Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
DUAS EMPREGADAS
DUAS EMPREGADAS
Ainda por volta dessa época, à Rua São Januário, teve o compositor duas empregadas que ficaram na memória: Maricas e Valentina.
Portuguesa idosa, Maricas, ou tia Maricas, antes de se empregar com os Nazareth, trabalhou em casa de patrícios, à mesma rua. E certas situações que protagonizava faziam a alegria de Ernesto e seus familiares, sendo das mais engraçadas aquela de ao sair de casa, em dia chuvoso, apesar de levar consigo o guarda-chuva, não o abria de jeito nenhum, temendo que, molhado, ele viesse a se estragar!...
Já Valentina, ou tia Valentina, simpática mulata de meia idade, contava, entre seus afazeres, com a responsabilidade de cuidar da única “moradora” do cercadinho existente no quintal: uma pobre galinha que de tão velha quase não punha mais ovos. Entretanto, ela sempre insistia em colocar a coitada da galinha para “deitar” (segundo suas palavras); o que muito aborrecia Eulina e Diniz, temerosos pela saúde da bichinha. Valentina para acalmá-los, prometia que aquela seria a “última vez”, o que rigorosamente jamais cumpriu. Contudo, após as “visitas” de certo galinho maroto da vizinhança, a penosa acabou pondo seu derradeiro e galado ovo. E como o tal não fazia falta à mesa da família, pôde ser chocado tranqüilamente. Pouco tempo depois, nasceu um pintinho e “morreu” sua mãe. Sozinho no mundo, este passou a dormir todas as noites, e até mesmo depois de adulto, no cangote quentinho de outro animal de estimação: o bode “tio Chico”.