Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
CLÁUDIO AUGUSTO CAMARGO PINTO
CLÁUDIO AUGUSTO CAMARGO PINTO
Caro Luiz Antonio,
Conforme prometido, seguem informações, apesar de incompletas, do que me lembro a respeito da ligação de meu pai com o grande Nazareth.
Saiba que meu pai nasceu em 7 de julho de 1896, filho de Inácio Pinto da Silva e Emília Pinto e Silva, vindo a casar-se com Therezinha Arruda Camargo em 7 de julho de 1928 e eu, filho único, vim a nascer em 29 de agosto de 1935, portanto quando ele já contava quase 40 anos de idade. Isto naturalmente dificultou poder conhecer mais o passado, pois quando me vi adulto aqueles fatos iam distantes. No entanto, lembro-me da história do piano e meu pai contava das reuniões em sua casa à Rua Santo Amaro, no centro da cidade, onde Nazareth executava suas obras e quando queriam dançar ele dizia que suas composições não eram para isso. Quanto à lista para aquisição do piano, fazia parte do espírito de Armando que sempre teve inclinações para socorrer os que necessitavam.
Therezinha Arruda Camargo, filha de Idalina Arruda Camargo e de um alemão, Alberto Wilsing, vindo da cidade de Colônia, na Alemanha, para aventurar no Brasil. Quando Therezinha contava 11 anos, Idalina adquiriu uma séria catarata e Alberto enviou as duas para a Alemanha em tratamento sob cuidado de seus familiares. Veio a guerra, elas ficam impossibilitadas de retornar por serem brasileiras. Nesse período, morre Alberto, no Brasil, sem deixar maiores vestígios. As duas retornam após a guerra e, em São Paulo, Idalina abre pensionato para moças, Therezinha torna-se professora na antiga Escola Alemã, mantendo-se assim até que Armando, desejando aprender alemão, conhece a professora e com ela casa-se. Sempre advogando, vem a falecer em 23 de julho de 1961.
Fato que ficou gravado é que meu pai tocando - de ouvido - fazia-o sempre que chegava do trabalho. Era o seu “relax”. Porém, toda passagem de ano, à meia noite, a primeira peça era o Hino Nacional, o que demonstrava seu espírito patriótico.
Quanto ao Javert, certamente não conseguiu alcançar o centenário. Nasceu em 28 de abril de 1907 e faleceu em 11 de agosto de 2001.
Fico muito feliz em poder relatar estes fatos, desejando ao amigo possa de certa forma enriquecer as informações, que se não sobre o próprio Nazareth, pelo menos de quem o admirou.
Sucesso em seu trabalho, permanecemos no aguardo do lançamento do livro.
Sem mais, envio abraços do
Cláudio Augusto
CAMARGO PINTO, Cláudio Augusto. Carta enviada ao autor. São Paulo, 24 de outubro de 2001;