Capítulos

“MALY” & JOAQUIM (1920)

MAGNÍFICO (1920)

NÃO VOU N’ISSO (1920)

LUCÍLIA D'ALINCOURT FONSECA

NOCTURNO (1920)

HYMNO DA ESCOLA PEDRO II (1920)

MARIAZINHA SENTADA NA PEDRA!...

DISCOGRAFIA (1920)

NASCE MARIA CECÍLIA (1921)

ALOYSIO DE ALENCAR PINTO (1921)

GEMENDO, RINDO E PULANDO (1921)

ARROJADO (1921)

PAIRANDO (1921)

JACARÉ (1921)

CHEGAM AO RIO OS REIS DA BÉLGICA (1921)

O QUE HÁ? (1921)

XANGÔ (1921)

ELEGANTÍSSIMA (1926)

ATLÂNTICO (1921)

THEODORA AMÁLIA - 70 ANOS (1922)

MEIGO (1922)

PORQUE SOFFRE?... (1922)

1922 (1922)

LITTLE BOY (1922)

ARTHUR BERNARDES VERSUS NILO PEÇANHA (1922)

ADOLPHO BLOCH

A “REVOLTA” DO FORTE DE COPACABANA (1922)

MARCHA HERÓICA AOS 18 DO FORTE (1922)

O CÃOZINHO PIERROT

PIERROT É ESQUECIDO!...

PÁSSAROS EM FESTA (1922)

JANGADEIRO (1922)

O FUTURISTA (1922)

LUCIANO GALLET

INSTITUTO NACIONAL DE MÚSICA (1922)

FORA DOS EIXOS

HYMNO DA CULTURA DE AFETO ÀS NAÇÕES (1922)

HYMNO DA ESCOLA FLORIANO PEIXOTO

IMPROVISO

ERNESTO NAZARETH - 60 ANOS (1923)

MORRE MEIRELLES FILHO (1923)

TUDO SOBE... (1923)

DELIGHTFULNESS (1923)

FESTIVAL GLAUCO VELÁSQUES (1923)

ESCORREGANDO (1923)

DI CAVALCANTI (1924)

ARTIGO DE DARIUS MILHAUD (1924)

RADAMÉS GNATTALI (1924)

BRÍCIO DE ABREU

SEGUNDO ENCONTRO DE MIGNONE COM NAZARETH (1924)

ASSIS MEMÓRIA (1924)

MIÉCIO HORSZOWSKI (1924)

CRISE ENTRE OS GRAVADORES DE MÚSICA (1924)

O ALVORECER (1924)

DUAS “SAUDAÇÕES” (1924)

CASA VIEIRA MACHADO - NOVO PROPRIETÁRIO (1925)

ALZIRA MARIATH

EXTASE E NAZARETH

MORRE FRANCISCO ANTUNES (1925)

IBERÊ & ZILDA (1925)

YOLANDA (1925)

ANUNCIADA A VIAGEM A SÃO PAULO (1926)

VIAGEM A SÃO PAULO (1926)

EM CASA DE JORGE FRAGOSO (1926)

SÃO PAULO E A MÚSICA

LUIGI CHIAFFARELLI

AS CASAS DE MÚSICA PAULISTAS

SOROCABA (1926)

TATUÍ (1926)

JACINTHO SILVA (1926)

CARMEN TEIXEIRA E SILVA

LUIZ DE GONZAGA SILVA

MOACYR SILVA

PARAÍSO E FACEIRA

ARMANDO PINTO (1926)

REUNIÃO EM CASA DE ARMANDO PINTO (1926)

JAVERT VIEIRA DA SILVA

O PIANO DE ERNESTO NAZARETH (1926)

CLÁUDIO AUGUSTO CAMARGO PINTO

ANUNCIADO RECITAL DO COMPOSITOR EM CAMPINAS (1926)

PRIMEIRA AUDIÇÃO EM SÃO PAULO (1926)

SYLVIO MOTTO (1926)

ERNANI BRAGA (1926)

CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL - 1º CONCERTO (1926)

CAPRICHO E POLONESA

NAZARETH OU TUPYNAMBÁ?

