Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
HOMENAGENS (1934-1963)
No presente capítulo, passo a enunciar as homenagens mais importantes, ou mesmo singelas, que a arte e o nome de Ernesto Nazareth vêm recebendo, desde a morte do artista; acrescentando, ainda, algumas datas referentes ao falecimento de familiares e principais intérpretes. Já em relação ao critério utilizado nessa seleção, certamente foi pessoal. Porém, acredito que nenhum leitor discordará do resultado alcançado; podendo, sim, cobrar do autor, em edição futura, a inclusão de algo que se tenha, involuntariamente, deixado de registrar.
1934
1) 20 de março - Radio Mayrink Veiga - (...) das 21.30 ás 22 horas - Programa especial de composições do finado Ernesto Nazareth, commemorativo ao primeiro mês de sua morte, com a orquestra de concertos (...). (Jornal do Brasil);
2) 8 de novembro - Theatro Municipal - Evento promovido pelo Departamento de Educação. Participação dos professores Dr. Anísio S. Teixeira, Dr. Antonio Carneiro Leão, Eulina de Nazareth e Maria Mercêdes Mendes Teixeira. Na ocasião, ouviu-se o “Hino da Cultura de Afeto às Nações”, de Ernesto Nazareth, com arranjo de Villa-Lobos para côro a capella.
1938
1) 15 de fevereiro - Vasco Lourenço da Silva Nazareth, pai de Ernesto Nazareth, completou 100 anos de idade;
2) Dezembro - Revista “Pranove” - Artigo da escritora e pesquisadora Mariza Lira, para a seção “Galeria Sonora”.
1939
1) 15 de fevereiro - Vasco Lourenço da Silva Nazareth, pai de Ernesto Nazareth, completou 101 anos de idade;
2) 18 de maio - Casamento de Moacyr Nazareth e Antonietta de Oliveira (Nazareth). Desse matrimônio nasceram: Marina de Oliveira Nazareth (1940) e Mário Nazareth Neto (1943);
3) 12 de outubro - Theatro Municipal (RJ) - Evento em homenagem ao “Dia do Mar”, organizado pela Liga Naval Brasileira. O pianista Radamés Gnattali interpretou uma “Fantasia” a partir de obras de Nazareth;
4) 2 de dezembro - Festival Ernesto Nazareth - Salão Leopoldo Miguèz - Escola Nacional de Música (RJ). Participação de Brasílio Itiberê (conferencista), dos pianistas Mário de Azevedo, Carolina Cardoso de Menezes, Arnaldo Rebello, Henrique Vogeler e do flautista Dante Santoro, acompanhado por seu regional;
5) “The History of Vernon and Irene Castle” - Filme da RKO Pictures, estrelado por Fred Astaire & Ginger Rogers, no qual a célebre dupla se apresenta dançando o maxixe “Dengoso”, de Ernesto Nazareth;
1940
1) 11 de fevereiro - faltando 4 dias para completar 102 anos de idade, faleceu, no Rio de Janeiro, de causas naturais, Vasco Lourenço da Silva Nazareth, pai do compositor Ernesto Nazareth;
2) Nascimento de Marina de Oliveira Nazareth, filha do casal Moacyr Nazareth e Antonietta de Oliveira Nazareth.
1943
1) 9 de julho - Casamento de Maria Cecília Leal Gusmão (primeira bisneta de Joanna de Meirelles Nazareth) com Wilson Wellisch. Dessa união nasceram seis filhos;
2) 17 de outubro - Theatro Municipal (RJ) - 17º aniversário da Sociedade Científica Supermentalista (!). Estiveram presentes os Srs. Getúlio Vargas, Presidente da República, e Henrique Dodsworth, Prefeito do Distrito Federal. Na ocasião, a senhorita Elzinha A. Pereira interpretou, ao piano, a polca “Não caio n’outra!!!”;
3) 29 de outubro - Theatro Municipal (RJ) - Festa da “Maratona Intelectual”. Espetáculo de variedades, com alunos de diversos colégios, entre estes, do Ginásio Vera-Cruz, os futuros atores Jorge Cherques e Nathalia Timberg. A jovem Haydée Guimarães Gonçalves, do Instituto La-Fayette, dançou o “Brejeiro”;
4) Lançamento de cinco discos (78rpm) com 10 músicas de Ernesto Nazareth, pelo pianista Custódio Mesquita e sua orquestra. Gravadora Victor.
