Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
LUIZ DE GONZAGA SILVA
LUIZ DE GONZAGA SILVA
Meu pai era carioca. Conhecia o Nazareth do Rio de Janeiro. Ele (o compositor) era muito simpático. Me punha no colo, brincava comigo. Ele batia forte no piano, talvez para escutar melhor. Ele tocava o “Hino” de Gottschalk e chegou a machucar o dedo, tendo que usar esparadrapo. Ele acordava cedo e depois do café ía logo para o piano. Mas se ainda estivesse alguém dormindo, voltava para o quarto e ficava lá escrevendo suas músicas. Ele chegou a compor algumas músicas em nossa casa. “Jacinthinho”, meu irmão, dormia com ele no quarto. Era alegre, expansivo, conversador e muito econômico, seguro!... Ele usava uma espécie de uniforme cáqui, com botões na frente, parecendo uniforme de chinês, com gola de padre. Primeiramente, hospedou-se na casa de Jorge Fragoso, na Rua Cubatão. Eu acho que ele (Fragoso) tocava um pouco é de piano. A Helena La S’Caléa é que tocava as músicas. Ele tinha um bom apetite. Acompanhava o ritmo das músicas com o corpo. Usava uma cornetinha, de vez em quando, para poder ouvir melhor. Falava corretamente. Usava uma bengalinha, mas só de charme... Usava chapéu de feltro preto e fumava cigarros. Fumava muito! Minha irmã Carmen pegava um cachepeau nas mãos e ficava dançando, acompanhada por Nazareth.
Luiz de Gonzaga Silva
SILVA, Luiz de Gonzaga. Entrevista concedida ao autor, por telefone. RJ/SP, 14 de agosto de 1989;