Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
QUATRO NOMES DE DESTAQUE
QUATRO NOMES DE DESTAQUE
Nesta notícia, publicada pela “Revista Musical e das Bellas Artes”, quatro sobrenomes chamaram a nossa atenção: Silveira, Madeira, Viriato e Bernardelli. E, mediante verificação, julgamos pertencer, respectivamente, a F. (Francisco) L. da Silveira, apreciadíssimo pianista e compositor; Eduardo Madeira, ex-professor de Ernesto; Viriato Figueira da Silva, afamado flautista e compositor (um dos “criadores” do Choro), e Oscar Bernardelli (1826/1886), pai dos célebres irmãos Bernardelli: Rodolfo (1852/1931), escultor, e Henrique (1858/1936), pintor.
Pela presença do grande Viriato, posso dizer, sem dúvida, que Nazareth, no período de sua formação, conviveu e conseqüentemente recebeu influência do que de melhor havia no meio musical da época. E isso pode ser ratificado, de certo modo, com as palavras a seguir:
Certa vez, o meu amigo Oscar Rocha, melômano e folclorista, e um dos homens que melhor conhece a vida e a obra de Nazareth, perguntou-lhe como é que ele tinha chegado a compor os seus tangos, com esse caráter rítmico tão variado e tão inédito, naquela época, entre os compositores de música popular. Nazareth respondeu com simplicidade que ele ouvia muito as polcas e os lundus de Viriato, Calado, Paulino Sacramento e sentiu desejo de transpor para o piano a rítmica dessas polcas-lundus.
Nazareth respondeu isso como poderia ter respondido outra coisa qualquer. Mas é assim mesmo. Em geral, os compositores (mesmo os mais lúcidos) explicam de maneira ligeiramente confusa e obscura os seus processos de criação artística. Alguns inconscientemente, outros para despistar a gente. Porque há em quase todos esse vago anseio de se perpetuar na memória auditiva dos homens, de maneira absolutamente original. E para isso é preciso, então, ir preparando o espírito incauto dos contemporâneos.
Entretanto, essa afirmação singela de Nazareth pode conter uma parte da verdade a respeito da formação do seu espírito musical.
Brasílio Itiberê
BOLETIM LATINO-AMERICANO DE MÚSICA. Ernesto Nazareth na Música Brasileira. Brasílio (Ferreira da Cunha Luz) Itiberê. Ano VI, tomo VI. Rio de Janeiro, abril de 1946.