1944
1) 1º de fevereiro - 10 anos da morte de Ernesto Nazareth.
1945
1) 16 de janeiro - Ondas Musicais apresentam Brasilio Itiberê - Hoje, o ilustre musicógrafo (sic) estudará a obra de Ernesto Nazareth, na segunda palestra da série “A Fisionomia Racial da Música Brasileira”, que terá a colaboração ao piano do prof. Arnaldo Rebello. Das 13 ás 14 horas, pelas emissoras: Tamoio, Jornal do Brasil, Nacional, Cruzeiro do Sul, Globo, Mayrink Veiga e Guanabara. Organizador: J. W. Campos. Locutor: Celso Guimarães. Cia. de Carris, Luz e Fôrça do Rio de Janeiro Ltda. (Jornal do Brasil);
2) 3 de junho - Theatro Municipal (RJ) - Concerto da Orquestra de Cordas. Sob a regência de A. Martinez Grau, ouviu-se o tango “Tenebroso”;
3) 14 de julho - Fundação da Academia Brasileira de Música por Heitor Villa-Lobos, sendo Ernesto Nazareth patrono da Cadeira de nº 28.
1947
1) “Road to Rio” - Filme estrelado pela dupla Bing Crosby & Bob Hope, no qual se aproveitou, como fundo musical de uma cena, a polca “Apanhei-te, cavaquinho!...”
1948
1) 27 de agosto - Falecimento do compositor e regente Oscar Lorenzo Fernândez, deixando o esboço de uma “Suíte Nazarethiana”;
2) 11 de setembro - Theatro Municipal (RJ) - Apresentação do regente Peter Kreuder e seus solistas rítmicos. Na ocasião, ouviu-se “Brejeiro”;
3) 10 de dezembro - Pontos de Vista - Catulo e Nazareth - A lembrança carinhosa do sr. Francisco Assumpção Ladeira de homenagear Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense, dando-lhes os nomes de ruas desta Capital, por si só já bastaria para pôr em claro importante circunstância: a de um vereador que somente cogita de coisas graves e eficientes e que, em dado momento, deixa esse campo e proclama, transformando o tema eficiente, duas glorias nacionais que não podem ficar esquecidas. Certamente Catulo Cearense, como ser de mais estima linhagem no verso e nos assuntos, não é incomparável como se diz, porque Juvenal Galeno e muitos cantadores registrados por Leonardo Motta chegam, n’algumas vezes, a ser superiores a Catulo. Mas, o fato é que Catulo tem o valor do divulgador. A ele se deve a entrada do violão na sociedade brasileira, instrumento que dantes era privilegio do calaceiro e do delinqüente. E só isto, quando não haja outros titulos a mencionar, já é bastante para que veja quanto é justa a homenagem que o edil justificou com longo arrazoado de fundo biografico. Quanto a Ernesto Nazareth, porém, nenhuma restrição há por fazer. Foi ele o que criou a dança urbana do maxixe, em bases semi-eruditas, tanto que de Chopin andam sempre povoadas as suas obras. É, pois, o representante de um genero, que é superior ao padrão popularesco, guarda elementos populares e observa bases harmonicas de origem erudita. É verdade, tambem, que a origem do maxixe é controvertida. Uns há que situam o seu aparecimento nos fins do seculo passado, quando um “Maxixe” (alcunha de pessoa) dançou um lundu de modo especial, o qual, imitado, tomou o alcunha do precursor; outros há, como professor Lindolpho Gomes, que entendem que “maxixe” tem o nome tirado da comparação do fruto (tambem conhecido como Maxuxo ou Xuxu); finalmente, há quem diga que vem de Machice (e não Maxixe), região de Lourenço Marques (Africa portuguesa), onde havia qualquer dança analoga. Mas, não há esquecer que Nazareth usou para as suas danças (de caracteristica rigorosamente instrumental e detestando sempre a coreografia) o nome: “tango brasileiro”. Pouco importa isto. O fato é que ele é um criador magnifico e merece homenagem. (Diário da Noite - S.Paulo);
4) “Melodies Times” (Blame in to the Samba) - Desenho produzido por Walt Disney, no qual Pato Donald & Zé Carioca, “acompanhados” pela célebre organista Ethel Smith, dançam a polca “Apanhei-te, cavaquinho!...”, de Ernesto Nazareth.
