Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
S.B.A.T. - SETEMBRO (1930)
S.B.A.T. - SETEMBRO (1930)
Após associar-se a S.B.A.T., Ernesto passou a receber, todos os meses, algum dinheirinho oriundo dos seus direitos autorais. Era pouco, mas, pelo menos, compensava suas idas à instituição.
Entretanto, algo me chamou a atenção logo no primeiro borderô, referente ao mês de setembro, mas datado de 25 de outubro. Se as músicas tocadas no Bar Brahma, quatro, e no Cine Batuta, uma, ainda não teriam sido impressas, como explicar que alguém as tivesse executado? Daí, acredito que fôra o próprio compositor quem as interpretara (Nazareth, portanto, continuava se apresentando em locais públicos) ou que essas músicas receberam uma edição por nós, pesquisadores, ainda não encontradas.
Districto Federal:
Bar Brahma |
Exhuberante |
$690 |
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Saud. dos Pagos |
$690 |
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Dor Secreta |
$690 |
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Resignação |
$690 |
Cine Batuta |
Encantador |
1$200 |
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(Total) |
3$960 |
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Percentagem 10% |
$360 |
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Liquido |
3$600 |
ACERVO ERNESTO NAZARETH. Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro;
CORREIO MUSICAL
ERNESTO NAZARETH
NA MUSICA BRASILEIRA
Se há um nome que evoque a musica brasileira na sua mais lidima expressão, esse é o de Ernesto Nazareth, compositor genuinamente nacional, talento creador no genero que é caracteristicamente seu: o tango.
Vivesse noutro paiz e desfrutaria a mais invejavel das situações: teria fortuna e gloria a seus pés.
Aqui - triste é dizel-o - após curto periodo de nomeada, que não o poz a salvo das necessidades mais prementes, ficou esquecido, lamentavelmente esquecido, a ponto de ninguem mais falar no seu nome! Hoje, doente, acabrunhado, vive elle, entretanto, para sua arte, na qual encontra o consolo e as riquezas inexhauriveis que a sorte lhe negou.
O creador de tantas paginas inesqueciveis, para os que amam a verdadeira tradição brasileira, teria permanecido na penumbra se o acaso (ás vezes uma divindade feliz) não tivesse ido em seu soccorro, procurando-o no seu retiro para focalizal-o de novo por meio da propaganda do disco, uma das fórmas da popularidade moderna e, quem sabe, a mais efficiente, nos tempos que correm.
É possivel que a victrola consiga, pelo milagre da sua diffusão, o que não conseguiram os admiradores de Ernesto Nazareth, nem elle proprio.
Como “Rei do Tango”, nunca perdeu a majestade!
CORREIO DA MANHÃ. Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1930.
MUSICA POPULAR
ODEON
Apanhei-te, cavaquinho!, choro, e Escovado, tango (E. Nazareth) - É o grande Ernesto Nazareth que aqui apparece executando, com sua maneira explendida, composições suas. Graças á Odeon, em especial ao maestro Eduardo Souto, ressurge a boa música popular, que já andava um tanto esquecida e no entanto é a que possuimos de legitima, sem influencias estrangeiras de fox-trots e tangos argentinos. A chapa, que está muito bem gravada, marca o inicio de soberbas realizações da fabrica, prosseguidas com tres discos adiante mencionados e outros futuros. (N. 10.718).
ILLUSTRAÇÃO MUSICAL. Anno I - nº 3. Rio de Janeiro, outubro de 1930.