Capítulos

MORRE ALICE (1910)

MORRE ANNA CAZEMIRA (1910)

THEATRO JOÃO CAETANO

MARIA JOSELITA

NOÊMIA (1911)

MANOEL ANTONIO GOMES GUIMARÃES

JULIETTA (1911)

TURBILHÃO DE BEIJOS (1911)

DISCOGRAFIA (1911)

CARTA DE “MARIETTA” (1912)

THEODORA AMÁLIA - 60 ANOS (1912)

MORRE “DODOCA” (1912)

CORRECTA (1912)

BAMBINO RECEBE LETRA DE CATULLO (1912)

BAMBINO RECEBE LETRA DE WISNIK

DISCOGRAFIA (1912)

AI, RICA PRIMA! (1912)

DISCOS PARA A CASA EDISON (1912)

PEDRO DE ALCÂNTARA

TRAVESSO (1913)

FON-FON! (1913)

CONFIDÊNCIAS (1913)

TALISMAN (1913)

CARTÃO POSTAL DO LINO (1913)

CUÉRA (1913)

O PIANO DE “NENÊN” (1913)

ERNESTO NAZARETH - 50 ANOS (1913)

ESPALHAFATOSO (1913)

ATREVIDO (1913)

CUTUBA (1913)

REBOLIÇO (1913)

BATUQUE (1913)

HENRIQUE OSWALD

AMENO RESEDÁ (1913)

TENEBROSO (1913)

SÁTYRO BILHAR

CARIOCA (1913)

OLYMPIO NOGUEIRA

DISCOGRAFIA DE OLYMPIO NOGUEIRA

EPONINA (1913)

SAUDADE (1913)

ELECTRICA (1913)

MORRE “MARIOZINHO” (1913)

“A CATASTROPHE DO GUARANY” (1913)

DISCOGRAFIA (1913)

A “GRANDE GUERRA” (1914)

PÉROLAS DE ORVALHO (1914)

CATRAPUZ (1914)

FIDALGA (1914)

MESQUITINHA (1914)

HENRIQUE ALVES DE MESQUITA

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!... (1914)

ALERTA! (1914)

VEM CÁ, BRANQUINHA (1914)

SAGAZ (1914)

TOPÁZIO LÍQUIDO (1914)

ARNALDO REBELLO

DISCOGRAFIA (1914)

DIVINA (1915)

OURO SOBRE AZUL (1915)

CARLOS BITTENCOURT

CURIOSO (1915)

PIERROT (1915)

MORRE FERNANDO (1916)

GOTTAS DE OURO (1916)

ERNESTO & THEODORA AMÁLIA - 30 ANOS (1916)

TUPYNAMBÁ (1916)

MARCELLO TUPYNAMBÁ

GAROTO (1916)

SARAMBEQUE (1916)

RETUMBANTE (1916)

DISCOGRAFIA (1916)

RECIBO DE VENDA (1916)

A DÉCIMA SÉTIMA MORADA (1917)

MARIANA ALVIM

PAULO DE TARSO LEAL

NAZARETH RETORNA AO ODEON (1917)

DARIUS MILHAUD (1917)

LE BOEUF SUR LE TOIT

LABIRINTO (1917)

GUERREIRO (1917)

MATUTO (1917)

NOVE DE JULHO (1917)

GASPAR DE MAGALHÃES

RANZINZA (1917)

FAMOSO (1917)

MERCÊDES (1917)

SÓ SE ME DERES UM BEIJO (1917)

EULINA & MERCÊDES (1917)

MORRE “MARIETTA” (1917)

SAÍDA DEFINITIVA DO ODEON (1918)

ARTHUR RUBINSTEIN (1918)

FRANCISCO MIGNONE (1918)

RECORDANDO MIGNONE

PODIA SER PIOR (1918)

TERMINA A “GRANDE GUERRA” (1918)

VITÓRIA (1918)

A DÉCIMA OITAVA MORADA (1918)

DOIS OFERECIMENTOS EM MÚSICAS DE SOUTO (1918)

LAMENTOS E MÁGOAS

SUCCULENTO (1919)

CASA CARLOS GOMES (1919)

EDUARDO SOUTO

JOSÉ DE OLIVEIRA

MAIS DOIS OFERECIMENTOS EM MÚSICAS DE SOUTO (1919)

HOMENAGEM À EPITÁCIO PESSOA (1919)

MENINO DE OURO (1919)

INSUPERÁVEL (1919)

SUSTENTA A... NOTA (1919)

DISCOGRAFIA (1919)

Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!... (1914)

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!... (1914)

Com a indicação de “muito própria para serenatas”, veio a público (1ª Ed. Casa Mozart) a edição princeps da polca Apanhei-te, cavaquinho!... (Ch. 7417), dedicada “ao distincto e particular amigo” Juracy Nazareth de Araújo, compositor diletante e autor de pelo menos uma música conhecida: o samba Pedindo beijos, lançado em abril de 1930, pela Parlophon (disco nº 13.129 - lado A), na voz de Augusto Calheiros. Curiosamente, encontra-se no lado B do mesmo disco, como “maxixe”, a polca-tango Cuéra, de Ernesto Nazareth, em gravação da Simão Nacional Orchestra.

