Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ANTONIETTA FLEURY DE BARROS
ANTONIETTA FLEURY DE BARROS
Grande dama da sociedade carioca, Antonietta Fleury de Barros (1900/1992), a “Nenette”, foi uma de nossas primeiras cantoras clássicas a se interessar pela divulgação do repertório nacional, sendo reconhecida intérprete de Alberto Nepomuceno e Waldemar Henrique.
Eu, realmente, sempre fui apreciada como intérprete, mas das canções francesas. O francês foi a minha segunda língua. E quando resolvi me envolver com as canções brasileiras, isso não foi bem recebido por muita gente. Mas, mesmo assim, fui em frente. Cheguei a tomar parte no famoso “Joujoux e balangandans”, musical levado no Theatro Municipal sob os auspícios de Dona Darcy Vargas. E também fui a primeira a gravar em discos canções do paraense Waldemar Henrique.
Nunca cantei nada de Ernesto Nazareth. Dele, porém, me lembro em dois momentos de minha vida. Em 1915, mais ou menos, quando eu acompanhava minha irmã Guiomar (de Broux, depois de casada) às aulas de piano dela, em uma salinha em cima da Casa Arthur Napoleão, na Avenida Rio Branco. Havia, ali, várias salinhas onde se davam aulas de piano. E o Ernesto Nazareth dava ali suas aulas. Eu ficava no corredor esperando minha irmã. As aulas dele se não eram as mais concorridas pelo menos eram as mais interessantes, porque os alunos dele tocavam as músicas dele. Até os exercícios eram criados a partir das músicas dele e não dos massacrantes Hanon ou Cramer. Guiomar, minha irmã, não era aluna dele, mas tocava muita coisa dele em nossa casa. O “Brejeiro” eu sei que ela tocava. Toda gente tocava Ernesto Nazareth.
Depois disso, assisti a um recital dele, já idoso, no estúdio do fotógrafo Nicolas, na Cinelândia. Fui acompanhando meu noivo, Roberto Marinho, que certamente seria amigo dele. Sei que ele tocou música brasileira, não me lembro bem. Mas a impressão foi boa. Todos tinham por ele um grande carinho. Ele era muito querido.
Antonietta Fleury de Barros
FLEURY DE BARROS, Antonietta. Entrevista concedida ao autor. Rio de Janeiro, 1989;