Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ZIZINHA (1899)
ZIZINHA (1899)
Quanto à polca Zizinha (Ch. nº 4.463), dedicada à “intelligente discipula” Carlota Celeste Ripper, esta também saiu primeiramente impressa por E. Bevilacqua & Cia.
Filha de Roberto Ripper e Maria Waddington Ripper, Carlota, a “Zizinha”, nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de março de 1882, e faleceu na mesma cidade, em 1964, aos 82 anos.
Vovó “Zizinha” nasceu em São Cristóvão, acredito. O pai dela era da marinha mercante, o Comandante Ripper. Ele comandava um navio, não sei se era dele mesmo, mas que se chamava “Comandante Ripper”. Há alguns anos, já completamente deteriorado, esse navio foi rebocado para fora da Baía da Guanabara e afundado em alto-mar. O Ernesto Nazareth tinha um carinho especial por vovó “Zizinha”. Amor tipo platônico. Dizem, não posso afirmar, que quando ele resolveu dar aulas de piano, vovó foi a sua primeira aluna; daí esse carinho todo especial. Ela se casou com Jacob Nogueira, por volta de 1905, e teve dois filhos, meu pai, José Maria Ripper Nogueira (1906/1970) e meu tio Jacob Ripper Nogueira (1908/1990). Ela falava francês fluentemente, inclusive em casa, com os netos, pra ver se despertava na gente o interesse pela língua francesa. O piano dela, nós o temos até hoje. É um Pleyel castanho. Foi nesse piano que ela aprendeu a tocar com o Nazareth. Ela, muitas vezes, tocava a quatro mãos com ele e também chegou a compor algumas músicas com a ajuda dele. Ele foi o único professor de minha avó. Ela o tinha como a um deus, sem exagero. Ela o adorava. Depois de casada, vovó “Zizinha” deixou São Cristóvão e foi morar na Rua Theodoro da Silva, em Vila Isabel. E depois que a avó materna dela, Mariana, morreu, da tal gripe espanhola (1918), mudou-se para a Tijuca, na Rua Conde de Bonfim, bem em frente à Praça Saens Peña.
Uma vez, o Nazareth chegou na casa de minha avó, ainda em São Cristóvão, e encontrou o irmão dela, único irmão, Roberto Waddington Ripper, o tio “Bob”, dois anos mais novo que ela, dando uns beijinhos numa namoradinha na sala. E o Nazareth disse pra ele:
“ - Apanhei-te, cavaquinho!...”
Maria Isabel Nogueira Miranda d’Abreu
NOGUEIRA (Miranda d’Abreu), Maria Isabel. Entrevista concedida ao autor. RJ, 29 de novembro de 2002;
Na Coleção Jacob do Bandolim, pertencente ao Museu da Imagem e do Som-RJ, encontram-se 4 partituras de Ernesto Nazareth com a assinatura de “Zizinha R. Nogueira” e que teriam sido oferecidas, certamente, com o objetivo de incrementar tão importante acervo. Quanto às musicas, são as seguintes: Está chumbado, Feitiço, Ferramenta e Floraux.