Em pouco tempo, Apanhei-te... tornou-se um dos maiores sucessos do nosso ilustre pianista, existindo três versões a justificar-lhe o título:

1) O aproveitamento de uma expressão, da época, aplicada a alguém flagrado em situação comprometedora;

Quando “Ernestinho” era ainda bem pequeno, muito travesso, o pai o surpreendeu trepado em uma cadeira, na dispensa da casa, tentando “surrupiar”, de uma prateleira alta, o pote de barro, contendo compota de goiaba caseira, feita por sua mãe, de frutas do pequeno quintal. Os pais desconfiavam de que a compota ia “sumindo” do pote e Nazareth resolveu ficar de sobre-aviso, surpreendendo o garoto: “- Apanhei-te, cavaquinho!” Disse de dedo em riste. “Ernestinho” era miudo, franzino (sofria de asma) e sua voz manhosa era estridente, algo metálica. “Apanhei-te, cavaquinho!” expressava seu filho, saltitante e pequeno.

Nair Carvalho

CARVALHO, Nair. Depoimento por escrito enviado especialmente para o autor. RJ, 8 de julho de 1984;

2) A de que o compositor teria procurado “representar”, no piano, dois significativos instrumentos de uma roda de “choro”: a flauta, na mão direita (melodia) e o cavaquinho, na esquerda (harmonia);

Nazareth transpôs para o piano os instrumentos populares brasileiros, como a flauta (a mão direita do “Apanhei-te, cavaquinho!...”), violão (a mão esquerda do “Tenebroso”), cavaquinho, oficleide, bombardino, percussão, a tuba (o baixo da entrada do “Fon-Fon!”), procurando imitá-los.

Como trouxe para o piano brasileiro novos recursos técnicos, enriquecendo a música brasileira de novos meios de expressão musical, é imprescindível a todo estudante de piano o aprendizado de suas músicas, especialmente o “Apanhei-te, cavaquinho!...” e o “Ameno Resedá”, pela extraordinária e difícil independência das mãos. É uma situação técnica inusitada.

Eudóxia de Barros

NOTÍCIAS EM PIANO FORTE - Nº 39. Eudóxia de (Campos) Barros (Lacerda). São Paulo, agosto de 1989;

3) E, finalmente, a falsa, publicada na contracapa de um elepê (e já repetida em outras publicações!), na qual se lê que o músico a teria dedicado a um certo “Mário Cavaquinho (...) o maior cavaquinista do Brasil!...” Como vemos na partitura o nome lá impresso não é Mário, mas, sim, Juracy!...

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!... - LETRA

Letra de Darci de Oliveira e Benedito Lacerda.

 

Inda me lembro

do meu tempo de criança

quando entrava numa dança

toda cheia de esperança

de chinelinha e de trança

com Mané José da França

Nunca tive na lembrança

de rever este chorinho

E hoje ouvindo

neste choro a voz do pinho

relembrando o bom tempinho

da mamãe e do maninho

Hoje sou ave sem ninho

sem família, sem carinho

Mas sou bem feliz ouvindo

o “Apanhei-te, cavaquinho”

 

Hoje cantando

o “Apanhei-te, cavaquinho”

fico louca, fico quente

fico como passarinho

Sinto vontade

de cantar a vida inteira

e esta vida

eu levo de qualquer maneira

Ouvindo a flauta

o cavaquinho, o violão

eu sinto que o meu coração

tem a cadência de um pandeiro

Esqueço tudo e vou cantando o ano inteiro

este chorinho que é muito brasileiro

 

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!... - LETRA

Letra cantada pelas Dinning Sisters no filme "Melody Time’s" (Disney)

Transcrição: Alexandre Dias

 

If your spirits have hit a new low

And they long to hit a new high

One little musical cocktail

Will lift them to the sky

 

Mix a jigger of rhythm

With a strain of a few guitars

And a dash of the samba

And a few melodious bars

 

