Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ALBERTO NEPOMUCENO (1895)
ALBERTO NEPOMUCENO (1895)
Aos 4 de agosto, realizou-se no Instituto Nacional de Música um histórico concerto de Alberto Nepomuceno. Recém casado com a pianista norueguesa Valborg Bang, o jovem maestro havia retornado da Europa entusiasmado com a orientação que recebera do célebre compositor Edvard Grieg (1843/1907), também norueguês e professor de Valborg, quanto à desenvolver no Brasil uma música clássica estruturada em valores próprios.
Alberto Nepomuceno dá início à sua patriótica e árdua campanha pela nacionalização definitiva de nossa música erudita, ao impor o canto em vernáculo nas nossas salas de concerto. Cria seu lema: “Não tem pátria um povo que não canta em sua língua.”
Sérgio Nepomuceno Alvim Corrêa
ALBERTO NEPOMUCENO - Catálogo Geral. Sérgio Nepomuceno Alvim Corrêa. MEC / Funarte / INM / Projeto Memória Musical Brasileira. Rio de Janeiro, 1985;
Nepomuceno, evidentemente, não criou o ambiente nativo; apenas desvelou-o em suas canções que, basicamente, provêm da Modinha e do Lundu, mas, discretamente, sem a violenta atração do pitoresco que animou seus descendentes. Mas não há dúvida que o lied (a canção brasileira) nasceu com Alberto Nepomuceno. Sob certos aspectos, pode-se considerá-lo como sendo o fundador da música brasileira nacionalista.
Andrade Muricy
MIGNONE, Francisco (Paulo). Música. MEC / Bloch Editores. Rio de Janeiro, 1980;
Coube, também, a esse notável cearense, nascido em 6 de julho de 1864, na cidade de Fortaleza, e falecido aos 16 de outubro de 1920, no Rio de Janeiro, com a idade de 56 anos, muito da revitalização pela qual passou todo o ambiente musical da Capital Federal; principalmente quando esteve à frente do Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ). Foi ele quem, inclusive, permitiu, em 1908, que Catullo da Paixão Cearense se apresentasse em recital de violão no INM, procurando, assim, diminuir o então preconceito em torno do instrumento. Além disso, com seu prestígio conseguiu, junto à Casa Bevilacqua (Sampaio, Araújo & Cia.), que se publicasse, pela primeira vez, uma obra de Villa-Lobos.
Amigo particular de Nazareth, Nepomuceno convidou-o, certa ocasião, a diplomar-se pelo Instituto. Já quarentão, achando-se velho, o genial carioca não aceitou.
Também pudera!... Ele já havia chegado onde chegou, sem ajuda de nenhum diploma, para que, então, àquela altura da vida, um diploma?...
Nair Carvalho
CARVALHO, Nair. Entrevista concedida ao autor. RJ, 16 de julho de 1984;