Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
CLUBE DE SÃO CRISTÓVÃO (1885)
CLUBE DE SÃO CRISTÓVÃO (1885)
Aos 26 de setembro, sábado, em mais um “concerto e baile”, encontra-se a participação Nazareth registrada em o Jornal do Commercio. A organização ficou sob a responsabilidade do apreciado pianista Frederico Mallio, dando-se início, exatamente, com o Grande Duetto, de Ravina, para dois pianos, por Mallio e Nazareth. E, valendo-se do sucesso alcançado no Clube do Engenho Velho, em 27 de junho, nosso artista voltou a tocar com Alfredo Pereira a fantasia de Thalberg, para dois pianos, sobre a ópera Norma, de Bellini.
CLUB DE S.CHRISTOVÃO - No concerto organizado pelo professor Frederico Mallio, que se realizou ante-hontem neste club, forão executados os seguintes trechos de música: Grande duetto, de Ravina, para dous pianos, pelos Srs. Nazareth e Mallio; Melodia e Scherzo, de Ravinagi e Walter, para mandolino e piano, pelos Srs. Concuro e Mallio; Grande fantasia, de Leonard, para violino com acompanhamento de piano, pelos Srs. Pereira da Costa e Frederico Mallio; Delirio de cuore, para tenor, violoncello abrigado e piano, pelos Srs. Pedro Cunha, Paulo Carneiro e Mallio; Norma, de Thalberg, para 2 pianos pelos Srs. Alfredo Pereira e Nazareth; Fioralisi, gavota imperial, de Paulo Carneiro, executada pela primeira vez para 2 violinos, violetta e violoncello, pelos Srs. Carneiro, Althamira Filgueiras e Guilherme de Oliveira. Depois da execução destes trechos fizerão-se ouvir tocando o Carnaval de Veneza em violas os Srs. Pedro Vaz e Antonio Cardoso. Todos os executantes forão muito applaudidos. Seguirão-se as dansas até ao amanhecer. Foi grande a concurrencia, o serviço abundante e variado tendo a directoria offerecido á imprensa e ás comissões de diversas sociedades um delicado copo d’agua no qual se fizerão diversos brindes.
JORNAL DO COMMERCIO. Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1885;
Curiosamente, não encontra-se, outra vêz, o prenome Ernesto publicado; o que pode ratificar a popularidade do jovem músico.
(...) o compositor teve a glória de ser tão familiar da patria delle inteirinha, que todos falavam “o Nazareth”, que nem se trata um primo, um sobrinho e os amigos do nosso coração.
Mário de Andrade
ILLUSTRAÇÃO BRASILEIRA. Ernesto Nazareth. Mário (Raul) de (Morais) Andrade. Anno IX - nº 94. Rio de Janeiro, junho de 1928;
Ernesto Nazareth dava concertos em os salões mais aristocráticos da nossa sociedade. Abrilhantava os festejos da Baroneza da Taquara, da Fazenda da Bica, onde havia jovens bonitas, saraus das Teixeira Leite, que usavam pedras preciosas bordadas em seus vestidos de baile e eram muito atraentes. De uma feita, Nazareth fundou, em data recuada, um trio, tendo ele ao piano, Nicolino Milano (1876/1962) ao violino e (Luigi) Billoro na flauta. Tocavam em vários clubes da elite da época, em concertos que marcaram relevante sucesso, mormente os realizados em os salões do Clube São Cristóvão - que era freqüentado pela alta sociedade, na ocasião.
Nair Carvalho
CARVALHO, Nair. Depoimento por escrito enviado especialmente para o autor. RJ, 8 de julho de 1984;