Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
BENTO D’ÁVILA (1932)
BENTO D’ÁVILA (1932)
Além da troca de domicílio, fez-se necessária a contratação de alguém para acompanhar o doente. Surgindo, assim, a figura de Bento Manuel Moreira de Ávila, rapaz de 24 anos, não muito alto, porém musculoso, que se tornaria enfermeiro particular de Ernesto Nazareth de novembro de 1932 até 1º de fevereiro de 1934, quando do falecimento do compositor.
Em outubro de 1979, tive oportunidade de fazer uma longa entrevista com Bento d’Ávila (como todos o chamavam), em sua casa, à Rua Souto, Cascadura. Nascido em 1908, ele ainda estava forte e bem disposto, portanto, diferente do homem que encontrei pela última vez, dez anos depois, próximo do 80º aniversário e carregando as seqüelas de um acidente vascular cerebral.
A partir de agora transcreverei, por partes, esse depoimento que julgo tratar-se de um dos momentos mais significativos da presente biografia.
O meu diretor, que era diretor da Colônia (Juliano Moreira) nessa época, Dr. Sampaio Corrêa (irmão do então Prefeito do Distrito Federal). O administrador era o Antonio Gouvêia de Almeida. Esse cara (o administrador) é que tinha relações de amizade com a Dona Eulina, a filha dele... Eu era um camarada independente lá (na Colônia). Eu cuidava de doentes, três doentes: tinha um chamado Álvaro, que era do Espírito Santo, era plantador de café, fazendeiro de café, cheio do dinheiro, meio esquizofrênico; o outro era o Alceu e o Ênio, quintoanista de engenharia. Então, eu cuidava desses três caras... Por eu não ter vínculo com a administração pública, o Almeida me escolheu para ficar com o Nazareth na casa dele, na Rua dos Araújos (Travessa Dr. Araújo).
Bento d’Ávila
ÁVILA, Bento Manuel Moreira de. Entrevista concedida ao autor. RJ, 1979;