1949
1) 13 de janeiro - O compositor e regente Mozart Camargo Guarnieri terminou seu “Ponteio nº 19 - Homenagem a E. Nazareth”
2) 17 de agosto - Rádio Nacional (RJ) - No programa “Contemporâneo de meu pai”, foi apresentada uma versão orquestrada da polca “Apanhei-te, cavaquinho!...”.
1950
1) 22 de outubro - Theatro Municipal (RJ) - Concerto de acordeão, por Mário Mascarenhas e seus alunos. Interpretou-se, na ocasião, o tango “Odeon”, de Ernesto Nazareth.
1951
1) 5 de abril - O pianista argentino Heriberto Muraro gravou para a Odeon (13.130-B), com orquestra, o choro “Ernesto Nazareth”, de sua autoria;
2) 5 de abril - Rádio Nacional (RJ) - No programa “Um fio de melodia”, o pianista Heriberto Muraro interpretou a valsa “Turbilhão de beijos”, de Ernesto Nazareth;
3) 12 de julho - Rádio Nacional (RJ) - No programa “Um fio de melodia”, a orquestra da rádio interpretou a valsa “Confidências”, de Ernesto Nazareth;
1952
1) 26 de outubro - Theatro Municipal (RJ) - Apresentação do “Orfeão Nazareth”, criado por alunos da Escola Princesa Isabel;
2) 7 de novembro - Falecimento de Moacyr Nazareth, aos 55 anos. Deixou viúva, Antonietta de Oliveira Nazareth, e dois filhos, Marina e Mário Neto.
1953
1) Lançamento de “An autobiography-notes without music”, de Darius Milhaud, por New York, A. A. Knopf., publicação na qual o compositor francês refere-se a Nazareth em um capítulo dedicado às suas lembranças do Brasil.
1954
1) 28 de janeiro - Rádio Ministério da Educação (atual Rádio MEC) - Sob a direção do pesquisador Mozart de Araújo, foi ao ar o primeiro dos quatro programas “Falando de Música”, dedicados à Ernesto Nazareth, nos vinte anos de sua morte;
2) 1º de fevereiro - 20 anos da morte de Ernesto Nazareth;
3) 4 de fevereiro - Rádio Ministério da Educação (atual Rádio MEC) - Sob a direção do pesquisador Mozart de Araújo, foi ao ar o segundo dos quatro programas “Falando de Música”, dedicados à Ernesto Nazareth, nos vinte anos de sua morte. Participações especiais de Eulina de Nazareth e Maria Mercêdes Mendes Teixeira;
4) 10 de fevereiro - Artigo alusivo aos vinte anos da morte de Ernesto Nazareth, de autoria do pesquisador e crítico musical Andrade Muricy. (Jornal do Commercio);
5) 11 e 18 de fevereiro - Rádio Ministério da Educação (atual Rádio MEC) - Sob a direção do pesquisador Mozart de Araújo, foram ao ar, respectivamente, o terceiro e quarto (último) programas “Falando de Música”, dedicados à Ernesto Nazareth, nos vinte anos de sua morte;
6) Abril - Falecimento de Guilhermina Adelaide de Meirelles Nazareth, a “Nhanhã”, aos 91 anos, cunhada do compositor. Viúva, deixou três filhas: Maria, Zillah e Julita.
1956
1) 20 de março - Auditório do Ministério da Educação e Cultura (Palácio Gustavo Capanema) - Solenidade comemorativa pelo Jubileu de Ouro (1906-1956) do magistério da Profª Eulina de Nazareth. Na ocasião, ouviu-se: “Coração que sente” e “Brejeiro”, pela Banda de Música Anchieta, da Escola 7-1 Celestino Silva, regência do Prof. Jorge Ferreira da Silva e “Salve, salve as Nações Reunidas”, com letra adaptada, pelo Orfeão dos Professores (arranjo de Villa-Lobos) e regência do Chefe do SEMA. Prof ª Maria Augusta Joppert;
2) 8 de setembro - Theatro Municipal (RJ) - Comemoração pelo 20º aniversário da Rádio Nacional. Sob a regência de Radamés Gnattali, a orquestra da rádio executou “três composições de Ernesto Nazareth”.
1957
1) 8, 15, 22 e 29 de setembro - Nesses dias, respectivamente, saíram publicados, em o “Diário de Notícias”, na coluna Brasil Sonoro, da pesquisadora e escritora Mariza Lira, série de quatro artigos concernentes a Ernesto Nazareth, intitulados “Tango Brasileiro”.