A PRIMEIRA ENTREVISTA EM SÃO PAULO (1926)

“ERNESTINHO” & ESTHER (1926)

FRANCISCO ASSUMPÇÃO LADEIRA

EXTASE E PAULICÉA... (1926)

MAESTRO GAÓ

CAMPINAS (1926)

CLUB SEMANAL DE CULTURA ARTÍSTICA (1926)

ENCERRAMENTO DA CAMPANHA DO PIANO

CASA BEVILACQUA (1926)

ATÉ QUE ENFIM - 1ª COMPOSIÇÃO EDITADA EM SÃO PAULO (1926)

OUTROS QUATRO “FOX-TROTS”

DESENGONÇADO - 2ª COMPOSIÇÃO EDITADA EM SÃO PAULO (1926)

CRUZEIRO (1926)

JANOTA - 3ª COMPOSIÇÃO EDITADA EM SÃO PAULO (1926)

PROEMINENTE - 4ª COMPOSIÇÃO EDITADA EM SÃO PAULO (1926)

QUEBRA CABEÇAS - 5ª COMPOSIÇÃO EDITADA EM SÃO PAULO (1926)

CELESTIAL (1926)

ERNESTO & THEODORA AMÁLIA - 40 ANOS (1926)

CONFERÊNCIA DE ANDRADE MURICY (1926)

CLUB CAMPINEIRO - 1º CONCÊRTO (1926)

CARTA AO “ALMIRANTE”

CENTRO DE SCIENCIAS, LETRAS E ARTES (1926)

JACINTHO EM SANTOS

SUBSCRIÇÃO DO PIANO (1926)

CLUB CAMPINEIRO - 2º CONCÊRTO (1926)

DE VOLTA À SÃO PAULO (1926)

CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL - 2º CONCERTO (1926)

PRESTANDO CONTAS

EM CASA DE JORGE FRAGOSO (1926)

CARTÃO DE “ERNESTINHO” (1926)

CARTA DE “ERNESTINHO” (1926)

UM APARTAMENTO...

CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL - 3º CONCERTO (1926)

CARTA A NOÊMIA DO NASCIMENTO GAMA (1926)

MORRE MÁRIO NAZARETH (1926)

AMOR E INTRANSIGÊNCIA

MORRE “ZIZINHA” (1926)

THEATRO MVNICIPAL (1926)

MÁRIO DE ANDRADE

REUNIÃO EM CASA DE FRANCISCO ARAÚJO (1926)

ALFAIATE LOURENÇO UNTI (1926)

MORRE MARINA (1926)

RUA SIQUEIRA CAMPOS (1926)

CARTAS DE AGRADECIMENTO DA FAMÍLIA NAZARETH (1926)

REUNIÃO EM CASA DE NESTOR PESTANA (1927)

NASCE “ELZINHA” (1927)

A FAMÍLIA DE “ELZINHA”

UM ACRÓSTICO - UMA SAUDADE...

PREPARATIVOS PARA A DESPEDIDA DE NAZARETH (1927)

CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL - 4º CONCERTO (1927)

CARTÃO DO PENSIONATO SANTO ANTONIO (1927)

EM CASA DA FAMÍLIA LA S’CALÉA (1927)

NAZARETH RETORNA AO RIO (1927)

CUBANOS (1927)

“ELZINHA” É BATIZADA (1927)

PRIMEIRA CARTA DE J. B. VASQUES (1927)

MARCHA FÚNEBRE (1927)

SEGUNDA CARTA DE J. B. VASQUES (1927)

TERCEIRA CARTA DE J. B. VASQUES (1927)

SÓ NO NAZARETH

SARAH BENGIO

DESFAZ-SE UMA SOCIEDADE (1927)

ROBERT DONATI

PRIMEIRA CARTA DE DONATI (1927)

DISCOGRAFIA (1927)

NASCE LÊDA (1927)

PAULO TAPAJÓS

GASTÃO PENALVA

ARACY & PEDRO (1928)

SEGUNDA CARTA DE DONATI (1928)

SUTIL (1928)

IPANEMA (1928)

CAVAQUINHO, POR QUE CHORAS? (1928)

NASCE PEDRO PAULO (1928)

DISCOGRAFIA (1928)

VICENTE CELESTINO & FRANCISCO ALVES

A VOZ DO AMOR

MORRE “JOANNINHA” (1928)

INSTITUTO NACIONAL DE MÚSICA (1929)

CARMEN MIRANDA (1929)

O VIOLÃO (1929)

A DÉCIMA NONA MORADA (1929)

MORRE THEODORA AMÁLIA (1929)

DOIS CARTÕES (1929)

A VIGÉSIMA MORADA (1929)

