Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ENCONTRADO O CORPO DE ERNESTO NAZARETH (1934)
ENCONTRADO O CORPO DE ERNESTO NAZARETH (1934)
Domingo, 4 de fevereiro, encontram o corpo de Ernesto Nazareth, já em adiantado estado de putrefação.
Eu era professora no grupo escolar da Colônia, cujo nome era Escola Juliano Moreira, dirigida pelo Prof. Otávio Bruno. E tanto eu quanto um bom número de alunos começamos a apresentar crises de cólicas, vômitos, diarréias, o que julguei ter alguma relação com a água consumida. Fui procurar o administrador e soube que ele já havia recebido a mesma reclamação de outras pessoas. Ele, então, mandou alguém ir lá na tal represa ver se era de lá o foco de tudo aquilo, porque se pensou, também, que pudesse ser coisa transmitida por mosquito.
Carmen Antunes da Silva
SILVA, Carmen Antunes da. Entrevista concedida ao autor, por telefone. RJ, 18 de agosto de 1985;
Coube, então, a um enfermeiro, de nome Abelardo, verificar se o problema realmente vinha das águas da represa. E por volta das 18 horas, daquele domingo de carnaval, “Giri” (seu apelido) retornou da incumbência trazendo a cruel notícia da descoberta de um corpo boiando, e que possivelmente seria o de Ernesto Nazareth.
Então, quatro dias depois, ele foi encontrado lá dentro da barragem. E eu estava até pra sair para Porto Alegre, eu ía de licença, mas estava esperando o jeito que ía dar, que era pra poder sair, porque o velho era fogo, não podia arranjar ninguém pra deixar com ele...
Bento d’Ávila
ÁVILA, Bento Manuel Moreira de. Entrevista concedida ao autor. RJ, 1979.
Por sua vez, mas sem muita convicção, Bento creditou a outro enfermeiro, o Romeu, a descoberta do corpo de Nazareth.
Me parece que quem encontrou o Nazareth foi um enfermeiro chamado Romeu. E o Romeu sempre me disse: “ - Ele está é aqui dentro!...” O Nazareth não ía pra fora, mas não ía mesmo. Romeu era um cara inteligente, que acompanhava os doentes. E sempre que a gente descuidava com ele (Ernesto), ele pegava uma estrada daquelas, a que estava na frente. Do contrário, ele teria que descer, ir lá pro jardim (lugar sempre cheio de gente), para dalí pegar, então, uma estrada, pegar uma rua para fugir. E ele pegou é ali (o caminho da represa), onde a coisa era mole, não tinha ninguém. Romeu me disse: “ - Não, você está certo, ele está pra cá, ele está é aqui dentro desse mato, você vai ver!...”
Bento d’Ávila
ÁVILA, Bento Manuel Moreira de. Entrevista concedida ao autor. RJ, 1979.
Naquele tempo, existia (ainda existe!) uma água mineral chamada Nazareth. E depois da morte do maestro, todo mundo passou a dizer que na Colônia Juliano Moreira só se bebia “Água Mineral Nazareth”...
Heitor Carpinteiro Péres
CARPINTEIRO PÉRES, Heitor. Entrevista concedida ao autor, por telefone. RJ, 21 de outubro de 1989;