1959
1) 26 de fevereiro - Dados sobre a morte de Ernesto Júlio de Nazareth, colhidos na Colônia Juliano Moreira, por Jacob (do Bandolim), com o Sr. Medrado (secretário do sub-diretor da Colônia), à época funcionário de outra categoria e que residia ali, conhecendo pessoalmente Nazareth e que, com permissão do sr. Quintanilha, sub-diretor, me exibiu a ficha do doente e seu registro no livro de entradas. Não se fotografava os doentes por falta de equipamento não havendo, assim, retrato de seu estado ao dar entrada. O informante, dada a serenidade e o cuidado com que prestou as informações, merece crédito. Diz ele: que, com 70 anos de idade, Nazareth deu entrada na Colônia e, depois de algumas melhoras, freqüentava assiduamente a residência do sr. Almeida, funcionário da Colônia, hoje aposentado, onde tocava piano mas que, com poucos minutos, embaralhava os temas tendo que parar. Este sr. (Almeida) prestou depoimento no inquérito aberto para apurar a morte de Nazareth, já que era considerado seu mais íntimo na Colônia; que, no dia 1-2-34 foi constatada a fuga de Nazareth através a bandeira da porta de seu quarto. Organizada rigorosa busca com auxílio, inclusive, da polícia, foi ele procurado na Taquara e no Tanque, já que um negociante, português, informara que vira passar um sr. alto, de cabelos grisalhos, trajando pijama, parecendo evadido da Colônia. Foi vasculhado o bairro de Jacarepaguá até a Freguesia, sem resultado e que, no dia 4-2-34, às 17,30 (!) (domingo), estando Medrado na varanda de sua casa foi chamado por um doente que dizia haver um corpo flutuando na represa da Colônia, distante 1,500 mts., mais ou menos, do centro administrativo; que, de fato, ali foi encontrado Nazareth, morto, sendo conduzido por vários funcionários, inclusive Medrado; que o fato chocou brutalmente a família de Nazareth; que D. Eulina Nazareth gratificava dois pseudo-guardas da Colônia (aguardavam vaga para nomeação), os srs. Bento e Quintanilha, para melhor cuidarem do doente; que o clamor foi de tal natureza que ambos, apavorados com a possibilidade de serem envolvidos pela polícia, fugiram para o Estado do Rio o 1º e para Belo Horizonte (!) o 2º; que Quintanilha está em Belo Horizonte depois de, por algum tempo, regressar à Colônia; que Bento serve hoje no Hospital Gustavo Riedel; que, insuflada por Dona Maria Mercês (sic) ou Maria das Mercês (sic) (senhora de aspecto masculino, trajando-se austeramente e de chapéu de palha preto, tipo homem), sua amiga ou coisa que o valha, D. Eulina pressionou a Colônia e pediu (ou ia pedir) indenização do Estado no valor de cr$ 100.000,00, que D. Maria Mercês (sic) prejudicava, com sua atitude, as relações entre D. Eulina e os funcionários da Colônia; que um jornal, comentando a indenização pleiteada, criticou D. Eulina por querer tão grande quantia por um “peso morto”...; que o dito jornal sofreu forte censura de outros por tal assertiva. Com um funcionário não identificado: que Nazareth se sentava à soleira da entrada do prédio e com os dedos vivia tamborilando nos joelhos, entrando em agitação, que suas maneiras eram infantis. Com o sr. João Evangelista (à época doente, hoje recuperado, funcionário da Colônia e jornalista da “Última Hora”: (...) Diz ele que Nazareth dormia num quarto com o dr. Alexandre César da Silva, médico-doente, já falecido; que o corpo foi encontrado pelo atendente Haroldo Rodrigues Alves (...). Jacob Pick Bittencourt;
1960
1) Com sua “Nazarethiana”, Marlos Nobre obteve o primeiro prêmio do concurso promovido pela Sociedade Cultural Germano-Brasileira, em Recife (PE); recebendo bolsa de estudos para participar de um curso ministrado pelo compositor e regente H. J. Koellreutter, em Teresópolis (RJ).
