Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
O TRATAMENTO
O TRATAMENTO
Era uma coisa simples. A Colônia era beco sem saída, rua que não tinha saída. Diagnóstico daquele!... Ele recebia a visita apenas da família. O “Ernestinho” ía, a Eulina e, as vezes, a nora (Esther). Na Colônia, nós tínhamos enfermeiros que faziam plantão, de formas que não tinha necessidade de ninguém ficar com o doente no quarto. Mas, ele não oferecia perigo não. Ele dormia bem. Era um sujeito despreocupado completamente, como todo o doente mental. Sujeito indiferente. Ele sempre queria passear sozinho. Ele não gostava da Colônia de jeito nenhum. Ele era homem de movimento, queria era muita gente, queria era aglomeração social. Nós saíamos juntos. O Álvaro (interno) dizia para mim: “ - Vai ser muito longe, vai ser muito longe?... Eu estou cansado!...” Não (respondia, Bento), é só para dar uma volta... E, para eles, era bom a gente passear, porque o doente voltava cansado, deitava e dormia. O Nazareth não pensava em sair, vinha cansado e queria ficar em repouso. O Ênio (interno) também. Eles comiam o trivial. O Nazareth gostava de doces na sobremesa, mas quando não tinha na casa, a família deixava sempre, deixava dinheiro. Essa turma toda era a turma do dinheiro. O Nazareth é porque a filha era bem arrumada e o rapaz (“Ernestinho”) também. Já os outros porque tinham dinheiro mesmo.
Bento d’Ávila
ÁVILA, Bento Manuel Moreira de. Entrevista concedida ao autor. RJ, 1979;