Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
BAMBINO (1908)
BAMBINO (1908)
Pela Casa Arthur Napoleão, agora propriedade de Sampaio, Araújo & Cia., editou, nesse ano, o “tango” Bambino (Ch. 6827), dedicado “ao bom amigo” Cezar d’Araújo, um dos novos proprietários do tradicional estabelecimento. Quanto ao título, trata-se do nome artístico de um dos mais afamados caricaturistas da época, Arthur Lucas, responsável, inclusive, pelo desenho de algumas capas de partituras do compositor.
A D. Eulina era muito amiga de Florípes Anglada Lucas, amiga de minha família, e que era irmã do pintor Lucas, muito afamado na ocasião, e que era professor de desenho e pintura no antigo Liceu de Artes e Ofícios, localizado, na época, no quarteirão onde está hoje o edifício da Caixa Econômica, na Avenida Rio Branco com Largo da Carioca. Hoje, o Liceu ainda existe, perto da Praça Onze. A D. Florípes, quando o irmão ficou doente, teve muita dificuldade para o tratamento dele, inclusive com certa falta de dinheiro... Eu ajudei um pouquinho... Quando o irmão faleceu, ela teve um oferecimento de algum aproveitador para ficar com os últimos quadros dele. D. Florípes, muito preocupada com as dívidas, ficou doente e acabou aceitando a proposta.
Álvaro de Sousa Gomes
GOMES, Álvaro de Sousa. Depoimento por escrito feito especialmente para o autor. RJ, 14 de janeiro de 1985;
Assim como Manoel Antonio Gomes Guimarães & Cia., a Casa Arthur Napoleão & Cia. (funcionando, então, à Rua do Ouvidor, nº 89), também teve que mudar de endereço em razão das obras para a abertura da Avenida Central; recebendo indenização de 10:000$000 (dez contos de réis), aos 9 de junho de 1904. Dois anos depois, portanto em 1906 (e não em 1911, como encontramos em algumas publicações), reabriu suas portas à mesma avenida, nº 122, exatamente entre os suntuosos prédios da Associação dos Empregados do Commercio (nº 118 e 120) e do Club de Engenharia (nº 124 e 126).
O Arthur Napoleão já não era mais o proprietário da casa que tinha o seu nome. Mas sempre estava lá. Quando eu o conheci, na década de 1920, ele já estava bem idoso. Ele ficava sentado, em uma suntuosa cadeira, próxima aos fundos da loja. Ficava, lá, conversando com uma ou outra pessoa. Não me lembro se cheguei a ouvi-lo, ao piano. Mas, sem dúvida, na época, ainda era o mais importante nome entre os nossos pianistas, mesmo sendo português...
Aloysio de Alencar Pinto
ALENCAR PINTO, Aloysio de. Entrevista concedida ao autor. Rio de Janeiro, s/d;