1962
1) 26 de janeiro - Rádio MEC - Gravação de obras de Ernesto Nazareth, Francisco Mignone, Arnaldo Rebello, Jacob do Bandolim, entre outros, a dois pianos, por Maria Alice Pinto Saraiva e Neusa França;
2) 5 de março - Falecimento de Zilda Deschamps Cavalcante Nazareth, esposa do engenheiro civil Iberê Nazareth e mãe de Lêda e Zely;
3) 25 de junho - Falecimento de Ernesto Nazareth Filho, aos 66 anos, deixando viúva Esther de Farias Nazareth;
4) 30 de outubro - Música - Organizam-se Comemorações do Centenário de Ernesto Nazareth - O Embaixador Pascoal Carlos Magno, secretário-geral do Conselho Nacional de Cultura, reuniu, em seu gabinete, autoridades da música erudita e popular, radicadas no Rio, para ser discutido o planejamento das comemorações do centenário de Ernesto Nazareth, que ocorrerá a 20 de março de 1963. O secretário-geral do CNC esclareceu que não seria apenas a comemoração de uma data, mas o “Ano de Ernesto Nazareth”, o mais carioca dos compositores brasileiros, cujo programa será de âmbito nacional. O professor Andrade Muricy, em nome da Academia Brasileira de Música, expôs as linhas gerais das comemorações. Haverá dois grandes concursos, um da gravação em “long-playing” de músicas de Ernesto Nazareth, a que será atribuído dois prêmios; outro, de piano, para jovens intérpretes, com a finalidade de levar os pianistas menos experientes a interpretar o autor difícil e complexo. A Biblioteca Nacional, em maio ou junho, promoverá a exposição “Ernesto Nazareth e seu tempo”. Fornecerá, também, cópias dos documentos principais mais importantes para a organização de exposições volantes. Pianistas, em excursão pelo Brasil, apresentando músicas de Ernesto Nazareth, serão os portadores dessas exposições, que contarão, também, com a colaboração do Museu de Teatros do Rio de Janeiro. (Diário de Notícias).
1963
1) 13 de fevereiro - Inauguração da Escola Ernesto Nazareth, à Rua Bastos Tigre, bairro de São Vítor (Santíssimo), Rio de Janeiro. (...) O ato foi presidido pelo Professor Flexa Ribeiro, DD. Secretário de Estado para Educação, que também representou o Sr. Governador do Estado (da Guanabara, Carlos Lacerda). Com a presença de outras autoridades, família e amigos de Ernesto Nazareth, professores e alunos, foi descerrada a fita simbólica, pela Professora Eulina de Nazareth, filha do inesquecível compositor carioca. As professoras do SEMA, Maria Aparecida França e Maria Alice Pinto Saraiva, executaram ao piano várias composições do homenageado, durante esta festiva cerimônia;
BOLETIM TRIMESTRAL DO SEMA - Nº 44 - Serviço de Educação Musical. Rio de Janeiro, jan/fev/mar. de 1963;
2) 18 de fevereiro - Rádio MEC - Gravação de 11 peças de Ernesto Nazareth pela pianista Maria Alice Pinto Saraiva;
3) 18 de março - Biblioteca Central de Educação (RJ) - Inauguração, às 14 horas, de exposição comemorativa do centenário de Ernesto Nazareth;
4) 18 de março - Auditório da Escola Vicente Licínio Cardoso (RJ) - Às 15 horas, recital para os alunos do referido estabelecimento, pela pianista Maria Aparecida França. No programa, obras de Nazareth;
5) 18 de março - Rádio Globo - Programa “Ondas Culturais”, transmitiu, às 21 horas, o primeiro de uma série de três recitais organizados pela Academia Brasileira de Música. Ao piano, Murilo Tertuliano dos Santos interpretou 16 peças de Nazareth. Comentários de Andrade Muricy;
6) 19 de março - Biblioteca Nacional - Inauguração da “Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento de Ernesto Nazareth”;
7) 20 de março - Igreja de Sant’Ana - Missa pelo centenário de nascimento de Ernesto Nazareth. Estiveram presentes, entre familiares e amigos, Eulina de Nazareth, Diniz Nazareth, Maria de Nazareth, Julita Nazareth Siston, Walter Siston, Esther de Farias Nazareth, José Siqueira, Baptista Siqueira, Andrade Muricy, Arnaldo Rebello, Mário de Azevedo, Aloysio de Alencar Pinto e Maria Alice Saraiva;
