Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
NÃO ME FUJAS ASSIM - 10ª COMPOSIÇÃO EDITADA (1884)
NÃO ME FUJAS ASSIM - 10ª COMPOSIÇÃO EDITADA (1884)
Quanto à segunda polca, Não me fujas assim (Ch. nº V. 2790 F.), esta, por sua vez, foi oferecida ao Tenente (mais tarde Major) Henrique Augusto Soares de Souza e Mello.
Conta-se que planejando visitar o amigo militar, quando, então, o presentearia com Não me fujas assim, Ernesto ficou receoso de que seu gesto talvez não fosse bem interpretado pelo pai do rapaz, o Comendador Bernardino (hoje nome de avenida em Nova Iguaçu).
Desse modo, para evitar qualquer mal-entendido, o nosso pianista, mesmo estando a poucos dias do encontro, também resolveu dedicar ao riquíssimo lusitano uma polca, Beija-flor; que, curiosamente, feita com tanta pressa, alcançou mais sucesso que a outra, escrita com todo cuidado.
A expressão “Não me fujas assim” tratava-se de pilhéria aplicada à moça rica que tivesse como pretendente alguém interessado principalmente em seu dote. E originou-se de uma certa Casa Camões & C., estabelecimento lotérico que deixava sempre exposto na vitrina, junto à reprodução do cheque com o qual se pagaria o principal prêmio do mês, um cartaz com os seguintes versos de Luís de Camões:
Oh! Não me fujas! Assim nunca o breve
Tempo fuja da tua formosura!
Mais uma vez, estamos diante de alguém da família Nazareth envolvido com o assunto loteria. Isso, pelo menos a mim, passa a impressão de que o interesse de enriquecer sem esforço, só na sorte, é coisa bem antiga junto ao inconsciente coletivo do brasileiro.