And then, and then

 

You take a small cabassa (chi chi chi chi chi)

One pandeiro (cha cha cha cha cha)

Take the cuíca (choo choo choo choo)

You've got the fascinating rhythm of the samba

 

And if guitars are strumming (chi chi chi chi chi)

Birds are humming  (cha cha cha cha cha)

Drums are drumming (choo choo choo choo)

Then you can blame it on the rhythm of the samba

 

For there is something 'bout the beat you cling to

That's the type of song you sing to

That's the kind of thing you swing to

When you get to bouncing with the beat in your feet

 

But when you're bouncing to the beat you're reeling

With the carioca feeling

But if you want to hit the ceiling

Here is all you have to do

 

You take a small cabassa (...)

 

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!... - LETRA

Letra de Báldoman

 

Um cavaquinho, cabecinha pequenina, no formato d’um oitinho,

De boquinha redondinha, de pescoço compridinho, orelhinha cravelhinha,

De madeira o terninho, gravatinha de cordinha, falou:

Sou miudinho, tenho quatro “cordazinha”, mas dou vida ao chorinho,

Sou o molho do sambinha! “Seu” pandeiro, cuidadinho!...

Tome tento, ó flautinha!... “Seu” piano, diga ao pinho: cavaquinho já chegou!

 

Ó cavaquinho malcriado, deu o brado, indignado, o piano:

Seu mesclado, sem teclado, vilão!

Ó cavaquinho, te arrebento , seu rebento de instrumento, ruge o pinho.

Seu safado, mascarado, não!

A dona flauta, com a prata mais vermelha que centelha,

Num trinado, engasgado, disse apenas: bufão!

“Seu” pandeiro, vibra o guizo ao cavaco.

Facão, eu te bato, eu te piso, seu tustão!

 

O cavaquinho envergonhado deu no pé, pé, pé, aprendeu a lição, ão, ão.

Que não se brinca em seresta, nem se ofende ninguém!...

Que não se zomba do mais velho, também!

Mas cavaquinho arrependido voltou lá, lá, lá,

E pediu pra ficar, ar, ar, e, humilde, aprendeu, eu, eu

A respeitar os do lugar! Ah!...

 

APANHEI-TE, CAVAQUINHO!... - LETRA

Em seu elepê “Coisas do Mundo” (Philips R 765.079 L), de 1969, Nara Leão presenteou a todos nós com a uma gravação de Apanhei-te, cavaquinho!..., com letra de sua própria autoria.

 

I Parte

 

Com esse chorinho apanhei-te cavaquinho

Meu piano, tão certinho, vai seguindo seu caminho

E a viola na calçada, vai ficando encabulada

Vai tentando e vai tocando, mas tá longe do chorinho

E sendo assim, eu vou tocando à minha moda

Nem te ligo, não dou bola, não escuto essa viola

Vou seguindo disparado, nesta noite enluarada

Preparei-te uma surpresa e apanhei-te cavaquinho

 

II Parte

 

Meu choro que cantava só saudades, tristezas, temores

Hoje não sabe o que é viver a vida, esqueceu-se dos amores

Eu acho graça ao ver alguém lá fora a sofrer e a chorar

Hoje, nada ele consegue, nem sequer me acompanhar

 

I Parte

 

O meu chorinho vai seguindo seu caminho

Caminhando de mansinho, apanhei-te, cavaquinho

Meu piano é bem sabido, meu piano é meu amigo,

Mais esperto e inteligente que qualquer violãozinho

E sendo assim, eu vou tocando à minha moda

Nem te ligo, não dou bola, não escuto essa viola

Vou andando disparado, vou na frente, vou sozinho

Desta vez eu te apanhei, pois apanhei-te, cavaquinho!...

 

III Parte

 

Se andar depressa pode ser que me apanhe

E que inda me acompanhe

Nessa dança que eu marco o passo

E que vou variando o compasso

E copiando é que se vê como é que eu faço

Vai tentando aprender

Como tocar um bom chorinho

Mas, te apanhei meu cavaquinho

 

I Parte

 

E o meu chorinho vai seguindo seu caminho

Caminhando de mansinho, apanhei-te, cavaquinho

Vai andando disparado, vai na frente e vai sozinho

Desta vez eu te apanhei, mas apanhei-te, cavaquinho.

 

I Parte (para finalizar)

 

Mas, meu chorinho vai seguindo seu caminho

Caminhando de mansinho, apanhei-te, cavaquinho

Vai andando disparado, vai na frente e vai sozinho

Desta vez eu te apanhei, mas apanhei-te, cavaquinho.