8) 20 de março - Salão Leopoldo Miguèz - Escola Nacional de Música (RJ) - Às 17 horas, recital comemorativo do centenário de nascimento de Ernesto Nazareth, pelo pianista Arnaldo Rebello;
9) 22 de março - Rádio MEC - Gravação de 9 peças de Ernesto Nazareth pela pianista Maria Alice Pinto Saraiva;
10) 22 de março - Escola Rio Grande do Sul - Engenho de Dentro (RJ) - Recital para os alunos, às 16 horas e 30 minutos, pela pianista Maria Aparecida França. No programa, peças de Nazareth;
11) 22 de março - Auditório da Escola Anita Garibaldi - Ilha do Governador (RJ) - Às 20 horas, concerto público, com peças de Ernesto Nazareth, pela pianista Maria Alice Saraiva;
12) 23 de março - Auditório da Escola Anita Garibaldi - Ilha do Governador (RJ) - Às 16 horas, audição para os alunos, com peças de Ernesto Nazareth, pela pianista Maria Aparecida França;
13) 23 de março - Rádio Roquete Pinto (RJ) - Às 20 horas e 5 minutos, programa especial com palestra sobre Ernesto Nazareth a cargo do Prof. Sylvio Salema, ilustrada pela pianista Maria Aparecida França;
14) 30 de março - Rádio Nacional (RJ) - “Alma do Brasil” - Programa em homenagem à Ernesto Nazareth, com a participação dos pianistas Radamés Gnattali, Aída Gnattali e Grande Orquestra, interpretando a valsa “Genial” (Radamés e Aída), o tango “Brejeiro” (Radamés, Aída e Grande Orquestra) e a polca “Ameno Resedá” (Radamés e Grande Orquestra). Produção e apresentação: Renato Murce;
15) 30 de março - Rádio Roquete Pinto (RJ) - Às 20 horas e 5 minutos, programa em homenagem à Ernesto Nazareth, com a pianista Marly Machado Dias;
16) 30 de março - Escola Rio Grande do Sul - Engenho de Dentro (RJ) - Às 20 horas e 30 minutos, concerto público, com obras de Ernesto Nazareth, pela pianista Maria Alice Saraiva;
17) 4 de abril - Em colaboração com a Administração Regional da Tijuca e do 8º Distrito, através o Técnico de Educação Musical Marina Schindler de Almeida, realizou-se no ITE um concerto com as pianistas Maria Alice Saraiva e Maria Aparecida França, tendo sido os comentários feitos pelo Técnico de Educação Emília D’Anniballo;
BOLETIM TRIMESTRAL DO SEMA - Nº 44 - Serviço de Educação Musical. Rio de Janeiro, jan/fev/mar. de 1963;
18) 25 de abril - Realizou-se na EPEMA, às 17 hs. uma palestra proferida pelo Professor Sylvio Salema sobre a obra musical de Ernesto Nazareth, tendo se apresentado ao piano a Professora Maria Aparecida França;
BOLETIM TRIMESTRAL DO SEMA - Nº 44 - Serviço de Educação Musical. Rio de Janeiro, jan/fev/mar. de 1963;
19) 11 de maio - Programa “Músicos e Músicos do Brasil” - Rádio MEC. Com a participação do pianista Aloysio de Alencar Pinto interpretando 12 valsas de Ernesto Nazareth:
20) 13 de maio - A ressurreição de Nazareth - Há dias, a Rádio Ministério da Educação realizou um pequeno-grande milagre: fugiu da rotina dos programas radiofônicos das nossas emissoras, comerciais ou não, para oferecer ao público doze valsas de Ernesto Nazareth na interpretação de um dos maiores pianistas brasileiros, Aloysio de Alencar Pinto. Palavra, andava eu tão ausente do rádio e tão próximo da vitrola em matéria de música que, ao fim de cada valsa de Nazareth, interpretada por Aloysio de Alencar Pinto, tinha um movimento instintivo de levantar-me para... virar o disco. Ernesto Nazareth, apesar dos esforços de homens como Mário de Andrade, Andrade Muricy, Luciano Gallet, Villa-Lobos, Brasílio Itiberê e muitos outros, e apesar das magistrais interpretações de Arnaldo Estrella, de Arnaldo Rebello, Mário de Azevedo e agora Alencar Pinto, ainda é considerado pela nossa musicologia acadêmica como “um autor popular”. Nos concertos em que se apresentam obras populares, arranjadas ou pianisticamente dificultadas por um Liszt, um Kodály, um Bartók ou genialmente recriadas por um Chopin - o nosso compositor não entra. Gershwin, por