Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
FRANCISCA GONZAGA
FRANCISCA GONZAGA
Antes, porém, de prosseguirmos, comentarei certo detalhe encontrado nesse anúncio do Jornal do Commercio: o nome de Chiquinha Gonzaga publicado com o de Ernesto Nazareth. É o primeiro dos raríssimos registros em que isso acontece, pois ainda que publicassem obras pelas mesmas editoras e possuíssem amigos em comum, não travaram os dois mais importantes representantes da música popular brasileira, da virada do séc. XIX para o séc. XX, relação de amizade. E nem por cortesia, ao menos, dedicaram-se músicas mutuamente. Cheguei até a pensar naquele dito popular dos “dois bicudos” que não se beijam, acreditando existir qualquer rivalidade entre eles. Mas, a verdade é que além das diferenças de sexo, estado civil (ele casado, ela “separada”) e idade (16 anos), Ernesto sempre levou vida regrada, comedida, livre de escândalos, e Chiquinha, assídua freqüentadora das rodas boêmias e teatros de revista, tornara-se personalidade assaz discriminada.
Nascida no Rio de Janeiro, aos 17 de outubro de 1847, e na mesma cidade falecida, em 28 de fevereiro de 1935, a gloriosa maestrina Francisca Edwiges Neves Gonzaga veria pela última vez seu nome impresso com o de nosso biografado na lista de presentes à Missa de Sétimo Dia do colega, transcrita no Jornal do Brasil. A “rainha da Praça Tiradentes”, então do alto dos seus 86 anos, acompanhada pelo “filho” João Baptista, prestava, assim, sua homenagem ao “rei do tango brasileiro”.
JORNAL DO BRASIL. Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 1934;