Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
SERTANEJA - LETRA
SERTANEJA - LETRA
Anos mais tarde, Nenê recebeu letra de Catullo e, conseqüentemente, um segundo título: Sertaneja.
I Parte
Sestrosa, dengosa, derriçosa, odorosa flor!...
Maldosa, formosa, sertaneja meu lindo amor!
Anjinho! Benzinho! Meu carinho! Meu beija-flor!...
Condena, sem pena, que minh’alma te adora o rigor!
II Parte
Quando tu passas na orla do monte
caminho da fonte, da tarde ao morrer,
meu pranto rola por sobre a viola,
que a noite consola no seu gemer!
III Parte (Trio)
Provocante, radiante, fascinante, ondulante,
num teu fado ritmado, tu nos fazes até chorar!...
Logo a gente, a gente sente uns desejos dos teus beijos!...
Uns desejos dos teus beijos, que nos fazem até delirar!
I Parte
Ingrata, ingrata, volve a mim um teu doce olhar!
Teu riso me mata!... Me maltrata... me faz banzar!...
Desata, desata esse olhar do meu coração...
Ingrata... ingrata!... Suspirosa irerê do sertão!
II Parte
Também se passas, formosa e tirana,
por minha choupana da tarde ao cair,
vou te seguindo na estrada arenosa,
qual rola saudosa, a carpir... carpir!
I Parte (Final)
Na dança deslizas e assim pisas mil corações!
Teu peito é o leito, doce leito das tentações!...
Teus olhos... teus olhos... Vaga-lumes de ingratidões!
Teus olhos... teus olhos... São queixumes das nossas paixões!
CEARENSE, Catullo da Paixão. Modinhas. Livraria Império. Rio de Janeiro, 1956;