Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ALBERTINA NAZARETH
ALBERTINA NAZARETH
Para se visitar Ernesto Nazareth na Colônia Juliano Moreira a coisa não era muito simples. Ou se ia até lá de táxi, desembolsando-se, na empreitada, uma pequena fortuna, ou de trem, da Estação D. Pedro II (Central do Brasil) até Cascadura, de onde se tomava um bonde, ainda puxado a burro, rumo ao Largo da Taquara e de lá se dirigindo, em carro de aluguel, ao destino planejado. Entretanto, o que a maioria das pessoas fazia era mesmo pegar um táxi direto de Cascadura até a Colônia.
Mas, se além de enfrentar tudo isso o visitante ainda tivesse plena consciência de que possivelmente seria recebido com animosidade, somente entenderíamos tal sacrifício como grande prova de amor. E, realmente, só aqueles que muito amavam o compositor, entre estes sua prima Albertina Nazareth, aventuravam-se a visitá-lo.
Foi a própria Albertina quem me disse, certa vez, que visitando Ernesto na Colônia Juliano Moreira surpreendeu-se com a seguinte revelação feita por ele:
“ - Albertina, você quer saber por que eu fiquei maluco? Foi por causa da quantidade de música que eu tenho dentro da minha cabeça e não consigo por pra fora!...”
Em outro momento daquela visita, ou de uma outra visita, Ernesto falou à prima, apontando para um canto vazio:
“ - Albertina, olha aqueles patinhos que estão ali...”
E Albertina “embarcando” na dele, diz:
“Ah!... São tão lindos... Olha só aquele amarelinho...”
E Ernesto, aborrecido, retrucou:
“ - Mas que pato amarelo que nada!... Onde é que você está vendo pato amarelo?...”
Gilson Nazareth
NAZARETH, Gilson. Entrevista concedida ao autor. RJ, 2004;