Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
JOSÉ DE OLIVEIRA
JOSÉ DE OLIVEIRA
Antigo funcionário da Casa Carlos Gomes, José de Oliveira, o “Juca”, mais tarde gerente da Casa Carlos Wehrs, em depoimento ao Jornal do Commercio, relatou o seguinte:
Naquele tempo, a única maneira de se conhecer as novidades musicais era através dos pianistas que as casas contratavam para as “demonstrações”. (...) Quem gostava de música devia fazê-la, comprando-a escrita. Escolhia, ouvindo o pianista da casa. Lembro de algumas meninas pretensiosas que gostavam de fazer demonstrações técnicas diante de Nazareth. O mestre era muito exigente e não admitia que suas músicas fossem “maltratadas”. Quase sempre mandava suspender as execuções, lançando o seu habitual “assim não se toca Nazareth!..” `As vezes, Nazareth chegava a perder a paciência e, com ela, a “linha”. Mas, quando o ouvinte conseguia interessá-lo, dava verdadeiras aulas de interpretação. Insistia muito nos acentos, nas pausas, no fraseado e, tratando-se do “Brejeiro”, “Odeon”, ou de outras páginas de que ele gostava particularmente, as aulas eram mais demoradas e os exemplos mais repetidos. “ - Isso é Nazareth!...” - dizia - e recomendava: “ - Esta música não se pode tocar de qualquer maneira; é preciso estudá-la...” Um dos melhores momentos era o “Apanhei-te, cavaquinho!” a quatro mãos, por Nazareth e Souto... Era de paralisar a Rua Gonçalves Dias.
José de Oliveira
JORNAL DO COMMERCIO. Meu colega Ernesto Nazareth. José de Oliveira. Rio de Janeiro, 24 de março de 1963;