Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
NAZARETH TENTA FUGIR NA CIDADE
NAZARETH TENTA FUGIR NA CIDADE
O negócio dele, a idéia fixa dele era fugir, todo o tempo. Na cidade, quando eu andava com ele, se ele pudesse se meter no meio do pessoal, ele se metia, prá fazer confusão... Sabe como é?... Aí, eu beliscava e ele me dizia:
“ - Não precisa me beliscar!...”
Nós não visitávamos muitas coisas, porque a gente não pode ter confiança no doente. Lá (na Casa Arthur Napoleão) era gente dele, do conhecimento dele, no tempo em que ele “funcionava” bem, como maestro, como pianista. Mas, fora disso não.
Uma vez, ele fugiu de mim na cidade, alí na saída da (Rua do) Ouvidor, quando a gente dobrava a Avenida para ir pro (Palácio) Monroe, para pegar um (ônibus para o) Méier... um negócio que viesse pra cima. Ele sempre procurava tirar distância e eu dava uma “apertada” nele. Ele dava uma corridinha e eu “imprensava” ele, se não ele escapulia mesmo. Um sujeito desse, depois que escapa, para se achar é difícil prá chuchu, ninguém viu, ninguém vê... Com ele, a gente não podia facilitar. A idéia fixa dele era se mandar, sem destino, sair correndo à toa.
Bento d’Ávila
ÁVILA, Bento Manuel Moreira de. Entrevista concedida ao autor. RJ, 1979;