Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
MARCHA HERÓICA AOS 18 DO FORTE (1922)
MARCHA HERÓICA AOS 18 DO FORTE (1922)
A insatisfação era geral. Alguma coisa tinha de ser feita para dar um basta a tantos desmandos, principalmente tornando o voto secreto.
Surgiu, então, entre jovens oficiais de baixa patente, especialmente os tenentes, um movimento que receberia a denominação de “Tenentismo”.
Contudo, tempos depois, após malograr a insurreição da Vila Militar e de Realengo, um foco rebelde ainda continuaria em armas: o Forte de Copacabana. E aos 6 de julho, perdidas todas as esperanças de adesões, 28 dos 301 homens que compunham a guarnição sublevada, entre os quais os tenentes Antonio de Siqueira Campos, Eduardo Gomes, Mário Tamarindo Carpenter e Newton Prado, quatro graduados, quinze soldados e cinco reservistas voluntários, atravessaram o portão do Forte rumo ao Palácio do Catete, a fim de depor Epitácio Pessoa.
Cerca de três quilômetros depois, caminhando pela Avenida Atlântica, em frente à Rua Barroso (depois Rua Siqueira Campos), esses bravos, que a História denominou de “Os Dezoito do Forte”, encontraram-se com as tropas legalistas, dando início a combate praticamente suicida. Com o fim do confronto, jaziam 3 mortos sobre as areias de Copacabana: o tenente Carpenter, o soldado Pedro de Melo e o civil Otávio Correia, engenheiro, que momentos antes juntou-se à marcha, por livre iniciativa.
Impressionado com tamanha bravura, Ernesto Nazareth compôs, com letra de Maria Mercêdes Mendes Teixeira, uma extraordinária Marcha Heroica Aos 18 do Forte (ainda inédita).
MARCHA HERÓICA AOS 18 DO FORTE - LETRA
Como aguias altaneiras,
Livres, jamais captivas,
Essas Glorias brasileiras
São lembranças redivivas.
Bravos do Forte!
Hão de sempre viver,
Não pode a morte exterminar,
A taes heroes vencer.
Hão de sempre viver...
Immortaes do Forte
No resplendor da Gloria
Os eternisam a Historia
Pugilo varonil
Orgulho do Brasil
Sonharam elles sonho immenso,
Viveram desse amor intenso
Que pode a Patria emfim salvar
E á Patria tudo quiseram dar
O nobre sangue dos gigantes
Brotárão nesses deslumbrantes
Victoriosos sobre a morte
São como Sóes.
Os dezoito do Forte.
COLEÇÃO LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA. Rio de Janeiro;