TRÊS VIZINHOS

ELZA LACERDA FRANCO DE ABREU

ATALIBA GALVÃO NETTO

ESMERALDA DE ALMEIDA MONTEIRO

ESCOLA JOSÉ DE ALENCAR

LÍLIAN DE SOUZA CARVALHO LUCCHETTI

NO JARDIM

IVNA MENDES DE MORAES DUVIVIER

GABRIELLA MUDA-SE PARA BOTAFOGO (1929)

EXHUBERANTE (1929)

CRISES EM PENCA!... (1929)

TANGO-HABANERA

COMMIGO É NA MADEIRA

HENRIQUETA BRIEBA

FRANCISCO ALVES (1929)

ABRAHAM MEDINA

FEITIÇO NÃO MATA

Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida

SARAH BENGIO

SARAH BENGIO

Quanto à Sarah Bengio, ou Benzio, também citada na carta, lembremos tratar-se da cantora que se apresentou interpretando Êxtase, acompanhada pelo próprio Nazareth, no recital de despedida do músico carioca, em 7 de março, no Salão do Conservatório Dramático e Musical. E conforme J. B. Vasques ainda escreveu, seguiram, no mesmo envelope, dois recortes sobre o crime. Vamos ao que dizem:

 

TRAGÉDIA PASSIONAL” (1927)

DESVAIRADO POR UMA PAIXÃO VIOLENTA,

UM MOÇO TENTA MATAR UMA SENHORA CASADA

E SUICIDA-SE EM SEGUIDA - OS PORMENORES DA SCENA

O Parque Paulista, situado na avenida do mesmo nome, em frente ao Trianon, foi theatro, hontem, ás 17 horas, mais ou menos, de uma scena passional, cujos protagonistas são pessoas bastante conhecidas nesta capital. Um moço, tomado de violenta paixão por uma senhora casada e vendo que esta, com decidida altivez, lhe repellia as propostas deshonestas, consegue, por uma serie de circumstancias que abaixo relataremos, leval-a até o parque referido, onde, num gesto de allucinado, depois de ferill-a gravemente com dois tiros de revólver, volta contra si a mesma arma e dispara uma bala na cabeça, morrendo instantaneamente. O facto provocou alarma nas circumvizinhanças do parque, sendo avultado o numero de pessoas que accorreram ao local onde se desenrolou a tragédia, logo após a detonação dos tres tiros de revólver.

Os Protagonistas

A policia foi avisada e ao local compareceram os drs. Armando Soares Caiuby, delegado de serviço; Sá Pinto, médico da Assistencia e Carlos Gonzaga, legista do Gabinete Medico. No parque achavam-se, rodeados de populares, d. Sarah Bengio, portugueza, casada, 29 annos, residente á rua Tamandaré, n.192, gravemente ferida no peito por dois tiros de revolver e o cadaver de Pedro Bifano, de 30 annos presumiveis, empregado no commercio, residente á rua Frei Caneca, n.130, com um ferimento, tambem produzido por bala na cabeça.

Uma senhora que se encontrava no local, d. Herminia Rosa Buccioni, foi quem prestou á policia os primeiros esclarecimentos. Pedro Bifano tentára assassinar Sarah Bengio e matara-se em seguida. A senhora ferida, cujo estado foi considerado gravissimo, ficou em tratamento no Sanatorio de Santa Catharina, após os socorros da Assistencia. A autoridade determinou, logo em seguida ao necessario exame, a remoção do cadaver de Pedro Bifano para o necroterio da rua Vinte e Cinco de Março.

Testemunho Valioso

D. Herminia Rosa Buccioni, como dissemos, foi uma das testemunhas da tragédia. Casada com José Victor Buccioni, gerente da agencia do Braz do Banco Ítalo Belga, residem á rua Vergueiro, n.153. Ha mais de tres annos que esse casal conhece d. Sarah Bengio, casada com José Bengio, que tem escriptorio commercial á rua do Carmo, n.29. Facil foi, por isso, á autoridade policial, tomando o depoimento de d. Herminia Rosa Buccioni, estabelecer os antecedentes que deram origem ao sangrento desfecho a que alludimos. E foi lendo, attentamente, tal depoimento e reunindo os factos nelle narrados com os que colheu em outras fontes a nossa reportagem, que agora podemos transmittir aos leitores uma noticia o quanto possivel exacta e pormenorisada.

