Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
RADAMÉS GNATTALI (1924)
RADAMÉS GNATTALI (1924)
Também à mesma época, a fim de continuar seus estudos com o conterrâneo Guilherme Fontainha (residente no Rio de Janeiro, desde 1923), desembarcou na Capital Federal, vindo de Porto Alegre, onde nasceu aos 27 de janeiro de 1906, o jovem pianista, de apenas dezoito anos, Radamés Gnattali; se apresentando ao público carioca, pela primeira vez, em 31 de julho, no Instituto Nacional de Música.
(...) a impressão deixada pela arte de Radamés é das mais favoráveis que pode almejar um artista no cotejo dos meritos através das audições. (...) Jovem ainda, possue qualidades excepcionais, retirando do teclado bellisimos efeitos. (...) A sua technica perfeita, allia qualidades sentimentaes preciosas, que o enaltecem como artista e lhe permittem conseguir interpretações de grande valor emotivo.
BRASIL MUSICAL. Anno II - nºs. 33 e 34. Rio de Janeiro, 15 e 30 de agosto de 1924;
Gnattali foi dos mais brilhantes, sinceros e fervorosos admiradores de Ernesto Nazareth. Faleceu aos oitenta e dois anos, em 3 de fevereiro de 1988.
Tive a oportunidade de conversar algumas vezes com esse extraordinário pianista, regente, compositor e arranjador. Inclusive, sua talentosa irmã Aída (1911/0000), foi minha professora de piano.
Certa feita, por telefone, perguntei ao maestro a respeito de seu encontro com Nazareth e, principalmente, onde realmente teria acontecido, vez que, mediante conferência de datas, observei que este jamais poderia ter ocorrido à sala de espera do Cinema Odeon, conforme nos asseveram diversas publicações. Ele, então, nos respondeu:
Não, não foi no cinema Odeon que eu o conheci. Isso aconteceu logo que cheguei no Rio, em 1924. Passeando pela Avenida Rio Branco, eu o vi tocando em uma casa de música, a Casa Stephen, na Galeria Cruzeiro, onde hoje se encontra o edifício Avenida Central, próximo ao prédio da Caixa Econômica. Da rua, mesmo, eu ouvia o Nazareth tocando, mas nunca fui falar com ele. Eu era muito jovem e tímido...
Radamés Gnattali
GNATTALI, Radamés. Entrevista concedida ao autor por telefone. Rio de Janeiro, s/d;
Alguém chegou a me dizer, talvez Dona Aída, que Radamés, quando moço, seria, além de tímido, um pouco gago, e sempre que se deparava com situações que o deixavam sob alguma tensão, “empacava” nas palavras. Daí, acredito ter sido, essa, a razão de ele não ter conversado com o “rei do tango”.
Quanto à Casa Stephen, situava à Rua São José, s/nº, esquina com o Largo da Carioca, curiosamente encontramos, em alguns anúncios, o seguinte aviso:
Tem um pianista para experimentar as musicas.