exemplo, que foi muito menos harmonista e contrapontista do que Nazareth, já tem foros de autor erudito, como eruditas já são nos Estados Unidos as baladas de Stephen Foster e negro spiritual harmonizados convenientemente. Não há desdouro artístico em que Maria Anderson cante o Swing low, sweet chariot, depois de Mozart, de Haydn e de criadores de canções a seu tempo populares como muitas de Schubert, mas considera-se deselegante introduzir, mesmo em um “bis” de fim de espetáculo, um tango ou uma valsa do grande Nazareth, depois dos “clássicos oitocentistas” e os “modernos”, que são a trilogia dos programas pianísticos. É uma pena. Francisco Mignone, ao prosseguir na linha do autor de Expansiva, nos deu duas séries de obras do gênero, que são modelos de cristalização erudita de nossa música rueira de serenata com violões, cavaquinhos e flautas: as Valsas de esquina e as Valsas-choro, que a coragem e o bom-gosto de Irineu Batista preservou em disco, interpretadas pelo autor, como preservou e exumou uma porção de peças brasileiras de inspiração ou sugestão popular numa excelente gravação de Arnaldo Estrella. Nazareth, cuja criação funcionou no piano de pesquisa e de recriação como um Albeniz ou um Granados, na Espanha, como um Gómez Carrilho na Argentina, como Kodály, Bartók ou Enesco (como Liszt, em sua época) e como Villa-Lobos em relação ao nosso folclore, está esquecido e urge ressuscita-lo. Um início dessa ressureição está nos dedos de Aloysio de Alencar Pinto. Conheço esse extraordinário intérprete (e compositor) desde os tempos universitários de quando estudava com Barroso Neto. Bem longe estamos do tempo em que, no Bar Danúbio, na Lapa, era ele quem arrancava, graças ao velho piano da casa, os chopps que bebíamos, entusiasticamente pagos pelos fregueses alemães que ouviam Beethoven com o olho mareado. O seu concerto das valsas de Nazareth (doze, num total de trinta), na rádio oficial, não traz apenas o intérprete: traz de volta aos nossos ouvidos um autor brasileiro que devia constar dos programas de ensino dos Conservatórios e do repertório dos nossos concertos. Não é só um ato de justiça. É uma recuperação de uma parte de nossa autenticidade, o reencontro de um encantamento que as novas gerações correm o risco de ignorar. Guilherme de Figueiredo (Diário da Noite);
DIÁRIO DA NOITE. A ressurreição de Ernesto Nazareth. Guilherme Figueiredo. São Paulo, 13 de maio de 1963;
21) 13 de julho - Ernesto Nazareth - Theodora Amalia de Meirelles Nazareth - Comemorando-se, domingo, 14 de julho corrente, neste ano - centenário natalício de Ernesto Nazareth, a data de seu enlace nupcial com Theodora Amalia de Meirelles Nazareth (1886), será celebrada a Santa Missa, às 9 horas, na Matriz de São Francisco Xavier - Engenho Velho. Para acompanha-la no piedoso e supremo ato, sua familia convida parentes e amigos, antecipando agradecimentos. (Diário de Notícias);
22) Agosto - Lançamento do LP da Chantecler, “Ouro sobre azul”, gravado pela pianista Eudóxia de Barros, com 18 peças de Nazareth; arrebatando, nesse mesmo ano, os principais prêmios do setor fonográfico;
23) 14 de dezembro - Theatro Municipal (RJ) - Formatura do Conservatório Brasileiro de Música. Sob a regência do maestro José Vieira Brandão, o Coral do Conservatório interpretou “Bambino”, com letra de Catullo da Paixão Cearense;
24) 29 de dezembro - Theatro Municipal (RJ) - Entrega do “Prêmio Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”, aos melhores do disco nacional. A pianista Eudóxia de Barros, na ocasião, interpretou algumas peças de Nazareth;
25) Criação do “Concurso Ernesto Nazareth”, para jovens compositores, sob os auspícios da Academia Brasileira de Música;
26) Com o patrocínio do DECA - Departamento de Extensão Cultural e Artística do Recife, Pernambuco, saiu publicado o livro “Nazareth - Estudos analíticos”, do Padre Jaime C. Diniz.