Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
A VOZ DO AMOR
A VOZ DO AMOR
Quanto aos versos de A voz do amor (“Cuyubinha”), de Marina Stella Quirino dos Santos, foram aqui transcritos a partir de cópia manuscrita do próprio Ernesto Nazareth e até hoje guardada dentro de seu caderno de anotações. Há, ainda, a seguinte recomendação: “Este papel não se rasga.”
A VOZ DO AMOR - LETRA
Tive num sonho a placidez de um monge
Quando a ventura me acenou de longe!
O mundo illuminou-se de repente
Quando o beijo me fez seu confidente
Cada estrella sorriu no azul do céu,
Quando a illusão me envolveu num veu.
Toda a terra tremeu em mudo espanto,
Quando a illusão me deu o seu encanto.
A chorar suffoquei-me em ancia louca,
Quando a incerteza me fechou a boca.
Tive a ideia phantastica do nada...
Só quando a ausencia me cobriu calada.
Veio a sombra do olvido e da repulsa,
Quando a saudade me apertou convulsa!
Gelou-se o pranto nos meus olhos baços
Só quando a morte me tomou nos braços
A luz da Fé cercou-me embevecida,
Quando a Esperança me tornou á vida.
COLEÇÃO LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA. Rio de Janeiro;