Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
CLUBE DO ENGENHO VELHO (1883)
CLUBE DO ENGENHO VELHO (1883)
Aos 21 de julho, sábado, realizou-se no Clube do Engenho Velho, situado no bairro do mesmo nome, recital com a participação de Ernesto Nazareth. Devemos observar a presença de Alfredo Bevilacqua (1846/1927), um dos mais importantes professores de piano da Corte, o que asseguraria uma certa excelência em relação à qualificação artística dos musicistas participantes. Bevilacqua seria responsável, juntamente com Leopoldo Miguèz, pela criação, em 1891, do Instituto Nacional de Música, em substituição ao Imperial Conservatório de Música; assumindo, ali, a cátedra de piano e fundando, posteriormente, a “nova” escola pianística brasileira.
CLUB DO ENGENHO VELHO - Realizou-se ante-hontem o 10º concerto dessa sociedade. A escolha do programma foi feliz e satisfactoria a sua execução. Entre os executantes notava-se o Sr. Asioli, actual violoncellista do imperial theatro D. Pedro II, que executou dous belos trechos, e o Sr. Alfredo Bevilacqua, que acompanhou ao piano duas suas discipulas as quaes merecêrão applausos pela certeza e correcto que imprimirão á musica. Tambem forão applaudidos outros trechos do programma, assim organisado: Iª parte - Cerimeli, fantasia do Rigoletto, para piano a quatro mãos, pela Sra. D. Eulalia Leal e o Sr. Ernesto de Nazareth; Rotoli, Nocturno de Chopin, para barytono, pelo Sr. Max Krutisch; Ricardo F. de Carvalho, Mimosa, mazurca de salão, pela Sra. D. Violante Quintal; Adam, Si j’etais, roi, aria de soprano, por Mme. Claudio da Silva; Schubert, Sehnsucht, melodia para violoncelo, pelo Sr. Asioli; Ronconé: Le Pirate, dueto de soprano e barytono, pela Sra. D. Maria Faria e o Sr. Ribeiro. 2ª parte - Herold: Ouvertura de Zampa, para dous pianos e oito mãos, pelas Sras. DD. Violante Quintal, Emma e Amalia Weguelin e o Sr. Alfredo Bevilacqua; Mercadante: Il sogno, romanza para barytono, com acompanhamento de violoncelo, pelos Srs. Max Krutisch e Asioli; Canonica: grande fantasia do Rei de Lahore, de Massenet, para piano, pela Sra. D. Amalia Weguelin; Maillard: La croix de Marie, grande aria de soprano, pela Sra. D. Maria Faria; Ravina: fantasia do Euryanthe, de Weber, para dous pianos, por Mlle. Mello Mattos e o Sr. Alfredo Bevilacqua. Seguio-se um animado baile.
JORNAL DO COMMERCIO. Rio de Janeiro, 23 de julho de 1883;