Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
“BORORÓ”
“BORORÓ”
Autor do samba-choro “Da cor do pecado” (1939) e do choro “Curare” (1940), Alberto de Castro Simões da Silva, célebre figura do folclore urbano carioca das primeiras décadas do século XX, nasceu no Rio de Janeiro, aos 15 de outubro de 1898, e na mesma cidade faleceu, em 7 de junho de 1986.
Popularmente conhecido como “Bororó”, em novembro de 1966 deixou breves e simpáticas impressões de Ernesto Nazareth em depoimento prestado ao MIS. Vamos a elas:
Com Nazareth tive vários contatos prolongados. Por exemplo: Nazareth pianista da Casa Stephen, ali no Largo da Carioca; Nazareth tocando no Cinema Palais (!); Nazareth na Rua do Ouvidor; Nazareth numa festa que eu fui em Quintino.
Nazareth foi um homem bonito.Tocava assim, meio que como macaco, curvado. Uns dentes muito bonitos. Bom caráter, bom amigo, ajudava todo mundo.
Não houve casos registrados de mulheres na vida de Nazareth... E todas as mulheres tocaram Nazareth... Todas!...
Bem, ali (no Cinema Odeon) existiam dois grandes: Nazareth e o violinista, meu amigo particular... Já me lembro... Nazareth era um homem que dava a sua audição à tarde, com assistência geralmente de Ruy Barbosa. Grandes figuras da época. Rivadávia Corrêa era um deles. Figurava sempre ali a escutar a hora de Nazareth. De sorte que Nazareth era um homem que saía calmamente, tomava seu bondezinho, ia embora para casa. Não era um homem de concentrações. Não era nada de farras. Era um homem respeitado, sempre bem vestido. Era surdo. Não era uma surdez absoluta. Falava pondo a mão no ouvido.
Alberto de Castro Simões da Silva - “Bororó”
BORORÓ. Alberto de Castro Simões da Silva. Depoimento prestado ao Museu da Imagem e do Som (RJ). Gravação realizada em 3 de novembro de 1966;