Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ERNEST SCHELLING (1904)
ERNEST SCHELLING (1904)
Nesse ano, Ernesto Nazareth conheceu o célebre pianista norte-americano Ernest Schelling; comentando-se muito, à época, junto ao meio musical carioca, o fato de o ilustre estrangeiro ter retornado ao seu país levando bom número de composições do nosso artista.
Conta-se que o illustre Schelling, de regresso á Europa, levou, por muito os ter admirado, uma collecção dos tangos de Nazareth. Pois sempre que os tocava para os attentos auditorios do Velho Mundo, nunca deixou de ser ovacionado, quando não carregado em triumpho, pelo accepipe de sabor exotico que gentilmente offerecia ao publico.
Gastão Penalva
JORNAL DO BRASIL. Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1932;
Ernest Schelling nasceu em Belvedere, Nova Jersey, aos 26 de julho de 1876. Estudou música com seu pai e fêz seu debut como pianista na Academia de Música de Filadélfia, aos quatro anos de idade. Aos sete, já na Europa, foi admitido no Conservatório de Paris, tendo entre seus mestres os grandes Goetschius, Huber, Barth, Moszkowski e Leschetizky. Tocou para inúmeras cabeças coroadas e também expoentes como Anton Rubinstein e Brahms. De 1896, com vinte anos, até 1900, aproximadamente, estudou com Ignace Paderewski. No início do século XX, excursionou pela Europa, Américas do Norte e do Sul, com sucesso brilhante, ganhando reputação como pianista notável.
Ajudou sobremaneira a difundir a música americana entre o público europeu e vice-versa; tendo sido, inclusive, o responsável pela vinda aos Estados Unidos da América, em 1916, do célebre compositor espanhol Enrique Granados, morto tragicamente na viagem de volta à Europa, quando seu navio naufragou torpedeado por um submarino alemão. Revoltado, principalmente pela morte do amigo, alistou-se, no ano seguinte, junto ao serviço de inteligência do exército americano, também lutando bravamente nos campos de batalha europeus, durante a I Grande Guerra. Foi altamente condecorado não só pelo seu país, quanto pela Polônia, Espanha e França, dando baixa como Major.
Em 1924, por meio da Filarmônica de Nova York, passou a desenvolver e a reger uma série de concertos com jovens talentos, principalmente crianças, visando, com isto, despertar o amor e a compreensão destas pela música; o que lhe rendeu notoriedade ainda maior, principalmente na Filadélfia, Los Angeles, Londres e Rotterdam. Por volta de 1937, fêz exame para uma nomeação como o diretor musical da Sinfônica de Baltimore. Morreu na cidade de Nova York, em 8 de dezembro de 1939, aos 63 anos.