Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
ADIEU (1898)
ADIEU (1898)
Quanto ao romance sem palavras Adieu (Ch. nº 4.111), dedicado ao amigo Virgílio Silvares e primeiramente editado por E. Bevilacqua & Cia., podemos perceber o interesse do autor em alcançar planos mais altos, sendo o resultado plenamente satisfatório. Todavia, reconhecemos a existência de certa má vontade, por parte de alguns pesquisadores, em relação às composições “clássicas” do nosso pianista.
Os romances, as polonaises, os noturnos, assim como um “andante expressivo”, que deixou inacabado, são peças de circunstâncias, de valor secundário, sem maior significação dentro do padrão geral que imprimiu à sua obra. Esse repertório é irrelevante e não apresenta, em absoluto, a obra do mestre. O fato de Ernesto Nazareth deixar inédito o seu reduzido repertório de “concerto”, já constitui indício claro de que ele próprio jamais teve a veleidade ou a preocupação de se aventurar à exploração de formas mais livres e mais complexas de composição. Músico esclarecido, Nazareth deixou-se guiar pelo princípio salutar de que é preferível ser um bom músico popular do que um medíocre músico erudito.
Mozart de Araújo
REVISTA BRASILEIRA DE CULTURA. Ernesto Nazareth. (José) Mozart de Araújo. Ano IV - nº 12. Rio de Janeiro, abril / junho de 1972;
Primeiramente, quanto às “polonaises” e “noturnos”, o pianista só compôs uma peça de cada; já em relação ao “andante expressivo”, encontramos seu manuscrito completo na Coleção Eulina de Nazareth.
Ernesto tinha muita simpatia por essas obras, classificando-as como “peças de estylo” e inserindo-as sistematicamente em seus recitais. Daí, afirmo que não existia problema nenhum com esse repertório, sendo o motivo de sua não publicação, simplesmente, a falta de mercado!... Quem, principalmente no século que se aproximava, o século XX, se interessaria em editar uma Poloneza ou Capricho, ainda mais de autor brasileiro?... Mesmo assim, nosso músico chegou a ver impressos uma mazurca, Mercedes, e um estudo de concerto, Improviso, dedicado a Villa-Lobos.
COLEÇÃO EULINA DE NAZARETH - Divisão de Música e Arquivo Sonoro (DIMAS) / Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro;