Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
FRANCISCO MIGNONE (1918)
FRANCISCO MIGNONE (1918)
Nesse ano, a pedido de seu pai, o emérito flautista e professor Alfério Mignone, o jovem Francisco Mignone veio de São Paulo ao Rio de Janeiro com a incumbência de deixar, em mãos do maestro Francisco Braga (1868/1945), a partitura de um concerto, cujo nome ele me disse, não anotei e acabei esquecendo.
Não posso precisar a data, mas foi antes do meu concerto no Theatro Mvnicipal, de São Paulo, em setembro de 1918, e antes da gripe espanhola.
Francisco Mignone
MIGNONE, Francisco (Paulo). Entrevista concedida ao autor. RJ, 20 de julho de 1982;
Missão cumprida, o rapaz de 21 anos, pela primeira vez na Capital, resolveu conhecer algumas das principais atrações da cidade, entre as quais o Cinema Odeon.
Eu vi o Nazareth tocar num cinema, parece que era o Odeon. Ele tocava na sala de espera, entre uma sessão e outra, entretendo os espectadores. Conversava muito pouco.
Francisco Mignone
MIGNONE, Francisco (Paulo). “Coleção Depoimentos”. Fundação Museu da Imagem e do Som. Rio de Janeiro, março de 1991. Gravação realizada em 15 de outubro de 1968;
Nesse primeiro encontro, conforme ratifica a citação acima, Mignone diz: “eu vi o Nazareth tocar...”; tendo, com ele, certamente, trocado poucas palavras, pois ainda informa que o pianista “conversava muito pouco”. Todavia, em seu segundo e último encontro com o genial carioca, à Casa Carlos Gomes, em 1924, a situação foi outra, conforme veremos mais adiante.
Em reportagem de Lena Frias, para o Jornal do Brasil, Mignone fala uma vez mais a respeito do seu primeiro encontro com Nazareth:
(...) Eu o vi, também, tocando no Cinema Odeon, por volta de 1918. Ele inclinava um pouco o ouvido esquerdo ao piano, porque sofria de uma deficiência auditiva. Os dedos eram grossos. Tocava bonito, às vezes lento. Hoje em dia eu fico danado quando vejo o modo como tocam Nazareth. Eu procuro tocar como eu o vi e ouvi interpretar as próprias peças.
Francisco Mignone
JORNAL DO BRASIL. Entrevista concedida por Francisco Mignone à jornalista Lena Frias. Rio de Janeiro, 1978;