Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
EDUARDO MADEIRA
EDUARDO MADEIRA
Tempos depois, mesmo sabendo de alguns progressos do filho ao piano, Vasco Lourenço não só desistiu de continuar repreendendo o garoto como permitiu que ele prosseguisse com seus estudos inclusive sob a orientação de terceiros; acredita-se que Júlio Augusto e Ludovina, tios maternos do menino, tenham influenciado nessa decisão.
Ainda que talentoso e com enorme facilidade para aprender por conta própria, como vinha fazendo desde a morte da mãe, Ernesto realmente precisou recorrer aos conhecimentos de um professor. Surge, então, a figura de Eduardo Madeira, amigo da família Pereira da Cunha.
Dando-lhe um mestre de piano, o pai de Nazareth muito se esforçou, contudo, para que o filho abraçasse outra carreira.
Edigar de Alencar
DIA (O). Ernesto Nazareth. Edigar de Alencar. Rio de Janeiro, 24 e 25 de março de 1963;
Eduardo Rodolpho de Andrade Madeira, hábil pianista e “praticante” do Banco do Brasil, morava à Rua do Duque de Saxe, nº 3-A, com seu pai, Manoel José Madeira, guarda-livros da mesma instituição.
Dedicado e leal, previu logo a vocação decidida do discipulo. E nas horas de lazer, que lhe deixavam os trabalhos bancarios, guiava o alumno no estudo apurado da pauta e das escalas.
Infelizmnte, este periodo de aprendizagem durou pouco. A escassez de recursos, e a necessidade de conquistar a vida materialmente, obrigaram-n’o a interromper tão proveitoso ensaio.
Francisco Acquarone
VÓZ DO VIOLÃO (A). Ernesto Nazareth. Francisco Acquarone. Anno I - nº 2. Rio de Janeiro, março de 1931;
VÓZ DO VIOLÃO (A). Ernesto Nazareth. Francisco Acquarone. Anno I - nº 3. Rio de Janeiro, abril de 1931.
É possível, realmente, que a “escassez de recursos” mais a “necessidade de conquistar a vida materialmente...” tenham contribuído para o término das aulas do jovem Ernesto. Entretanto, não é bem essa conclusão que me vem a mente ao saber que, depois de apenas um ano e meio, ele teria ouvido de seu mestre a seguinte frase:
- Agora, você já pode seguir sozinho, pois já sabe mais do que eu!...
ERNESTO NAZARETH - LP de Radamés Gnattali, piano e orquestra. Continental Discos. LP-V-2. Rio de Janeiro, 1953. Texto de autor não mencionado;
Em 1882, Eduardo Madeira, já na função de 2º escriturário, deixou a casa paterna, passando a residir à Rua do Barão de São Félix, nº 64, e, no ano seguinte, à Rua do Senador Pompeu, nº 144. Depois disso, não encontramos mais nenhum registro dele junto ao Banco do Brasil; diferentemente de seu pai, que ali trabalhou por cerca de vinte anos.