Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
PIERROT É ESQUECIDO!...
PIERROT É ESQUECIDO!...
Nos dias do conflito entre o Forte de Copacabana e as tropas do governo, a população circunvizinha passou por grandes sustos.
As coisas ficaram muito complicadas. O pessoal do Forte de Capacabana, os revoltosos, atiravam de canhão na direção do Palácio do Catete, e fomos nós, que morávamos no meio do caminho, os que mais penaram com tudo aquilo. As bombas, muitas vezes, caíam em cima das casas. Uma chegou a cair no nosso quintal. Duvido que alguma daquelas bombas tenha atingido o palácio. Era um deus-nos-acuda. Todos fugiam de casa, carregando só a roupa do corpo.
Beatriz Ferraz Rego
FERRAZ RÊGO, Beatriz. Entrevista concedida ao autor. RJ, 12 de outubro de 1985;
E a família Nazareth, residente bem no começo da Rua Visconde de Pirajá, mais ou menos quatrocentos metros do forte, aproveitando um intervalo das bombas, também pôs-se a fugir. Mas, já bem distante da área do conflito, Ernesto percebeu que, na correria, tanto seu canarinho quanto o cãozinho Pierrot ficaram para trás, esquecidos, em casa. Resolveu, então, voltar para buscá-los. Amigos e parentes tudo fizeram para demovê-lo da idéia. Sem sucesso. Horas depois, o compositor reapareceu, feliz da vida, trazendo seus bichinhos.