Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ELITE-CLUB (1900)
ELITE-CLUB (1900)
A primeira valsa brilhante da autoria de Ernesto Nazareth a vir à luz, ainda por Fertin de Vasconcellos, Morand & Cia., foi Elite-Club, oferecida aos sócios fundadores, à diretoria e ao vice-presidente do mesmo clube, Dr. Jovino Barral da Fonseca.
Esta sociedade (que nada tem a ver com a tradicional gafieira da Praça da República) tratava-se de um teatro particular, dirigido por amadores e que funcionava à Rua Mariz e Barros, nº 12-A (prédio demolido em 1910).
No Almanaque d’O Theatro, em nota alusiva ao Club Fluminense, encontramos algumas palavras a respeito do Elite:
CLUB FLUMINENSE (Campo de São Christóvão, 17 B) - Força é confessar que é este o Club de amadores que está na ponta! O Club Fluminense é filho do Elite-Club, da sociedade que na Mariz e Barros tanto impulso deu ao movimento de amadores, apurando-lhes o gosto e educando-os no palco, concorrendo brilhantemente nos espetaculos do “Centro Artistico” e obtendo uma victoria estrondosa com a interpretação do Badejo. Pois, se o Elite era fóco de arte, o Fluminense é outro fóco, porém de intensidade maior, onde se sacrifica a Melpomene e a Thalia, sem abandonar Terpsychore.
Almanaque d’O Theatro
ALMANAQUE D’O THEATRO. Theatros particulares, Capital Federal. Anno primeiro. Rio de Janeiro, 1906/1907;
Quanto ao “Badejo” citado na nota, trata-se de uma comédia de Arthur Azevedo, em três atos, em verso, representada pela primeira vez no Rio de Janeiro, no Teatro São Pedro de Alcântara, em 15 de outubro de 1898, pelo corpo cênico do Elite-Club. Constança, que interpretou a personagem Ambrosina, ainda contou ao seu lado, entre outros amadores, com o irmão Orlando e o pai, seu Teixeira, nos papéis de Lucas e Benjamin Ferraz, respectivamente.
E só por curiosidade, acho interessante informar que no mesmo almanaque vamos encontrar, mas em outra sociedade, o Hodierno Club, à Praça da República, nº 47, junto à pequena orquestra do maestro Raffaello Perrotta, dois nomes que viriam a se destacar um no teatro de revista, e o outro na música universal: Eustórgio Wanderley e Heitor Villa-Lobos.