Em Buenos Aires

O casal Buccioni, como dissemos, reside á rua Vergueiro, n.153. Em julho do anno passado foram alli hospedar-se Sarah Bengio e o marido José Bengio. Ha pouco tempo Herminia Rosa Buccioni indo a Buenos Aires, em visita a seus irmãos, alli conheceu Pedro Bifano, envolvido nos acontecimentos de julho de 1924 e exilado no vizinho paiz. Novamente em S.Paulo, Herminia Rosa recebeu um dia a visita do ex-revoltoso que lhe ia entregar algumas cartas de seus irmãos. Nessa occasião - faz isso uns cinco mezes - Bifano conheceu Sarah Bengio, com quem, posteriormente, outras vezes se encontrou em reuniões que o casal Buccioni promovia em seu palacete da rua Vergueiro.

Empolgado pela paixão

Entre os seus amigos e companheiros, Bifano, que era um grande bohemio, não escondia, ultimamente, a grande paixão que lhe empolgára o espirito. E nas reuniões promovidas pelo casal Buccioni, aquelle moço, improvisando ao violão, fazia sempre allusões, embora veladas, á immensa paixão que o torturava. D. Sarah, entretanto, apesar de dotada de um genio expansivo e alegre, tambem cantando ao som da guitarra naquellas reuniões intimas, sempre se mantinha numa linha de conducta inatacavel.

Situação embaraçosa

Agora faz pouco mais de um mez que, por uma desintelligencia entre José Bengio e José Victor Buccioni, Sarah e o marido deixaram a casa onde estavam hospedados, indo residir no predio n.192 da rua Tamandaré, ficando, desde então, estremecidas as relações entre os dois casais. Hontem, mais ou menos, ás 15 horas, Herminia Rosa recebeu um telephonema de Sarah. Dizia esta que se achava na casa de d. Olga Calmão, á rua Barão de Itapetininga, onde precisava, com urgencia, do concurso dessa amiga para se desembaraçar de uma situação gravissima. O apello de Sarah foi attendido. Momentos depois, alli chegava Herminia Rosa, inteirando-se do que succedia á esposa de José Bengio. Muito nervosa, a desventurada senhora explicou á amiga que, na esquina próxima, estava postado Pedro Bifano que, de longo trajecto, a vinha perseguindo. Queria, por isso, que Herminia Rosa lhe fosse falar e ver se o demovia do proposito de perseguil-a tão insistentemente. Herminia Rosa desceu até á rua e foi falar a Pedro Bifano. Este declarou peremptoriamente - depois de sciente da missão confiada áquella senhora - que não desistiria do intento de conversar alguns momentos com Sarah. Esta que viesse falar-lhe, pois tudo se resolveria em paz. Caso contrario, iria ao encontro de Sarah, disposto a matal-a e a matar qualquer pessoa que se lhe apresentasse no caminho para impedil-o de se aproximar daquella mulher.

Marcando uma entrevista

Herminia Rosa foi ter com Sarah e contou-lhe pormenorisadamente os resultados da entrevista, ficando resolvido que ambas iriam encontrar Bifano no parque da avenida Paulista, ás 17 horas, pois o apaixonado moço se recusára a ir á casa dos Buccioni, como lhe foi a principio suggerido.

A Scena de Sangue

Seriam 17 horas quando parou um automovel em frente ao parque Paulista, delle descendo duas senhoras: eram Herminia Rosa e Sarah. Na porta principal do jardim encontraram-se com Pedro Bifano que as cumprimentou e, sem proferir palavra, seguiu alguns metros ao lado de ambas pela alea direita. Ao defrontarem o primeiro banco, Bifano pediu a Herminia que se afastasse um pouco, pois desejava dizer duas palavras em particular a Sarah. Alguns minutos depois, ouviram-se as detonações de tres tiros. O moço acabava de perpetrar uma tragedia, uma grande tragedia passional.

Preferia morrer para não trahir

O que se passou entre Sarah e Bifano, quando se afastaram de Herminia Rosa, é impossivel saber-se. Esta ultima senhora, porém, que conhecia os propositos da amiga quando, juntas, se encaminharam ao parque, suppõe que, repellindo mais uma vez as propostas do desvairado bohemio, Sarah teria preferido morrer a manchar a sua honra, tornando-se infiel ao marido.

ESTADO DE S.PAULO (O). São Paulo, 8 de junho de 1927;

 

TRAGEDIA PASSIONAL

A MORTE DE D. SARAH BENGIO

No hospital de Santa Catharina, onde se achava em tratamento, falleceu, hontem, pela manhan, d. Sarah Bengio, alvejada a tiros, ha dias, no parque Paulista, por Pedro Bifano, que se suicidou após o crime.

ESTADO DE S.PAULO (O). São Paulo, 12 de junho de 1927;