer falar com você!...” Ele, muito surdo, continuava no piano tocando... Alguns diziam para que Pixinguinha não fizesse assim com o “velho”, mas não adiantava... Os dois eram amigos de longa data e tinham esta intimidade. Quando Nazareth começava a tocar, começava a juntar pessoas na rua para ouvi-lo e ficavam perguntando quem era ele. Ele tocava com os cotovelos muito presos ao corpo, passando uma impressão nervosa, mas tirando uma grande sonoridade. Ficava muito curvado. Era uma interpretação muito dele para ele. Era um nervosismo de gênio!...
Alcyr Pires Vermelho
PIRES VERMELHO, Alcyr Pires. Entrevista concedida ao autor, por telefone. RJ, 23 de março de 1989.